Governo quer prolongar pacto de agressão

Mais um favor ao grande capital

O PCP reagiu anteontem, através de uma declaração de Ângelo Alves, da Comissão Política, às declarações do primeiro-ministro em torno de uma possível alteração do chamado «memorando de entendimento» assinado com o FMI e a UE.

Quando se trata de responder aos anseios populares o pacto é intocável

O dirigente comunista começou por reafirmar a frontal oposição do PCP ao «aprofundamento do pacto de agressão que PS, PSD e CDS assumiram com a União Europeia e o FMI, visando o prolongamento da sua vigência, a adopção de novas medidas contra o povo português e o reforço dos montantes a contratualizar, tendo como objectivo assegurar ainda maiores apoios à banca e aos grupos económicos».

A admissão pelo primeiro-ministro de um prolongamento do pacto de agressão apenas confirma, para o PCP, que a sua aplicação «não só não resolve nenhum dos problemas com que o País está confrontado como está a aprofundar o rumo de desastre económico e social». Por outro lado, o alargamento e prolongamento do pacto significaria um «agravamento do seu efeito devastador e uma ainda maior acentuação da guerra contra os direitos sociais e laborais, contra as conquistas inscritas na Constituição da República Portuguesa, contra a soberania nacional e o regime democrático».

Prosseguindo, Ângelo Alves afirmou que o reforço dos montantes a contratualizar «teria como principal objectivo o aumento da entrega à banca e aos grupos económicos de recursos públicos roubados aos trabalhadores e ao povo e teria, como contrapartida, o reforço do programa de privatizações, o aumento dos montantes dos juros e comissões pagas pelo empréstimo, o saque dos recursos nacionais, a intensificação da exploração de quem trabalha por via da redução de salários e o aumento do tempo de trabalho». Tal decisão significaria, no fundo, o prolongamento da sujeição do povo e do País a um «rumo de dependência e submissão de Portugal, de roubo do País, de favorecimento descarado e escandaloso ao grande capital nacional e estrangeiro».

O que a realidade impunha era, como o PCP há muito defende, uma «verdadeira renegociação da dívida portuguesa em função dos interesses do povo português, nos seus montantes, prazos e juros, e a rejeição do pacto de agressão, afirmou o membro da Comissão Política. Mas aquilo que o primeiro-ministro propõe é, acusou, a «insistência no caminho que está a empurrar o País para o abismo e a infernizar a vida dos portugueses». Ou seja, destaca o PCP, «quando se trata de ir de encontro às exigências e interesses do grande capital, tudo o que figura no pacto de agressão é alterável; já quando se trata de dar resposta às reivindicações e anseios dos trabalhadores e do povo sujeitos ao violento saque dos rendimentos do seu trabalho, é intocável».

Pronunciando-se uma vez mais contra este rumo, o PCP apelou aos portugueses para que desenvolvam a sua luta, «nomeadamente fazendo da greve geral do próximo dia 24 de Novembro uma poderosa jornada de defesa dos interesses do povo e do País, e de afirmação de um caminho alternativo e soberano de desenvolvimento económico e social».



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