Fechos

O grupo que está a «tra­ba­lhar na re­forma hos­pi­talar do País» (a mando do Go­verno, pois claro) propõe-se fe­char mais duas ou três ma­ter­ni­dades: «uma em Coimbra e uma ou duas na Beira In­te­rior», no dizer amiu­dado da coisa.

Des­co­nhece-se o que fará de­cidir a douta as­sem­bleia sobre a es­colha entre uma ou duas ma­ter­ni­dades a en­cerrar na Beira In­te­rior, se os partos re­a­li­zados, se os partos a haver.

Se for os partos re­a­li­zados, não se per­cebe a he­si­tação entre uma ou duas ma­ter­ni­dades a en­cerrar: os nú­meros con­cretos dos partos re­gis­tados ao longo do ano devem dizer, com cla­reza, se querem fe­char uma ou duas ma­ter­ni­dades.

Se for os partos a haver, então o caso é ainda mais grave, pois de­monstra que o ex­celso grupo a «tra­ba­lhar na re­forma hos­pi­talar» está, sim­ples­mente, a «atirar bolas para o pi­nhal» quando fala assim de «uma ou das ma­ter­ni­dades» a en­cerrar.

Quem, no­to­ri­a­mente, deve fe­char é este Go­verno da treta.

 

Crise I

 

A chan­celer alemã, An­gela Merkel, que fala cada vez mais como se fosse a dona da União Eu­ro­peia, de­bitou nova pé­rola. Se­gundo ela, a crise na zona euro «não se re­solve com so­lu­ções avulsas» (deve julgar que des­co­briu a pól­vora), vai «durar vá­rios anos» e «ul­tra­passá-la vai ser como correr uma ma­ra­tona».

É claro que isto tudo junto equi­vale a coisa ne­nhuma. Já o mesmo não se pode dizer das pre­ten­sões da se­nhora em «rever os tra­tados» da União Eu­ro­peia, onde se es­conde uma já in­dis­far­çável gula de for­ma­lizar o con­trolo efec­tivo da UE pela Ale­manha.

Cu­ri­o­sa­mente, nin­guém se tem de­tido a ana­lisar esta pre­tensão da se­nhora Merkel.

 

Crise II

 

Mas a se­nhora Merkel não se cansa de falar e, de ca­minho, foi avi­sando que a Ale­manha «nunca acei­tará or­dens do ex­te­rior» de­ter­mi­nadas por qual­quer re­visão dos tra­tados da União Eu­ro­peia. E para que não res­tassem dú­vidas da sua le­gi­ti­mi­dade em assim falar, re­cordou que a Cons­ti­tuição alemã também assim o de­ter­mi­nava.

To­davia, a se­nhora Merkel acha-se no di­reito, e com a au­to­ri­dade, de falar para toda a União Eu­ro­peia e a cada um dos 27 es­tados que a in­te­gram como se nela e neles man­dasse, qual su­se­rana do novo «im­pério».

Mais tarde ou mais cedo vai ter de per­ceber que as coisas não são bem assim...

 

Trans­fe­rên­cias

 

A Nestlé de­cidiu trans­ferir para Por­tugal a pro­dução da Nes­quik/​ce­reais e de em­ba­la­gens de um quilo de Cho­capic que es­tava, até agora, na fá­brica desta mul­ti­na­ci­onal suíça em Itan­court, França.

É boa no­tícia, no ime­diato, para Por­tugal, mas por quanto tempo? Ou seja, esta nova fá­brica da Nes­quik em Por­tugal saiu de França para pagar menos aos seus tra­ba­lha­dores, apro­vei­tando, de resto, a onda de des­re­gu­la­men­tação la­boral em curso no nosso País.

Resta saber quando le­van­tará de novo a «tenda» à pro­cura de mão-de-obra ainda mais ba­rata.

É a imagem, sem re­to­ques, do ca­pi­ta­lismo.



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