A propósito dos dez anos de gestão PSD/CDS na Câmara do Porto, a CDU lamenta que, em pleno século XXI, milhares de portuenses continuem a viver em condições indignas, muitos dos quais em «ilhas», uma marca da cidade.
«Desde 2002, os principais problemas com os quais os portuenses são confrontados não só não foram resolvidos, como ainda se viram agravados», critica, em comunicado, a CDU, lamentando o facto de o Porto ser «uma cidade que perdeu a vitalidade», deparando-se «com um êxodo de habitantes sem precedentes» e um «progressivo envelhecimento da sua população, nomeadamente no centro histórico».
Paralelamente, cresce o número de encerramentos de empresas e do desemprego, sobretudo ao nível do comércio tradicional, a par do agravamento das carências no parque habitacional.
«Os portuenses, nestes dez anos, têm vindo a ser progressivamente expropriados da sua cidade, que está hoje mais pobre, mais desigual, com piores serviços públicos e menos democrática», referem os eleitos do PCP, repudiando a «alienação dos principais equipamentos e serviços municipais a privados», assim como a gestão «anti-social» da coligação PSD/CDS no município, de que são exemplo os «processos de aumentos ilegais, abruptos e brutais das rendas dos bairros sociais» e a «política de redução da oferta de habitação social municipal».
Estes últimos dez anos ficaram ainda marcados por uma gestão «antidemocrática», com a imposição de «um regulamento institucional sobre propaganda política que proíbe a colocação de informação nas principais zonas e artérias da cidade por parte das forças políticas e sociais», de «cláusulas censórias nos apoios municipais a produções de tipo artístico e cultural», a par do «desrespeito pelos direitos dos eleitos e partidos da oposição, das estruturas representativas dos trabalhadores e das forças vivas» do concelho.
O negócio das privatizações
No documento distribuído à comunicação social, a CDU desmascara ainda o «mito» do equilíbrio das contas do município e o «falso rigor orçamental», que resultou na aplicação de um verdadeiro plano de austeridade à cidade, com o «corte no investimento municipal e nos direitos e remunerações dos trabalhadores municipais» e com o «crescimento das despesas com a concessão de serviços a privados», nomeadamente com a privatização de 50 por cento da limpeza urbana, que custou mais de 4,3 milhões de euros do que o previsto aos cofres municipais.
«O Orçamento Municipal de 2012 tem inscrito o valor mais baixo da última década, tendo vindo progressivamente a reduzir-se o peso das despesas de capital face às do funcionamento, o que revela uma gestão orçamental ineficiente e uma não resposta aos problemas da cidade, ao mesmo tempo que os portuenses contribuem cada vez mais para o Orçamento Municipal», informam os comunistas.
Em paralelo, o Orçamento tem vindo a ser financiado também por receitas extraordinárias, resultantes, sobretudo, da venda de património e do negócio das privatizações.
Na última década, a maioria PSD/CDS foi ainda concordante com as piores decisões dos sucessivos governos com impacto no Porto, de que são exemplo as sucessivas reestruturações da STCP, a colocação de portagens nas SCUT, a paragem da expansão da rede do Metro, os cortes no Serviço Nacional de Saúde, o fecho de esquadras e postos da PSP e do fecho das estações dos CTT.
Mais parcómetros na cidade
Está a circular em www.ipetitions.com/petition/dizemosnaoamaisparcometros um abaixo-assinado contra a intenção da Câmara do Porto, no quadro da concretização da privatização da exploração dos parcómetros, de aumentar em 260 por cento o número de lugares de estacionamento pago na via pública, alargando esse sistema a várias zonas onde actualmente se pode estacionar sem custos. Esta medida, a concretizar-se, vai agravar a situação de moradores, de quem trabalha e se desloca para o Porto. Por outro lado, o comércio tradicional e muitas micro e pequenas empresas vão ser asfixiadas.