Américo Leal fez 90 anos

Tão jovem como o ideal que abraça

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Amé­rico Leal as­si­nalou o seu 90.º ani­ver­sário – cum­prido na sexta-feira, 20 – na com­pa­nhia de 200 ca­ma­radas e amigos, no re­fei­tório da Quinta da Ata­laia. Na sua in­ter­venção, Mar­ga­rida Bo­telho, da Co­missão Po­lí­tica, des­tacou al­guns as­pectos da bi­o­grafia de Amé­rico Leal, desde a di­fícil in­fância, em Sines, onde pre­sen­ciou a «la­buta das fá­bricas de cor­tiça e de con­servas de peixe, a faina do mar e na Ri­beira, o tra­balho na la­voura, a arte e o es­forço braçal dos ar­tí­fices», como o pró­prio es­creveu no seu livro Quem Somos – Tes­te­mu­nhos.

Pros­se­guindo, a res­pon­sável pela Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Se­túbal do Par­tido re­cordou ainda a or­fan­dade aos 13 anos – se­gundo o pró­prio Amé­rico Leal, a so­bre­vi­vência foi as­se­gu­rada pela so­li­da­ri­e­dade dos putos da rua –, a vida de ope­rário aos 15 e a pri­meira prisão, que mu­daria para sempre a sua vida, e que surgiu por acaso. Em 1943, acom­pa­nhado por um co­lega ope­rário de Sines, Amé­rico Leal rumou a Lisboa, à em­bai­xada in­glesa, para tentar ir para Gi­braltar e alistar-se nas forças ali­adas contra o nazi-fas­cismo. A PIDE prendeu-os e, na prisão, co­nhe­ceram Mi­litão Ri­beiro. A en­trada para o Par­tido foi o passo se­guinte.

Mi­li­tante co­mu­nista desde 15 de Agosto de 1944, Amé­rico Leal passou a de­sem­pe­nhar ta­refas do Or­ga­nismo da Di­recção Re­gi­onal do Alen­tejo Li­toral, tendo sido des­ta­cado para acom­pa­nhar a cé­lula dos tra­ba­lha­dores agrí­colas nos ar­re­dores de Sines e para in­te­grar a co­missão local do Mo­vi­mento de Uni­dade De­mo­crá­tica. Como sa­li­entou em se­guida Mar­ga­rida Bo­telho, «de cer­teza que es­ti­veste pro­fun­da­mente li­gado à pa­ra­li­sação do tra­balho com que cor­ti­ceiros de Sines as­si­na­laram a en­trada das tropas so­vié­ticas em Berlim, e na ma­ni­fes­tação com que o povo de Sines, como nou­tros pontos do País, as­si­nalou a vi­tória sobre o nazi-fas­cismo».

Amé­rico Leal foi ainda membro do Co­mité Na­ci­onal da Cor­tiça e, em fins de 1945, eleito para a di­recção do sin­di­cato local dos cor­ti­ceiros.

Em 1947, já ca­sado e pai do seu pri­meiro filho, Jo­a­quim, Amé­rico Leal passou à clan­des­ti­ni­dade e de­sem­pe­nhou ta­refas em re­giões tão di­fe­rentes como Al­garve, Alen­tejo, Es­tre­ma­dura, Beiras, Porto, Minho e Trás-os-Montes. Em 1956, foi co­op­tado para o Co­mité Cen­tral, onde per­ma­neceu du­rante 30 anos. Ao longo dos 27 anos de clan­des­ti­ni­dade, par­ti­cipou e or­ga­nizou greves e cam­pa­nhas po­lí­ticas e das suas mãos, lem­brou Mar­ga­rida Bo­telho, «saíram do­cu­mentos se­guros, im­por­tantes e in­dis­pen­sá­veis para a luta e a de­fesa dos ca­ma­radas».

No 25 de Abril, pros­se­guiu a di­ri­gente do Par­tido, es­tava no Porto. Re­gres­sado a Sines dias de­pois do 1.º de Maio, foi re­ce­bido «apo­te­o­ti­ca­mente». Par­ti­ci­pante ac­tivo nas lutas po­pu­lares, com es­pe­cial des­taque na Re­forma Agrária, passou a in­te­grar a Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Se­túbal, da qual faz parte ainda hoje, e foi de­pu­tado na As­sem­bleia Cons­ti­tuinte e na As­sem­bleia da Re­pú­blica. Par­ti­cipa ainda na URAP e na Co­missão de Utentes da Linha do Sado. Como sa­li­entou Mar­ga­rida Bo­telho, «não é pos­sível falar deste teu per­curso sem re­ferir a ca­ma­rada Si­sal­tina Santos», a sua com­pa­nheira de sempre.

In­ter­vi­eram ainda Fran­cisco Lobo, di­ri­gente da URAP, e o pró­prio Amé­rico Leal que, num emo­ci­o­nante dis­curso, ex­pressou a sua con­fi­ança no Par­tido, na JCP, na luta dos tra­ba­lha­dores e da classe ope­rária.



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