Vitória do Estado que quer ser reconhecido

UNESCO acolhe Palestina

A Or­ga­ni­zação das Na­ções Unidas para a Edu­cação, Ci­ência e Cul­tura (UNESCO), ad­mitiu, se­gunda-feira, a Pa­les­tina como membro de pleno di­reito da or­ga­ni­zação. EUA e Is­rael opu­seram-se man­tendo a po­lí­tica cri­mi­nosa contra os pa­les­ti­ni­anos, ao mesmo tempo que avançam na de­ses­ta­bi­li­zação de toda a re­gião.

«Foi uma vi­tória do di­reito, da jus­tiça e da li­ber­dade», disse a ANP

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Com 107 votos a favor, 52 abs­ten­ções (uma das quais de Por­tugal) e 14 votos contra, os es­tados-membro da UNESCO que se fi­zeram re­pre­sentar na As­sem­bleia da or­ga­ni­zação, re­a­li­zada em Paris, aco­lheram a Pa­les­tina como um dos seus. A ad­missão foi uma vi­tória di­plo­má­tica da Pa­les­tina, jus­ta­mente quando a Au­to­ri­dade Na­ci­onal Pa­les­ti­niana (ANP) aguarda res­posta do Con­selho de Se­gu­rança da ONU ao pe­dido de ad­missão como membro de pleno di­reito das Na­ções Unidas.

Para Mahmud Abbas, esta foi «uma vi­tória do di­reito, da jus­tiça e da li­ber­dade». O pre­si­dente da ANP ma­ni­festou-se ainda con­victo de que tal «sig­ni­fica um voto a favor do es­ta­be­le­ci­mento do Es­tado da Pa­les­tina».

No pólo oposto estão os EUA e Is­rael. Ambos vo­taram contra a en­trada da Pa­les­tina na UNESCO con­si­de­rando a de­cisão «per­ma­tura e con­tra­pro­du­cente», se­gundo um porta-voz do De­par­ta­mento de Es­tado, e uma «ma­nobra uni­la­teral» que «não vai trans­formar a Au­to­ri­dade Pa­les­ti­niana num ver­da­deiro Es­tado», disse em co­mu­ni­cado o Mi­nis­tério dos Ne­gó­cios Es­tran­geiros is­ra­e­lita.

A opo­sição de Washington e Te­la­vive não se ficou, no en­tanto, pelas pa­la­vras, já que os dois países re­ta­li­aram ime­di­a­ta­mente sus­pen­dendo as res­pec­tivas con­tri­bui­ções para a UNESCO.

Os norte-ame­ri­canos sus­tentam o corte do fi­nan­ci­a­mento numa lei, apro­vada em 1990, que per­mite fazê-lo para todas as or­ga­ni­za­ções da ONU que aceitem a Pa­les­tina como Es­tado-membro.

Só em 2011, os EUA de­ve­riam ter ca­na­li­zado para a UNESCO cerca de 50 mil mi­lhões de euros, isto é, 22 por cento do or­ça­mento total da or­ga­ni­zação.

 

Is­rael pros­segue crimes

 

Pa­ra­le­la­mente, Is­rael con­tinua a aplicar nos ter­ri­tó­rios ocu­pados uma po­lí­tica cri­mi­nosa de es­ma­ga­mento dos pa­les­ti­ni­anos. Sob o guarda-chuva yankee, pros­segue a eli­mi­nação fí­sica de ac­ti­vistas po­lí­ticos em ope­ra­ções que, mesmo quando re­ac­tivas ao lan­ça­mento de ro­quetes contra co­lo­natos si­o­nistas, se re­velam sempre al­ta­mente des­pro­por­ci­o­nadas e opor­tu­nistas.

De­pois de uma trégua ini­ciada em Agosto, os bom­bar­de­a­mento aé­reos de Is­rael contra a Faixa de Gaza vol­taram a matar, du­rante o fim-de-se­mana, 12 pa­les­ti­ni­anos, dei­xando um nú­mero in­de­ter­mi­nado de fe­ridos.

Si­mul­ta­ne­a­mente, na sexta-feira, forças mi­li­tares is­ra­e­litas dis­per­saram, com re­curso a fogo real e a gra­nadas de gás la­cri­mo­géneo, pro­testos em vá­rias lo­ca­li­dades da Cis­jor­dânia, afirma o diário is­ra­e­lita Ha­a­retz.

Também nos ter­ri­tó­rios ocu­pados, Is­rael leva por di­ante a ex­pulsão de mi­lhares de be­duinos pa­les­ti­ni­anos. De acordo com in­for­ma­ções re­co­lhidas pela jor­na­lista Jil­lian Kes­tler-D'A­mours para a In­ter­Press, nos pró­ximos três a seis anos o go­verno si­o­nista pre­tende trans­ferir da re­gião si­tuada entre Je­ru­salém Leste e Je­ricó cerca de 27 mil pa­les­ti­ni­anos que ali se en­con­tram re­fu­gi­ados.

Os be­duínos acusam Is­rael de vi­olar a le­gis­lação in­ter­na­ci­onal sobre a ma­téria e, tal como em oca­siões an­te­ri­ores, des­locar os nó­madas para áreas sem as mí­nimas con­di­ções de so­bre­vi­vência e onde o modo de vida da­quelas co­mu­ni­dades é im­pos­sível.

 

Irão na mira

 

In­te­grada na es­tra­tégia si­o­nista-im­pe­ri­a­lista para o Médio Ori­ente é a pressão sobre o Irão. A cam­panha de in­to­xi­cação pú­blica em torno da ale­gada ca­pa­ci­dade da nação persa de pro­duzir armas nu­cle­ares tem já al­guns anos.

Se­gundo a France Press, o pri­meiro-mi­nistro e o mi­nistro da De­fesa is­ra­e­litas, Ben­jamin Ne­tanyahu e Ehud Ba­rack, res­pec­ti­va­mente, são fa­vo­rá­veis a um ataque ime­diato às ins­ta­la­ções nu­cle­ares ira­ni­anas, as quais, acusam, es­condem um pro­grama mi­litar para pro­dução de duas bombas.

Os ira­ni­anos têm des­men­tido re­pe­ti­da­mente esta versão, e a AFP afirma mesmo que só as re­servas do Es­tado-Maior e dos ser­viços se­cretos, de in­for­mação mi­litar e de se­gu­rança in­terna is­ra­e­litas têm im­pe­dido o ataque.

Re­cen­te­mente, numa con­fe­rência sobre de­fesa re­a­li­zada em Lisboa, o ge­neral is­ra­e­lita Amos Gilad de­fendeu «a frente ira­niana» como «pri­o­ri­tária», e re­petiu que o Irão «já tem ca­pa­ci­dade para pro­duzir duas bombas [nu­cle­ares]».

Gilad, que pa­ra­do­xal­mente, ou não, é o res­pon­sável mi­litar is­ra­e­lita que li­dera as ne­go­ci­a­ções com os pa­les­ti­ni­anos, acusou também o Irão de for­necer às fac­ções pa­les­ti­ni­anas de­zenas de mi­lhares de ro­quetes usados em ata­ques contra o ter­ri­tório de Is­rael.

O cerco aperta-se ao Irão, e ainda na se­mana pas­sada a se­cre­tária de Es­tado dos Es­tados Unidos, Hil­lary Clinton, anun­ciou a aber­tura, até ao final do ano, de uma em­bai­xada vir­tual em Te­erão.

A re­pre­sen­tação di­plo­má­tica ci­ber­né­tica não está con­forme o di­reito in­ter­na­ci­onal, mas os norte-ame­ri­canos de­fendem ser ne­ces­sário «ter uma re­lação di­fe­rente» com «o povo ira­niano» que, adi­antou, tem «muitas dú­vidas» a que Washington pre­tende res­ponder.

 

De­zenas de mi­lhares pro­testam em Is­rael

 

Im­pos­sível de con­tornar por Is­rael é a ele­vação da con­tes­tação po­pular à po­lí­tica im­posta pelos su­ces­sivos go­vernos nas úl­timas dé­cadas. Ainda no pas­sado fim-de-se­mana, de­zenas de mi­lhares de is­ra­e­litas vol­taram às ruas con­tes­tando a pro­posta de Or­ça­mento do Es­tado para 2012, o qual, de­nun­ciam, não res­ponde às rei­vin­di­ca­ções de jus­tiça so­cial, com­bate ao de­sem­prego e às de­si­gual­dades.

Os ma­ni­fes­tantes exigem igual­mente o es­ta­be­le­ci­mento de pro­gramas de ha­bi­tação a preços po­pu­lares e de edu­cação pú­blica, e uma po­lí­tica de paz para com os pa­les­ti­ni­anos.



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