VIVA A GREVE GERAL

«A greve geral terá a sua ex­pressão de rua com o des­file do Rossio para a As­sem­bleia da Re­pú­blica, às 15 horas»

 

Quando esta edição do Avante! chegar às mãos dos seus lei­tores, es­tarão a ser dados os úl­timos passos para a cons­trução da im­por­tante greve geral con­vo­cada pela CGTP-IN – uma greve geral que cer­ta­mente se tra­du­zirá num po­de­roso in­cen­tivo e num de­ci­sivo es­tí­mulo ao de­sen­vol­vi­mento, in­ten­si­fi­cação e alar­ga­mento das lutas no fu­turo ime­diato e, muito pro­va­vel­mente, cons­ti­tuirá um mo­mento maior na his­tória da luta da classe ope­rária e dos tra­ba­lha­dores por­tu­gueses.

Na ver­dade, como su­blinha o ca­ma­rada Paulo Rai­mundo, da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral, em en­tre­vista pu­bli­cada nesta edição do Avante!, «a dú­vida hoje só pode estar em saber se vamos ter uma grande greve geral ou uma greve geral his­tó­rica pela sua di­mensão e par­ti­ci­pação».

Que esta vai ser uma grande greve geral, é um dado ad­qui­rido: com efeito, a com­pre­ensão das ra­zões, da ne­ces­si­dade e da jus­teza desta forma su­pe­rior de luta, alarga-se a cada vez mais tra­ba­lha­dores, cri­ando aquele am­bi­ente que anuncia as grandes ac­ções das massas tra­ba­lha­doras.

São vi­sí­veis os re­sul­tados do in­tenso tra­balho que tem vindo a ser de­sen­vol­vido pelos ac­ti­vistas do mo­vi­mento sin­dical uni­tário, es­cla­re­cendo e mo­bi­li­zando os tra­ba­lha­dores através de cen­tenas de ple­ná­rios re­a­li­zados nas em­presas e de ou­tras ini­ci­a­tivas vi­sando ga­nhar – e ga­nhando – as massas tra­ba­lha­doras para as­su­mirem a res­pon­sa­bi­li­dade pelo êxito da greve geral.

A estas ac­ções há que acres­centar, pela sua im­por­tância de­ter­mi­nante, a in­ter­venção em­pe­nhada do co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista, a con­firmar que o PCP não se li­mita a dar o seu apoio em pa­la­vras à greve geral e que os seus mi­li­tantes têm vindo a fazer da sua cons­trução uma ta­refa fun­da­mental e pri­o­ri­tária – e assim con­ti­nu­arão a fazer no tempo que resta daqui até dia 24 e no pró­prio dia da greve.

Porque é ne­ces­sário, é in­dis­pen­sável, pros­se­guir a cons­trução da greve geral até ao úl­timo mi­nuto, com a cons­ci­ência de que até ao úl­timo mi­nuto é pos­sível, su­pe­rando os obs­tá­culos e as di­fi­cul­dades exis­tentes, con­se­guir a par­ti­ci­pação de mais e mais tra­ba­lha­dores, de modo a fazer com que a greve geral do dia 24 venha a cons­ti­tuir um grande e sig­ni­fi­ca­tivo êxito – um êxito que terá a sua ex­pressão de rua com o des­file con­vo­cado para as 15 horas do dia 24, do Rossio para a As­sem­bleia da Re­pú­blica.


Como ha­bi­tu­al­mente, e desta vez de forma ainda mais acen­tuada, o grande pa­tro­nato, o seu Go­verno e os seus pro­pa­gan­distas de ser­viço tudo têm feito para im­pedir o êxito da greve geral, assim con­fir­mando que nada lhes mete mais medo do que a luta or­ga­ni­zada dos tra­ba­lha­dores, par­ti­cu­lar­mente quando esta as­sume uma ex­pressão su­pe­rior. Assim, su­cedem-se as ma­no­bras de di­versão, de chan­tagem, de ame­aças, de de­ma­gogia, de ten­ta­tivas de vi­o­lação do di­reito à greve e de atro­pelos à le­ga­li­dade de­mo­crá­tica. E é mais do que certo que essas ma­no­bras irão pros­se­guir e in­ten­si­ficar-se até, e du­rante, o dia 24 – o que co­loca aos tra­ba­lha­dores a ne­ces­si­dade de re­chaçar essa ope­ração, res­pon­dendo-lhe com a afir­mação da sua força or­ga­ni­zada, com a sua uni­dade, com a sua de­ter­mi­nação.

Ainda na linha de ata­ques à greve geral, re­giste-se a pos­tura do se­cre­tário-geral do PS, que numa reu­nião de sin­di­ca­listas do seu par­tido, de­sen­terrou o velho chavão di­vi­si­o­nista das «cor­reias de trans­missão», con­fir­mando a anun­ciada «abs­tenção» do seu par­tido. Uma «abs­tenção» que não sur­pre­ende e que, tal como a do Or­ça­mento do Es­tado não en­gana, antes evi­dencia de forma clara o total com­pro­me­ti­mento do PS com os in­te­resses do grande ca­pital e as suas res­pon­sa­bi­li­dades de­ci­sivas na po­lí­tica de di­reita que há mais de três dé­cadas vem fla­ge­lando im­pi­e­do­sa­mente os in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País – e que, com o pacto de agressão, as­si­nado pelas duas troikas com os aplausos do Pre­si­dente da Re­pú­blica, ameaça afundar ir­re­me­di­a­vel­mente Por­tugal.

E re­jeitar essa po­lí­tica e esse pacto é o ob­jec­tivo maior da greve geral – e é também o ob­jec­tivo de ou­tras im­por­tantes ac­ções de luta que têm vindo a ser le­vadas à prá­tica, um pouco por todo o País, por ini­ci­a­tiva das co­mis­sões de utentes, e de que são exem­plos, entre muitos ou­tros, as ac­ções em de­fesa dos ser­viços pú­blicos, em Évora e em Lisboa; a marcha lenta dos agri­cul­tores de Beja; o bu­zinão contra a in­tro­dução de por­ta­gens, no Porto, a con­cen­tração de agri­cul­tores, em Braga; as ac­ções contra a ex­tinção de fre­gue­sias no Porto e em Braga – lutas que vão con­ti­nuar, por estes e por ou­tros ob­jec­tivos, até que os seus pro­ta­go­nistas vejam re­sol­vidas as suas justas rei­vin­di­ca­ções.

 

Ao mesmo tempo que dá o seu con­tri­buto para a con­cre­ti­zação do vasto con­junto de lutas dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções, o PCP de­sen­volve uma ac­ti­vi­dade pró­pria, le­vando por di­ante as ini­ci­a­tivas mais di­versas – muitas delas con­tando com a par­ti­ci­pação do Se­cre­tário-geral do Par­tido, como o des­file re­a­li­zado na Baixa da Ba­nheira e o al­moço co­me­mo­ra­tivo do 90.º ani­ver­sário do PCP e do 94.º ani­ver­sário da Re­vo­lução de Ou­tubro, no Porto – desde ses­sões e de­bates sobre a si­tu­ação do País e a apre­sen­tação das pro­postas do PCP para su­perar essa si­tu­ação, até à jor­nada de de­núncia do roubo do 13.º mês. Sem es­quecer, na­tu­ral­mente, as ac­ções vi­sando o re­forço da Par­tido e onde avultam o re­cru­ta­mento de novos mi­li­tantes e o de­sen­vol­vi­mento da cam­panha de fundos do «dia de sa­lário».

Tudo isto con­du­zindo a um re­forço da in­fluência e do pres­tígio do Par­tido, sendo cada vez mais os por­tu­gueses e por­tu­guesas que, jus­ta­mente, vêem nele o mais des­ta­cado lu­tador pela de­fesa dos seus in­te­resses e di­reitos e nele de­po­sitam cres­cente con­fi­ança.