Datas
Eis uma nova data a reter no calendário: a partir deste 1 de Novembro as indemnizações por despedimento passam de 30 para 20 dias nos novos contratos, com um «tecto máximo» de 12 meses – ou seja, o trabalhador pode ter 30 anos de casa, que só recebe indemnização por 12.
Uma nova data a reter: o próximo dia 24 de Novembro dia em que se realizará uma greve geral contra esta política que assassina o País.
«Ajustamentos» I
Falando durante a apresentação dos resultados do BPI referentes ao terceiro trimestre, o «patrão» da casa, Fernando Ulrich, gabou-se de que o «ajustamento» dos salários no BPI é, desde 2007, superior aos que este Governo está a impor aos funcionários públicos. E disse-o nestes termos: «Nós começámos a fazer o ajustamento antes de haver troika. Se o ponto de partida foi o ano de 2007, até hoje a generalidade das pessoas que trabalham no BPI tiveram um ajustamento negativo (itálico nosso) nas suas remunerações muito superior ao da Função Pública».
Por que será que os detentores do poder capitalista se esforçam tanto por utilizar formulações, digamos, «elegantes» quando querem infligir novas flagelações aos trabalhadores que exploram? Por isso aqui temos o presidente do BPI a falar de «ajustamento negativo», quando está a anunciar, simplesmente, mais cortes nos salários.
Todavia, Ulrich teve entretanto a impudicícia (já que gosta tanto de expressões finas) de se gabar de ser tão campeão no corte dos salários aos seus trabalhadores, que nem os aplicados à Função Pública por este Governo cripto-fascista lhe chegam aos calcanhares.
«Ajustamentos» II
Mas Fernando Ulrich derramou mais sabedoria na mesma peroração. Por exemplo, gabou-se (de novo) sobre os «bons resultados» deste ajustamento negativo no BPI: segundo ele, foi na sequência do «ajustamento» que, este ano, o valor das «remunerações variáveis» (a distribuir por todos os trabalhadores e múltiplos dirigentes, tá bem de ver) será de 17,6 milhões de euros.
Quem o ouvisse pensaria, naturalmente, que tinha valido a pena os quatro anos (desde 2007) de ajustamento negativo: aqui estavam os tais 17,6 milhões de euros a distribuir fazendo disso prova.
Só que Fernando Ulrich se «esqueceu» de acrescentar a esta boa nova que estes 17,6 milhões de euros a distribuir no BPI estão muito abaixo dos 55,3 milhões de euros que foram distribuídos em 2007...
Tal como não disse que, desde 2008 e até Dezembro deste ano, o número de trabalhadores do BPI vai diminuir em 1092 postos de trabalho, excluindo trabalho temporário – uma redução que já tem em conta os 260 trabalhadores que o banco vai dispensar até ao final do ano, através de reformas antecipadas.
Em resumo: Fernando Ulrich e o seu BPI aplicam cortes abusivos aos salários dos seus trabalhadores há pelo menos quatro anos, diminuem brutalmente o dinheiro a distribuir anualmente por todos e exponenciam a carga de trabalho por cabeça ao despedirem mais de mil trabalhadores... e Fernando Ulrich ainda se atreve a vangloriar-se de tudo isto.
A degradação desta «democracia representativa» está em ritmo acelerado.