Utentes descontentes com a política do Governo

Jornada de luta em todo o País

Largas cen­tenas de pes­soas res­pon­deram ao apelo do Mo­vi­mento de Utentes dos Ser­viços Pú­blicos (MUSP) e par­ti­ci­param, nos dias 10 e 11 de No­vembro, numa jor­nada de luta contra as po­lí­ticas do Go­verno e a sua pro­posta de Or­ça­mento do Es­tado para 2012.

Cres­centes di­fi­cul­dades para as po­pu­la­ções

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«O Go­verno, para além das graves me­didas que vem apli­cando para a área dos ser­viços pú­blicos, apre­sentou em sede da As­sem­bleia da Re­pú­blica (AR) a pro­posta de Or­ça­mento do Es­tado (OE) para 2012, que, também ela, con­si­dera um vasto con­junto de pro­postas al­ta­mente le­sivas para os in­te­resses e di­reitos dos utentes, tra­ba­lha­dores e po­pu­la­ções», acusa o MUSP, que se man­teve na quinta e na sexta-feira à porta da AR, em Lisboa, aquando da dis­cussão da pro­posta do OE.

Nos mesmos dias, em San­tiago do Cacém, para além da co­lo­cação de faixas ne­gras, foi dis­tri­buído um co­mu­ni­cado à po­pu­lação sobre o es­tado da Saúde no con­celho. «As­sis­timos a um cons­tante de­sin­ves­ti­mento do Go­verno na área da Saúde e a uma cres­cente di­fi­cul­dade das po­pu­la­ções em aceder à pres­tação de cui­dados mé­dicos e a ser­viços de Saúde de pro­xi­mi­dade», lê-se no do­cu­mento, onde se exige o fim dos en­cer­ra­mentos das ex­ten­sões de Saúde e a re­a­ber­tura, ime­diata, das ex­ten­sões en­tre­tanto en­cer­radas (São Bar­to­lomeu da Serra, Deixa-o-Resto e São Fran­cisco da Serra).

A agravar a si­tu­ação, de­nun­ciam os utentes, «não está pre­visto um sis­tema de trans­porte pú­blico ade­quado, que tenha em conta as dis­tân­cias a que se en­contra a ci­dade de San­tiago do Cacém, as idades avan­çadas e as frá­geis si­tu­a­ções so­ci­o­e­co­nó­micas em que a maior parte dos utentes destas ex­ten­sões se en­contra».

No do­cu­mento exige-se ainda a aber­tura da Ma­ter­ni­dade, a aber­tura do Ser­viço de In­ter­na­mento de Pe­di­a­tria e a me­lhoria das con­di­ções de aten­di­mento do Ser­viço de Ur­gência do Hos­pital do Li­toral Alen­te­jano. De igual forma, re­clama-se mé­dicos de fa­mília para os mais de 7500 utentes que não o pos­suem.

 

De­gra­dação dos ser­viços pú­blicos

 

Também em Beja, onde o Go­verno mandou en­cerrar mais de 30 ex­ten­sões de Saúde, se luta contra a po­lí­tica de di­reita, com o MUSP a lem­brar que a «fra­gi­li­zação do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde, uma das grandes con­quistas do Por­tugal de Abril, e o ataque ao di­reito de acesso de todos os ci­da­dãos à Saúde, con­sa­grado na Cons­ti­tuição da Re­pú­blica, são as li­nhas mes­tras da po­lí­tica de Saúde deste e de an­te­ri­ores go­vernos». Também neste dis­trito se as­sistiu à «di­mi­nuição do ho­rário de aber­tura dos cen­tros de Saúde», à «li­qui­dação do que resta das va­lên­cias em es­tru­turas como o Hos­pital de Serpa», ao «en­cer­ra­mento dos Ser­viços de Aten­di­mento Com­ple­mentar du­rante os dias da se­mana no Centro de Saúde de Fer­reira do Alen­tejo», e à «con­ti­nuada ca­rência de mé­dicos, en­fer­meiros e outro pes­soal».

Na sexta-feira, a Co­missão de Utentes dos Trans­portes Pú­blicos de Odi­velas, pre­o­cu­pada e des­con­tente com o anúncio do Go­verno re­la­ti­va­mente à re­dução do ho­rário do Metro, na Linha Ama­rela, entre o Campo Grande e Odi­velas, e na Linha Azul, entre o Co­légio Mi­litar e a Ama­dora, para as 21.30 horas, re­a­lizou uma acção junto à Es­tação do Se­nhor Rou­bado. Para os utentes, esta me­dida, acres­cida da re­dução do per­curso das car­reiras 36 e 726, e da re­ti­rada dos au­to­carros 205 e 206 da rede da ma­dru­gada, e 724 do ser­viço noc­turno, «seria de­sas­troso para a mo­bi­li­dade dos odi­ve­lenses».

Em Aveiro, no sá­bado, cerca de 250 pes­soas exi­giram maior qua­li­dade nos ser­viços pú­blicos e um ser­viço de ur­gência de Saúde para o con­celho.

An­te­ontem, em Évora, na Praça do Gi­raldo, re­a­lizou-se uma con­cen­tração de utentes em de­fesa do Poder Local. Este pro­testo –Mon­temor-o-Novo, Vendas Novas, Ar­rai­olos e Mora.

Hoje, às 18 horas, está pre­vista uma acção de pro­testo, no Mi­nis­tério dos Trans­portes, em Lisboa, em de­fesa do trans­porte pú­blico, contra o corte das car­reiras da Carris, o en­cer­ra­mento do Metro, o au­mento dos preços e em de­fesa do passe so­cial.

Num apelo à par­ti­ci­pação na greve geral de 24 de No­vembro, a Co­missão dos Utentes dos Trans­portes pú­blicos de Se­túbal, a Co­missão dos Utentes do Hos­pital de São Ber­nardo e a Co­missão dos Utentes de Saúde do Sado, vão pro­mover, no sá­bado, às 10.30 horas, na Es­tação da Praça do Brasil, um cordão hu­mano.

 

 De­fender a Saúde à porta da ARS

 

Na quinta-feira, as Co­mis­sões de Utentes da Saúde da Ci­dade de Lisboa ma­ni­fes­taram-se junto à Ad­mi­nis­tração Re­gi­onal da Saúde contra o novo fun­ci­o­na­mento dos cen­tros de Saúde, que pas­saram a en­cerrar duas horas mais cedo no Lu­miar, Sete Rios e Al­va­lade. O Centro de Saúde de Al­va­lade passou a en­cerrar aos sá­bados de manhã, e o de Sete Rios, que abrange um nú­mero muito sig­ni­fi­ca­tivo de utentes da ci­dade de Lisboa, en­cerra à tarde nos sá­bados, do­mingos e fe­ri­ados. No pro­testo, os utentes aler­taram ainda para a falta de mé­dicos de fa­mília (um mi­lhão só em Lisboa) e de en­fer­meiros, e cri­ti­caram o en­cer­ra­mento pre­visto de novas ex­ten­sões de Saúde. O au­mento do preço dos me­di­ca­mentos e a re­dução nas com­par­ti­ci­pa­ções são outra das pre­o­cu­pa­ções dos utentes, a que se somam os cortes nas com­par­ti­ci­pa­ções na pí­lula con­tra­cep­tiva e nas três va­cinas que in­te­gram o plano na­ci­onal de va­ci­nação (cancro do colo do útero, he­pa­tite B, he­mo­fi­lias tipo B, que pro­voca a me­nin­gite e pneu­monia).

 

Po­lí­tica ina­cei­tável

 

Numa men­sagem à Con­fe­de­ração Na­ci­onal dos Or­ga­nismos de De­fi­ci­entes (CNOD), Luís Ma­chado, pre­si­dente da As­so­ci­ação Na­ci­onal dos Si­nis­trados no Tra­balho, qua­li­ficou de «in­to­le­rável» e de «ina­cei­tável» aquilo que o Go­verno PSD/​CDS, com a co­ni­vência do PS, está a fazer aos por­tu­gueses, em es­pe­cial às pes­soas com de­fi­ci­ência e às suas fa­mí­lias.

«Com a po­lí­tica de sub­missão aos ga­nan­ci­osos po­deres eco­nó­micos na­ci­o­nais e in­ter­na­ci­o­nais, o que agora se põe em causa é a nossa pró­pria dig­ni­dade en­quanto pes­soas. O que hoje está ver­da­dei­ra­mente em causa, com as me­didas anun­ci­adas pelo pri­meiro-mi­nistro e pelo mi­nistro das Fi­nanças, é a nossa pró­pria li­ber­dade e a de­ca­dência do nosso País», cri­tica o pre­si­dente da CNOD, fri­sando que «se não nos in­dig­narmos pe­rante este roubo, não se­remos dignos do res­peito dos nossos fi­lhos e da ge­ração que virá de­pois de nós».



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