A situação dos trabalhadores e das populações do distrito de Viseu não pára de se agravar à medida que avança a aplicação do pacto de agressão, denuncia a Direcção da Organização Regional do PCP.
Na sua última reunião, realizada no dia 30, a DORV do PCP constatou os «preocupantes sinais» que apontam para o aumento do desemprego e da precariedade, acompanhados da degradação das condições de trabalho e dos salários em diversas empresas: a Integal, em Carregal do Sal, e a Santos e Santos, em Mangualde, encerraram lançando no desemprego mais de cem trabalhadores; centenas de operários da Martifer e dezenas de enfermeiros não viram renovados os seus contratos, assim como muitos trabalhadores privados das cantinas escolares; a Brose, em Tondela, entrou em lay-off e a Subvidouro, em Armamar, declarou a insolvência. Centenas de professores contratados não obtiveram colocação.
Os comunistas denunciam ainda o que se passa Citröen onde, ao mesmo tempo que se verificou uma «redução drástica nos salários e o agravamento das condições de trabalho» aumentou o recurso à «bolsa de horas». Assim se compreende melhor o aumento de lucros verificado na PSA/Mangualde, realçam.
Chamando a atenção para as «situações dramáticas de trabalhadores despedidos que não auferem já qualquer rendimento», o PCP realça que para muitos o último recurso é, como nos idos anos sessenta do século passado, «partir de saco às costas a procurar trabalho na emigração».
O PCP realça ainda a difícil situação da agricultura no distrito, fruto da aceitação de políticas comunitárias que «não protegem a agricultura familiar, não garantem o escoamento dos produtos, aumentam o preço dos factores de produção (combustíveis, energia, rações, adubos, etc) e deixam que o mercado nacional seja invadido por produtos estrangeiros sem controlo de qualidade». Particularmente grave, garante a DORV, é a situação dos vitivinicultores do Douro que viram o IVDP/Governo reduzir-lhes 28 mil pipas de vinho de benefício, «lançando na ruína milhares de produtores».
Os comunistas defendem, no imediato, a construção do Matadouro de Viseu e da auto-estrada Viseu-Coimbra; o aproveitamento «integral e multifacetado» das barragens do Lapão, de Lumiares e do Vilar; a criação da Universidade pública e o estabelecimento da ligação ferroviária Viseu-Linha da Beira Alta e Viseu-Aveiro.
Vila Real
A Direcção da Organização Regional de Vila Real do PCP, juntamente com o grupo parlamentar do Partido, promoveram, no dia 29, uma conferência de imprensa para analisar as consequências que a proposta de Orçamento do Estado apresentada pela maioria PSD/CDS terá naquela já depauperada região.
Os comunistas alertam para o alargamento das desigualdades regionais, com as «fortes restrições» previstas para o investimento público, inclusive em projectos já iniciados – como a subconcessão transmontana, a subconcessão Douro Interior ou o túnel do Marão – ou a liquidação definitiva das linhas ferroviárias do Corgo e do Tua.
O PCP chama ainda a atenção para os cortes previstos nas verbas para a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e para as reduções das dotações em inúmeras áreas sob a alçada do Ministério da Agricultura. Ao mesmo tempo, acusa, não se vêem respostas para os «sérios problemas» que a Região Demarcada do Douro enfrenta, ao nível da vitivinicultura, da Casa do Douro ou das Adegas Cooperativas.
Também o turismo regional será «muito afectado» pela subida do IVA no comércio e na restauração, ao mesmo tempo que as restrições no apoio ao transporte de doentes tocarão fundamentalmente os utentes destas regiões, concluem os comunistas.