Concurso manipulado e docentes no desemprego

No MEC optaram pela fuga

O mi­nistro Nuno Crato de­clarou dis­po­ni­bi­li­dade para ouvir os pro­fes­sores, mas os res­pon­sá­veis do Mi­nis­tério não re­ce­beram os sin­di­catos da Fen­prof e aban­do­naram o edi­fício a alta ve­lo­ci­dade.

Para poupar di­nheiro vale tudo?

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Os pro­blemas na co­lo­cação de pro­fes­sores, com mais de 30 mil do­centes sem tra­balho, na fase na­ci­onal do con­curso, agra­varam-se na «se­gunda bolsa de re­cru­ta­mento», pos­suindo a Fe­de­ração Na­ci­onal dos Pro­fes­sores «do­cu­mentos que re­forçam ainda mais os in­dí­cios de ter ha­vido ma­ni­pu­lação de dados».

De­pois de ou­tras di­li­gên­cias e de terem ou­vido o mi­nistro dizer, dia 22, que o MEC es­tava dis­po­nível para es­cla­recer todas as dú­vidas, cerca de uma cen­tena de re­pre­sen­tantes sin­di­cais e pro­fes­sores com mo­tivos con­cretos de pro­testo con­cen­traram-se no dia se­guinte frente ao edi­fício da Ave­nida 5 de Ou­tubro, onde aguar­daram du­rante três horas a re­a­li­zação de uma reu­nião. Mas os res­pon­sá­veis que de­ve­riam con­cre­tizar a dis­po­ni­bi­li­dade de­cla­rada na vés­pera por Nuno Crato «aban­do­naram as ins­ta­la­ções, a alta ve­lo­ci­dade». Em ma­ni­fes­tação, os pro­fes­sores des­lo­caram-se então até ao Pa­lácio das La­ran­jeiras, onde fun­ci­onam os ga­bi­netes do mi­nistro.

A Fe­de­ração Na­ci­onal dos Pro­fes­sores afirma que nos dias 15 a 20 de Se­tembro, a apli­cação elec­tró­nica para lan­ça­mento dos ho­rá­rios a con­curso pelas es­colas man­teve blo­queada a opção «anual», for­çando a que todos os ho­rá­rios fossem pu­bli­cados como «tem­po­rá­rios». Aos jor­na­listas, o Se­cre­tário-geral da Fen­prof ad­mitiu que tenha ha­vido in­tenção de poupar di­nheiro com a trans­for­mação de ho­rá­rios anuais em tem­po­rá­rios. Sem que as es­colas te­nham al­te­rado subs­tan­ci­al­mente as suas ne­ces­si­dades, houve agora apenas 14 por cento de ho­rá­rios anuais, quando no ano pas­sado tinha ha­vido 71 por cento, notou Mário No­gueira.

O MEC per­siste em não re­co­nhecer erros ou in­cor­rec­ções e a Fen­prof já for­ma­lizou uma queixa na Pro­cu­ra­doria-Geral da Re­pú­blica. En­viou ainda pe­didos de reu­nião e um dos­sier, com os do­cu­mentos que possui, à Pro­ve­doria de Jus­tiça e a três co­mis­sões par­la­men­tares.

Anun­ci­ando que es­tará pre­sente hoje, nas ga­le­rias da AR, du­rante o de­bate de ur­gência sobre Edu­cação, sus­ci­tado pelo PCP, a fe­de­ração de­clarou que «con­ti­nuará a exigir do MEC a re­po­sição da le­ga­li­dade e da jus­tiça, neste pro­cesso de co­lo­cação de pro­fes­sores que deixou de fora muitos do­centes que, se tudo ti­vesse de­cor­rido dentro da nor­ma­li­dade, te­riam sido co­lo­cados».

 

Ates­tados

 

A pro­pó­sito da des­ta­cada «no­tícia» do DN de se­gunda-feira, a Fen­prof co­mentou o tí­tulo «im­pres­si­o­nante» na pri­meira pá­gina («70 mil ates­tados mé­dicos a pro­fes­sores em 4 meses») que a lei­tura do ar­tigo re­vela re­ferir-se a cerca de quatro mil do­centes, dos quais apenas 11 ge­raram pro­cesso dis­ci­plinar, ou seja, «do total de si­tu­a­ções de do­ença, até hoje, 99,75% não me­re­ceram qual­quer dú­vida». A fe­de­ração «es­tranha» que só agora te­nham sido tor­nados pú­blicos nú­meros de­tec­tados no final de Ja­neiro e exige do MEC que sejam de­vi­da­mente ana­li­sadas todas as si­tu­a­ções que le­vantem sus­peita.



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