No cume da pirâmide moram os «illuminati» … ( 4 )

Jorge Messias

«Amamos e es­ti­mamos os re­li­gi­osos mas nós não o somos e ne­nhuma au­to­ri­dade no mundo – nem mesmo na Igreja – po­derá obrigar-nos a sê-lo... (P. Es­crivá de Ba­la­guer, ci­tado por Vit­torio Mes­sori in “Opus Dei”).

 

«O Opus Dei é acu­sado de ter como ob­jec­tivo fun­da­mental o con­trolo das es­feras do poder. Mas a sua in­fluência na so­ci­e­dade é muito di­fícil de di­men­si­onar, uma vez que os res­pon­sá­veis afirmam não dispor de es­ta­tís­ticas sobre a con­dição sócio-pro­fis­si­onal dos seus mem­bros para poder clas­si­ficá-los. Nas di­fe­rentes si­tu­a­ções reais que a Obra en­frenta, uti­liza-se uma ter­mi­no­logia cor­rente nou­tras ins­ti­tui­ções: pro­fes­sores, aca­dé­micos, fun­ci­o­ná­rios, etc...» (idem, idem, Vit­torio Mes­sori).

 

«Como o Es­tado nasceu da ne­ces­si­dade de re­frear an­ta­go­nismos de classes, re­sulta que ele é sempre o agente da classe mais po­de­rosa e eco­no­mi­ca­mente do­mi­nante a qual, como con­sequência da sua ri­queza, se trans­forma na classe po­li­ti­ca­mente do­mi­nante e ad­quire, assim, novos meios para oprimir e do­minar as classes do­mi­nadas» (F. En­gels, pre­fácio à “Crí­tica do Pro­grama de Gotha”).

 

Se a His­tória não se re­pete, não menos é certo que os dados de sis­temas his­tó­ricos tidos como des­truídos tendem a re­a­grupar-se. É assim que en­ten­demos os si­nais dos acon­te­ci­mentos que pre­ce­deram o pe­sa­delo nazi-fas­cista e vamos agora re­en­con­trar no ac­tual pa­no­rama po­lí­tico, eco­nó­mico e so­cial: o de­sastre fi­nan­ceiro, a su­bida ga­lo­pante dos preços, o Es­tado sa­que­ador, a pros­pe­ri­dade das grandes for­tunas, o de­sem­prego e a luta pelo do­mínio ca­pi­ta­lista de novos mer­cados; o de­sabar das po­lí­ticas, o re­torno da ideia de im­pe­ri­a­lismo como so­lução, a mul­ti­pli­cação dos con­flitos lo­cais, o im­pa­rável cres­ci­mento das in­dús­trias bé­licas e a pre­pa­ração de nova guerra a nível mun­dial; a der­ro­cada dos va­lores éticos oci­den­tais, a im­po­sição de uma Igreja cor­rupta mi­nada pelos es­cân­dalos, pelo ma­te­ri­a­lismo e pelos ne­gó­cios «sujos», as cho­rudas tra­paças que se es­condem por de­trás das ima­gens da Fi­lan­tropia e da Ca­ri­dade e… mui­tís­simo mais.

Assim, glo­ba­li­zação é re­pe­tição. Nada há de novo de­baixo do sol. Mas para os tec­no­cratas con­tinua a existir uma saída para a crise. E per­sistem na ideia de que o Es­tado ca­pi­ta­lista é de­mo­crá­tico. São cegos que con­duzem ou­tros cegos. Porque a glo­ba­li­zação vai po­la­rizar ao ex­tremo a luta de classes.

A hi­e­rar­quia da Igreja, como sempre, con­tinua de pedra e cal. Lucra com os grandes ne­gó­cios e sempre que ne­ces­sário lança na for­nalha os mitos que des­tilam o ópio do povo. Agora, por exemplo, de­corre uma in­triga ta­lhada à imagem dos sol­dados-ca­te­quistas de Loiola. Não in­sis­ti­remos nesse epi­sódio da luta pelo poder que opõe de vez em quando Ma­ço­naria e Opus Dei mas também não o ig­no­ra­remos. Porque, na ver­dade, nesta fase de pas­sagem ao im­pe­ri­a­lismo dos mo­no­pó­lios, as so­ci­e­dades se­cretas nas suas di­fe­rentes formas (grupos de pressão, lóbis, seitas, fun­da­ções, agência mi­li­tares e pa­ra­mi­li­tares…) trans­for­maram-se nas ver­da­deiras de­ten­toras do Poder. Nessa di­mensão global devem ser olhadas. Pode ilus­trar-se esta afir­mação com uma imagem ex­traída do xa­drez po­lí­tico por­tu­guês. A Igreja, à qual in­cumbe de­sin­formar o povo, pegou no dis­curso anti-ma­çó­nico e deu nova demão às es­ba­tidas tintas da di­a­bo­li­zação. Sob re­serva fi­caram por es­cla­recer duas dú­vidas an­tigas – que sig­ni­fica ao certo so­ci­e­dade se­creta e quantas so­ci­e­dades se­cretas fun­ci­onam em Por­tugal – a fim de que todos os males da cons­pi­ração ca­pi­ta­lista fossem atri­buídas à Ma­ço­naria.

Cho­veram men­tiras e fal­si­dades as­si­nadas por bispos e car­deais «si­tu­a­ci­o­nistas»: a Igreja apenas trata de as­suntos da fé e é alheia a este en­redo; os grupos de pressão do sector em­pre­sa­rial são meras en­ti­dades con­sul­tivas; a eco­nomia por­tu­guesa apenas obe­dece às «leis de mer­cado»; Por­tugal é uma de­mo­cracia cujas ins­ti­tui­ções re­pre­sen­ta­tivas res­peitam a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica; só um de­pu­tado é do OD, etc.

Lem­bremos ao epis­co­pado que em Por­tugal cons­piram li­vre­mente (como a Igreja bem sabe) agentes das mais di­fe­rentes so­ci­e­dades se­cretas, di­recta ou in­di­rec­ta­mente li­gadas ao Va­ti­cano: Opus Dei, Clube de Bil­der­berg, Tri­la­teral, Ro­sa­cruzes, Ca­veira e Ossos, Clube de Roma, Gre­en­peace, Fo­reign Council, Fun­dação Roc­ke­fellker, or­ga­ni­za­ções dos Tem­plá­rios e dos Je­suítas, etc., etc. São eles que fazem e des­fazem as leis.

Acima de todos, no topo da pi­râ­mide, moram os «il­lu­mi­nati»…

A se­guir, iremos tentar es­boçar o perfil destes «ilu­mi­nados».



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