Jerónimo de Sousa apela à luta

É possível defender e conquistar direitos

O Se­cre­tário-geral do PCP apelou, do­mingo, num grande al­moço re­a­li­zado na Ajuda, em Lisboa, à par­ti­ci­pação mas­siva na ma­ni­fes­tação na­ci­onal da CGTP-IN mar­cada para o pró­ximo dia 11.

A CGTP-IN é a «obra mais no­tável» do mo­vi­mento ope­rário por­tu­guês

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Je­ró­nimo de Sousa re­a­firmou a ne­ces­si­dade de tornar, nesse dia, o Ter­reiro do Paço, em Lisboa, «num ter­reiro do povo contra as in­jus­tiças, pela li­ber­dade, pela de­mo­cracia, por outra po­lí­tica». Nesta ma­ni­fes­tação devem par­ti­cipar «todos os que são ví­timas desta po­lí­tica», como os tra­ba­lha­dores dos sec­tores pú­blico e pri­vado, os re­for­mados e pen­si­o­nistas, os de­sem­pre­gados e os jo­vens, pros­se­guiu o di­ri­gente do PCP.

Re­fe­rindo-se ao te­ne­broso «acordo» as­si­nado na con­cer­tação so­cial (de cujo con­teúdo tra­tamos num ex­tenso su­ple­mento pu­bli­cado nesta edição), Je­ró­nimo de Sousa con­si­derou que «fez bem» a CGTP-IN em não o ter as­si­nado. Ma­ni­fes­tando, em se­guida, a sua con­fi­ança na luta dos tra­ba­lha­dores e do povo e no seu po­ten­cial trans­for­mador, o di­ri­gente co­mu­nista sa­li­entou que «nada ainda está per­dido, nada é de­fi­ni­tivo». Os di­reitos ame­a­çados pelas al­te­ra­ções à le­gis­lação la­boral e os que, nos úl­timos 35 anos foram re­ti­rados, serão re­to­mados «lá onde foram con­quis­tados» – nas em­presas e nos lo­cais de tra­balho.

Após saudar o Con­gresso da CGTP-IN, re­a­li­zado na vés­pera, Je­ró­nimo de Sousa lem­brou que «não é tempo para ficar sa­tis­feito» com os re­sul­tados do Con­gresso, pois sobre a In­ter­sin­dical recai «uma grande res­pon­sa­bi­li­dade» nestes tempos que vi­vemos.

O di­ri­gente do PCP apro­veitou a oca­sião para saudar também a nova di­recção eleita nesse con­gresso, o que me­receu o aplauso dos pre­sentes. Di­ri­gindo-se aos que têm pro­cu­rado «criar di­fi­cul­dades» e «fazer in­trigas» pelo facto de, como dizem, haver «muitos co­mu­nistas» na cen­tral sin­dical, Je­ró­nimo de Sousa lem­brou que não é por de­cisão do Co­mité Cen­tral que os co­mu­nistas têm o peso que têm na es­tru­tura da CGTP-IN. Mas sim, es­cla­receu, por de­cisão dos pró­prios tra­ba­lha­dores, que os elegem nas em­presas e nos sin­di­catos.

O Se­cre­tário-geral do PCP afirmou ainda que a forte pre­sença dos co­mu­nistas não pre­ju­dica a uni­dade com so­ci­a­listas, ca­tó­licos e in­de­pen­dentes. É pre­ci­sa­mente isto que trans­forma a CGTP-IN na «obra mais no­tável do mo­vi­mento ope­rário e sin­dical por­tu­guês», con­cluiu.

 

Mudar de po­lí­tica

 

No dis­curso pro­fe­rido no al­moço de do­mingo, o Se­cre­tário-geral do PCP re­a­firmou as pro­postas dos co­mu­nistas para uma nova po­lí­tica fiscal, que tri­bute efec­ti­va­mente os grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros, os lu­cros, as trans­fe­rên­cias de avul­tadas verbas para pa­raísos fis­cais, as tran­sac­ções bol­sistas, o pa­tri­mónio de luxo e os ren­di­mentos mais ele­vados. E exem­pli­ficou que o Pre­si­dente da Re­pú­blica, por exemplo, «também podia pagar mais», numa alusão às de­cla­ra­ções de Ca­vaco Silva que tanta po­lé­mica le­van­taram.

Se­gundo o di­ri­gente co­mu­nista, a apli­cação destas pro­postas per­mi­tiria obter re­cursos para aplicar nas «ta­refas de de­sen­vol­vi­mento do País» e para ali­viar a carga fiscal sobre os tra­ba­lha­dores e as «pe­quenas ac­ti­vi­dades de pro­dução, co­mércio e ser­viços». Assim, em vez de uma po­lí­tica ba­seada na di­mi­nuição dos custos do tra­balho, o PCP de­fende, por outro lado, a re­dução dos custos «exor­bi­tantes» dos fac­tores de pro­dução, como a energia, as co­mu­ni­ca­ções, os trans­portes e o cré­dito, o que en­traria em con­fronto com os in­te­resses dos mai­ores grupos eco­nó­micos a ac­tuar em Por­tugal. Je­ró­nimo de Sousa re­alçou ainda a ne­ces­si­dade de in­vestir na ci­ência e tec­no­logia, na edu­cação e na for­mação.

O que se impõe é, para Je­ró­nimo de Sousa, uma po­lí­tica de va­lo­ri­zação dos sec­tores pro­du­tivos, que in­cluísse um pro­grama de in­dus­tri­a­li­zação do País.

 



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