Portagens

Foi notícia de primeira página que o Ministério do Ambiente (ou seja o Governo Passos) «pondera» introduzir portagens à entrada das principais cidades, com o objectivo de «combater as alterações climáticas». Como está muito preocupado com o Ambiente, o Ministério do dito também já fez saber que vai suspender as energias renováveis, os parques eólicos e as 10 barragens previstas, ou seja, tudo o que o Governo anterior decidira, em termos de «defesa ambiental».

Ora aí está. Nada como desmantelar tudo o que os predecessores decidiram numa determinada área, para «revitalizar» essa mesma área. A política de terra queimada também defende este sugestivo método: primeiro queima-se tudo, depois reconstrói-se qualquer coisa, com imenso esforço.

Mas alguém ficou logo de olho arregalado com a coisa: o vereador do Ambiente da gestão PS da câmara de Lisboa calculou, de imediato, que a cobrança dessa nova taxa iria render à volta dos 14 milhões de euros. Portanto, está perfeitamente sintonizado com este novo esbulho «ponderado» pelo Governo Passos.

Olhe-se agora para o caso: quando está em marcha a privatização dos meios de transporte públicos que servem a capital, o corte de carreiras e o aumento generalizado dos preços e, em termos de estacionamento, já quase todo ele é pago na cidade, aplicar uma taxa a quem entra pode ser tudo.

 

«Lutas»

 

Diz o Público em primeira página que «Estado luta há oito anos por 60 milhões do caso Amadora-Sintra», explicando em subtítulo que «em 2003, 26 ex-quadros da ARS foram acusados de lesarem o Estado» e o caso já passou por sete ministros da Saúde, sem que nada tenha sido julgado, quanto mais decidido judicialmente.

Onde está o espanto? Este é o «resultado múltiplo» das famosas «parcerias público-privadas» na Saúde, que José Sócrates apreciava extremadamente.

Por um lado, exibe o que valem (e fazem) os privados quando gerem hospitais à custa do Estado – produzem «buracos» de 60 milhões de euros.

Por outro, evidencia por onde «escorreram» muitos dos tantos milhões de défice que andam sempre a apontar à Saúde.

Finalmente, expõe a triste inoperância do sistema judicial perante casos destes – os que envolvem governos e grupos económicos.

Parece-nos que esta «luta do Estado» por um ressarcimento de 60 milhões de euros está viciado à partida.

 

Vagas

 

A região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) é a mais carenciada do País em médicos de família. Pois foi aqui, precisamente, que o actual Governo decidiu abrir este ano menos vagas do que no ano passado para formação em Medicina Geral e Familiar. Acrescente-se que a região de Lisboa e Vale do Tejo tem apenas 27% do total dos médicos de família, contra 40% da Região Norte (que os «nortistas ferrenhos» se consolem: pelo menos nesta questão dos médicos de família não estão a ser preteridos, em relação a Lisboa).

Mas quem se está a tramar é o País, em mais este ataque direccionado ao SNS.



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