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A Confederação dos Serviços de Portugal (CSP), que junta vários sectores, desde os hipermecados até à informática, fez esta semana a sua apresentação formal e não foi modesta na ambição expressa: nem mais nem menos que a futura integração no Conselho de Concertação Social, a par do Governo, dos sindicatos e das organizações patronais do comércio e serviços, agricultura, turismo e indústria.

Consta que por trás desta espécie de «dissenção» entre as representações empresariais (não esquecer que os «serviços» já fazem parte da organização patronal de comércio e serviços) estará uma certa «insatisfação» dos senhores dos hipermercados por a confederação patronal respectiva (a tal do «comércio e serviços») não ter acorrido, com a diligência pretendida, a aplaudir ruidosamente a pretensão patronal do ramo em abrir os hiper durante todo e em todos os domingos.

Seja como for, está aqui (mais) um retrato da situação nacional actual: com toda a miséria que a «austeridade» está a espalhar desenfreadamente no País, o patronato prospera – tanto e de tal forma, que as suas organizações já se multiplicam...

 

Mudar

 

Sven Otto Littorin é economista e foi ministro sueco do Emprego num governo de centro-direita. Entrevistado pelo Público, disse coisas tão extraordinárias como esta: «Mudar a lei laboral não vai diminuir o desemprego. Poderá mudar a sua distribuição. Os empregadores dizem que tem de ser mais fácil despedir. Mas nós, no Governo [de centro-direita, não esquecer], dissemos que o que tem de ser mais fácil é contratar».

Para atestar as suas afirmações invocou o que se passou na Suécia, quando a partir de 2006 o desemprego começou a subir e a sua política, no ministério do Emprego, foi exactamente não mexer na legislação laboral e fomentar o emprego, o que fez relançar a economia.

O partido e o Governo de Passos Coelho também se reivindicam de centro-direita, mas do conceito nada têm, a não ser as palavras – e mesmo essas despidas de qualquer significado.

Basta ver a política de miséria, recessão e mais desemprego que estão a impor a mata-cavalos, começando por quererem mudar as leis laborais, a par da mudança em toda a outra legislação que consagre ou defenda direitos sociais no nosso País.

Este Governo/Passos é, simplesmente, a direita em todo o seu reaccionário furor.

 

Fechado

 

O Ministério das Finanças «fechou» esta semana o acordo para a venda do BPN ao BIC Portugal, uma «aliança bancária» entre o capitalista português Américo Amorim e a capitalista angolana Isabel dos Santos. A venda do BPN ficou por uns incríveis 40 milhões de euros, tanto (ou menos) que o expendido pelos clubes na compra do «passe» de um craque da bola.

No esqucimento ficaram pelo menos seis mil milhões de euros enterrados pelo erário público no «buraco» do BPN, ao «nacionalizar-lhe» os prejuízos.

Mas este escandaloso caso BPN não há-de ficar esquecido na história do País: figurará nela como uma das mais obscenas falcatruas nacionais cometidas por dois governos sucessivos, o de Sócrates e o de Passos Coelho.



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