A GRANDE TAREFA DOS COMUNISTAS

«É pre­ciso um PCP mais forte para dar mais força à luta de massas»

O re­sul­tado ob­tido pela CDU nas elei­ções na Re­gião Au­tó­noma da Ma­deira, não obs­tante cor­res­ponder a uma sig­ni­fi­ca­tiva ex­pressão elei­toral, é um re­sul­tado ne­ga­tivo e que fica muito aquém quer da in­fluência so­cial do Par­tido na re­gião, quer da ex­ce­lente cam­panha elei­toral le­vada a cabo pelos ac­ti­vistas da CDU – que o Avante! saúda fra­ter­nal­mente.

Trata-se, por isso, de um re­sul­tado que, se é certo que torna mais di­fí­ceis as con­di­ções para en­frentar os efeitos da apli­cação do pacto de agressão, não é menos certo que evi­dencia de forma fla­grante a im­por­tância e a ne­ces­si­dade im­pe­riosa da luta de massas na res­posta à po­lí­tica dos go­vernos re­gi­onal e cen­tral – que, su­blinhe-se, é em ambos os casos a mesma po­lí­tica de di­reita, res­pon­sável pela si­tu­ação em que o País –

Uma po­lí­tica para a qual a única res­posta é a luta das massas tra­ba­lha­doras e po­pu­lares – uma luta que será tanto mais forte e eficaz quanto mais forte for o PCP.

E, como a vida nos tem mos­trado, se o re­forço do Par­tido é sempre uma questão maior para o co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista, ele é-o ainda mais em si­tu­a­ções como a que ac­tu­al­mente existe no nosso País, em que, após trinta e cinco anos de po­lí­tica de di­reita pra­ti­cada pelos mesmos de sempre – PS, PSD e CDS/​PP – esses mesmos de sempre abriram as fron­teiras do País à troika re­pre­sen­tante dos in­te­resses do grande ca­pital fi­nan­ceiro, ajo­e­lharam-se a seus pés e as­si­naram um pacto de sub­missão que cons­titui uma au­tên­tica de­cla­ração de guerra aos tra­ba­lha­dores, ao povo e ao País.

 

Em con­sequência disso, a ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores e as con­di­ções de vida do povo atingem ní­veis só com­pa­rá­veis aos exis­tentes no tempo do fas­cismo: são as pro­postas de al­te­ração das leis la­bo­rais que, a serem apro­vadas, atingem gra­ve­mente os di­reitos dos tra­ba­lha­dores e das suas or­ga­ni­za­ções de classe; são os au­mentos dos im­postos; é o roubo no sub­sídio de Natal a três mi­lhões de fa­mí­lias; é o de­sem­prego cres­cente; é a pre­ca­ri­e­dade ten­dendo a ge­ne­ra­lizar-se; é a des­truição de ser­viços pú­blicos fun­da­men­tais; é o au­mento dos preços dos bens es­sen­ciais; são as in­jus­tiças so­ciais a acen­tuar-se; é a po­breza a alas­trar e a atingir mi­lhões de por­tu­gueses, es­pa­lhando a mi­séria e a fome – ou seja, tudo cada vez pior para a imensa mai­oria dos por­tu­gueses. E, como os pró­prios go­ver­nantes dizem, «o pior está para vir», tanto mais que, como afirmou há dias o pri­meiro-mi­nistro, «o Or­ça­mento será o mais di­fícil de que há me­mória»…

E é, do outro lado desta re­a­li­dade brutal – e con­fir­mando a marca de classe da po­lí­tica de di­reita – o au­mento das grandes for­tunas, os lu­cros sempre a crescer dos grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros – ou seja, tudo cada vez me­lhor para a imensa mi­noria dos por­tu­gueses. Para os quais, os go­ver­nantes não o dizem mas nós sa­bemos, o me­lhor está para vir...

 

A esta si­tu­ação vêm os tra­ba­lha­dores e o povo res­pon­dendo com po­de­rosas lutas, numa re­sis­tência he­róica à po­lí­tica dos su­ces­sivos go­vernos PS/​PSD/​CDS – sempre os mesmos – e na exi­gência de uma po­lí­tica de sen­tido oposto.

Olhando para os úl­timos trinta e cinco anos, o tempo de vida desta po­lí­tica des­trui­dora, cons­ta­tamos que os tra­ba­lha­dores por­tu­gueses têm le­vado por di­ante um vas­tís­simo con­junto de im­por­tantes lutas que, apesar de não terem sido su­fi­ci­entes para der­rotar a po­lí­tica de di­reita, im­pe­diram-na de ir tão longe quanto os seus pro­ta­go­nistas de­se­javam – e con­fir­maram que a saída da grave si­tu­ação em que o País se en­contra só é pos­sível com uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, cuja im­ple­men­tação só é pos­sível através da in­ten­si­fi­cação da luta de massas.

As gran­di­osas ma­ni­fes­ta­ções do pas­sado dia 1, en­vol­vendo cerca de 200 mil tra­ba­lha­dores, im­por­tantes por si só, são-no ainda mais na me­dida em que cons­ti­tuem um ponto de pas­sagem para novas e mais sig­ni­fi­ca­tivas lutas e são um in­cen­tivo e um es­tí­mulo ao de­sen­vol­vi­mento de fu­turas ac­ções de massas.

Assim, como su­bli­nhou o Se­cre­tário-geral do PCP, «a se­mana de luta de 20 a 27 de Ou­tubro é um mo­mento para em cada em­presa e sector de ac­ti­vi­dade mo­bi­lizar os tra­ba­lha­dores em de­fesa dos seus em­pregos, dos seus sa­lá­rios e dos seus di­reitos, e contra o pacto de agressão».

 

Como é sa­bido, o PCP de­sem­penha um papel cru­cial no de­sen­vol­vi­mento, in­ten­si­fi­cação e alar­ga­mento da luta dos tra­ba­lha­dores. Daí a im­por­tância cru­cial do re­forço geral do Par­tido – re­forço or­gâ­nico, in­ter­ven­tivo e ide­o­ló­gico – de­sig­na­da­mente re­cru­tando mais e mais mi­li­tantes e dando par­ti­cular atenção às or­ga­ni­za­ções nas em­presas e lo­cais de tra­balho.

As me­didas apro­vadas nesse sen­tido pelo XVIII Con­gresso do Par­tido e que, de então para cá, a partir de uma dis­cussão apro­fun­dada e da ela­bo­ração, pelo Co­mité Cen­tral, de planos de tra­balho es­pe­cí­ficos, têm vindo a ser postas em prá­tica, deram um forte im­pulso nesse sen­tido.

To­davia muito há ainda a fazer e ao co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista co­loca-se a ta­refa im­pe­riosa de dar sequência à apli­cação co­lec­tiva das ori­en­ta­ções co­lec­ti­va­mente de­fi­nidas. E se fa­lamos da ne­ces­si­dade de de­sen­volver e in­ten­si­ficar a luta dos tra­ba­lha­dores, então o re­forço do Par­tido junto da classe ope­rária e dos res­tantes tra­ba­lha­dores apre­senta-se como pri­o­ri­dade das pri­o­ri­dades.

A ac­tual si­tu­ação po­lí­tica, eco­nó­mica e so­cial – gra­vís­sima e com mais do que certos agra­va­mentos no fu­turo ime­diato – co­loca ao PCP res­pon­sa­bi­li­dades e exi­gên­cias im­pe­ra­tivas, para res­ponder às quais ne­ces­si­tamos de um Par­tido cada vez mais forte e in­ter­ven­tivo. É essa a grande ta­refa dos co­mu­nistas na ac­tu­a­li­dade.