Haiti

Povo com a vida adiada

Dois anos de­pois do sismo que de­vastou Port-au-Prince e toda a re­gião cir­cun­dante, a re­cons­trução no Haiti en­contra-se pra­ti­ca­mente pa­rada. Na ca­pital, per­ma­necem bairros in­teiros em es­com­bros e mesmo a ca­te­dral que, no dia 12, re­cebeu as ce­ri­mó­nias em me­mória das ví­timas, con­tinua por re­cons­truir.

De acordo com os cál­culos das Na­ções Unidas, efec­tu­ados logo após o sismo, o país ne­ces­si­taria de 12 mil mi­lhões de euros para se re­er­guer. 40 por cento desse valor de­veria ter che­gado nos pri­meiros dois anos, mas a ver­dade é que a pro­pa­ganda da cha­mada «co­mu­ni­dade in­ter­na­ci­onal» deu lugar ao es­que­ci­mento e as pro­messas de ajuda não foram cum­pridas.

Ainda se­gundo a ONU, mais de meio mi­lhão de pes­soas – um terço do total dos de­sa­lo­jados – con­ti­nuam a viver nos acam­pa­mentos de emer­gência. Cerca de 4,5 mi­lhões de­batem-se di­a­ri­a­mente com a es­cassez de ali­mentos e 60 por cento da po­pu­lação ac­tiva está de­sem­pre­gada.

A isto junta-se as infra-es­tru­turas de sa­ne­a­mento pú­blico co­lap­sadas, facto que avo­luma o risco de pro­pa­gação de uma nova epi­demia de có­lera. O vírus já terá co­brado a vida a sete mil pes­soas de­pois do ter­re­moto e in­fectou pelo menos meio mi­lhão.

Mas os pe­rigos no Haiti não se re­sumem às con­sequên­cias da ca­tás­trofe. Um anos após o abalo, o ex-di­tador Jean Claude Du­va­lier, co­nhe­cido como Baby Doc, re­gressou ao país, pondo fim a 25 anos de exílio em França.

As ví­timas e fa­mi­li­ares das ví­timas do seu re­gime (1971-1986) apre­sen­taram queixas, acu­sando Baby Doc de ser res­pon­sável pela morte e tor­tura de mi­lhares de pes­soas, cor­rupção, as­so­ci­ação cri­mi­nosa e apro­pri­ação de cen­tenas de mi­lhões de dó­lares do erário pú­blico.

Du­va­lier viola per­ma­nen­te­mente a ordem ju­di­cial de prisão do­mi­ci­liária para ir à praia, com­pa­recer em festas ou con­certos e or­ga­nizar lu­xu­osos con­ví­vios com amigos.



Mais artigos de: Internacional

Militares dos EUA ocupam Líbia

Doze mil sol­dados norte-ame­ri­canos che­garam à Líbia con­su­mando o do­mínio do país pelo im­pe­ri­a­lismo. A ocu­pação ocorre quando o ter­ri­tório está mer­gu­lhado em con­flitos entre fac­ções do CNT, e um grupo ar­mado su­pos­ta­mente leal ao an­tigo re­gime tomou de as­salto a ci­dade de Bani Waled.

Capital financeiro embolsa milhões

Os seis mai­ores bancos norte-ame­ri­canos re­gis­taram lu­cros de de­zenas de mi­lhares de mi­lhões de dó­lares em 2011, ce­nário que con­trasta com o alas­tra­mento da po­breza e das de­si­gual­dades no país.

Cuba repõe a verdade

Em resposta à campanha mediática desencadeada contra Cuba a propósito da morte do preso de delito comum Wilman Villar Mendonza, o Granma, órgão central do Partido Comunista de Cuba, lamentou o «aproveitamento sem escrúpulos» de um acontecimento que «só no...

Síria resiste à pressão

O governo sírio rejeitou a resolução da Liga Árabe (LA), aprovada no domingo, que insta o presidente Bashar al-Assad a transferir o poder para o vice-presidente dando-lhe poderes para liderar um governo provisório cujo objectivo seria organizar eleições no prazo de dois...