VIVA A GREVE GERAL!

«Da greve geral emerge, clara e inequí­voca, a cer­teza de que a luta vai con­ti­nuar, mais par­ti­ci­pada e mais forte»

Foi um mo­mento maior da luta da classe ope­rária e dos tra­ba­lha­dores por­tu­gueses.

E esse é um dado de enorme re­le­vância, quer pelo facto em si, quer pela forma como se de­sen­volveu todo o pro­cesso de cons­trução desta his­tó­rica jor­nada de luta, quer pelas pers­pec­tivas de luta que ela abre para o fu­turo ime­diato.

Tratou-se de uma greve geral cons­truída a pulso pelos tra­ba­lha­dores or­ga­ni­zados nas suas es­tru­turas de classe, su­pe­rando múl­ti­plos obs­tá­culos, ven­cendo a vaga de ame­aças de­sen­ca­deada pelo grande pa­tro­nato, pelo seu Go­verno e pelos seus pro­pa­gan­distas de ser­viço – e ven­cendo-a com uma vaga de co­ragem, de von­tade, de de­ter­mi­nação, de cons­ci­ência de classe, que cons­ti­tuem, cer­ta­mente, o dado mais sig­ni­fi­ca­tivo de todo este pro­cesso.

Tratou-se de uma greve geral cons­truída dia a dia, através de uma ampla acção de es­cla­re­ci­mento, de mo­bi­li­zação e de con­ven­ci­mento que en­volveu mi­lhares de ac­ti­vistas e di­ri­gentes sin­di­cais; uma acção que se pro­longou até ao úl­timo mi­nuto do dia 24, com a in­ter­venção dos pi­quetes de greve que se con­fir­maram fun­da­men­tais para as­se­gurar o êxito da jor­nada de luta – e ven­cendo todas as pro­vo­ca­ções.

Tratou-se de uma greve geral que as­sumiu no­tável ex­pressão de rua, com a re­a­li­zação de trinta e cinco ma­ni­fes­ta­ções e con­cen­tra­ções nou­tras tantas lo­ca­li­dades do País, en­vol­vendo muitos mi­lhares de tra­ba­lha­dores – con­cen­tra­ções e ma­ni­fes­ta­ções nas quais era vi­sível a ale­gria e a sa­tis­fação pelo êxito al­can­çado e a cer­teza de que a luta con­tinua.

Tratou-se de uma greve geral cons­truída com êxito no­tável num quadro po­lí­tico mar­cado pela re­pressão, pelas ame­aças, pelas chan­ta­gens – e igual­mente pelas di­fi­cul­dades fi­nan­ceiras dos tra­ba­lha­dores, para os quais o valor de um dia de tra­balho conta, e de que ma­neira, nos seus or­ça­mentos fa­mi­li­ares.

Tratou-se, por tudo isto, de uma greve geral só pos­sível de cons­truir por uma cen­tral sin­dical como a CGTP-IN – uma cen­tral sin­dical de classe, de massas, uni­tária, de­mo­crá­tica e in­de­pen­dente.

Da greve geral emerge, clara e inequí­voca, a cer­teza de que a luta vai con­ti­nuar – e que vai con­ti­nuar mais par­ti­ci­pada, por isso mais forte.

Prova-o, de­sig­na­da­mente, o facto de a esta jor­nada de luta terem ade­rido, pela pri­meira vez, mi­lhares e mi­lhares de tra­ba­lha­dores, jo­vens na sua imensa mai­oria – e, também na mai­oria dos casos, en­fren­tando com as­si­na­lável co­ragem a sua con­dição de tra­ba­lha­dores com vín­culo pre­cário e as con­sequên­cias daí de­cor­rentes.

 

Os ha­bi­tuais co­men­ta­dores e ana­listas de ser­viço tra­taram esta jor­nada de luta como só eles sabem, me­no­ri­zando-a, des­va­lo­ri­zando-a e di­mi­nuindo-a de tal forma que, ou­vindo-os ou lendo-os, dir-se-ia que a greve geral não existiu...

Com efeito, nada os in­co­moda mais do que a luta or­ga­ni­zada dos tra­ba­lha­dores – e quando essa luta as­sume a ex­pressão que as­sumiu no dia 24, então, aí, eles perdem to­tal­mente a com­pos­tura e des­nudam-se, exi­bindo-se tal como o grande ca­pital os trouxe ao mundo...

É um facto in­con­tes­tável que o êxito al­can­çado pelos tra­ba­lha­dores não cabe nos es­quemas de aná­lise desses co­men­ta­dores. Para eles, a si­tu­ação ideal seria que as massas tra­ba­lha­dores se­guissem à risca as suas aná­lises... ou seja, que de­sis­tissem de lutar.

Não con­se­guindo esse ob­jec­tivo, resta-lhes a uti­li­zação do es­paço e do tempo que os ór­gãos de co­mu­ni­cação do grande ca­pital lhes pagam para pre­en­cher.

Per­cebe-se esta ofen­siva desses co­men­ta­dores: na ver­dade, esta greve geral de 24 de No­vembro cons­ti­tuiu a mais po­de­rosa acção de sempre de com­bate à po­lí­tica de di­reita das troikas – uma po­lí­tica ao ser­viço ex­clu­sivo dos in­te­resses dos grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros na­ci­o­nais e in­ter­na­ci­o­nais – e de exi­gência de uma nova po­lí­tica, pa­trió­tica e de es­querda, ao ser­viço dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País, uma po­lí­tica al­ter­na­tiva que com uma al­ter­na­tiva po­lí­tica inicie a re­so­lução dos muitos e graves pro­blemas que afectam a imensa mai­oria dos por­tu­gueses.

E essa exi­gência será tanto mais ra­pi­da­mente con­se­guida quanto mais par­ti­ci­pada, mais ampla, mais forte for a luta das massas tra­ba­lha­doras e po­pu­lares.

Nesse sen­tido, re­vestem-se de es­pe­cial im­por­tância as lutas já mar­cadas e em pers­pec­tiva, a co­meçar pela con­cen­tração con­vo­cada pela CGTP-IN para hoje, junto à As­sem­bleia da Re­pú­blica.

 

Importa su­bli­nhar o papel de­ter­mi­nante de­sem­pe­nhado em todo o pro­cesso de cons­trução e con­cre­ti­zação da greve geral pelo co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista.

Não apenas os mi­li­tantes co­mu­nistas ac­ti­vistas e di­ri­gentes sin­di­cais e mem­bros de co­mis­sões de tra­ba­lha­dores, mas também os ca­ma­radas or­ga­ni­zados nos lo­cais de re­si­dência – todos, de­sen­vol­veram uma acção no­tável no es­cla­re­ci­mento e na mo­bi­li­zação de tra­ba­lha­dores, na or­ga­ni­zação e acção dos pi­quetes de greve, na pre­pa­ração das ac­ções de rua do dia 24, enfim, em tudo o que tinha a ver com a greve geral e que viria a re­velar-se fun­da­mental para o for­mi­dável êxito que esta ob­teve.

E im­porta su­bli­nhar, ainda, que esta in­ter­venção de­ci­siva dos mi­li­tantes co­mu­nistas na cons­trução da greve geral foi com­ple­men­tada por in­tensa ac­ti­vi­dade par­ti­dária, com a re­a­li­zação de um di­ver­si­fi­cado e vasto con­junto de ini­ci­a­tivas, le­vadas a cabo de Norte a Sul do País, sempre com muito boa par­ti­ci­pação e sempre na­quele am­bi­ente de ca­ma­ra­dagem e ami­zade exis­tente sempre que os co­mu­nistas se en­con­tram, dis­cutem pro­blemas, con­vivem.

Su­blinhe-se, a ter­minar, que tudo isto só con­firma a im­por­tância de le­varmos por di­ante, em força, a acção vi­sando o re­forço do Par­tido – de­sig­na­da­mente no que res­peita ao re­cru­ta­mento de mais e mais mi­li­tantes.