O Passado, o presente e as funções transcendentes dos illuminati (6)

Jorge Messias
«Uma so­ci­e­dade como esta será do­mi­nada por uma elite cuja am­bição pelo poder po­lí­tico obe­deça a um sen­ti­mento de su­pe­ri­o­ri­dade ci­en­tí­fica. Esta elite re­cor­rerá a todos os meios para atingir os seus fins po­lí­ticos, no­me­a­da­mente às novas téc­nicas para in­flu­en­ciar o com­por­ta­mento das massas e al­cançar o con­trolo e a sub­missão da So­ci­e­dade» (Z. Bre­zinski, fun­dador da Tri­la­teral, in «Between Two Ages»).

«Foi pelos Je­suítas que a mai­oria das fa­cul­dades da Ba­viera foram fun­dadas e con­tro­ladas. Foi por eles, também, que as es­colas se­cun­dá­rias do país foram ins­ti­tuídas...» (Padre Adam Weishaupt, fun­dador da Seita dos Il­lu­mi­nati).

«A mai­oria, a classe do­mi­nante no mo­mento, tem as es­colas e a im­prensa e, em geral, tem também a Igreja, “sob o seu po­legar”. Isto dá-lhe a pos­si­bi­li­dade de or­ga­nizar e in­flu­en­ciar as emo­ções das massas e de usá-las como seus ins­tru­mentos» (Al­bert Eins­tein, cri­ador da “Te­oria da Re­la­ti­vi­dade”).


Pa­rece agora co­meçar a romper al­guma luz por entre as trevas que en­volvem a te­ne­brosa teia dos il­lu­mi­nati. Os monges-sol­dados apenas surgem da noite da his­tória de tempos a tempos, em vés­peras das grandes con­vul­sões so­ciais. De­pois, re­gressam ao ano­ni­mato mas con­ti­nuam a tecer a in­triga po­lí­tica, a re­forçar ali­anças e a ali­mentar novas es­tra­té­gias de ex­pansão. Atentos como estão ao pro­gresso dos ho­mens, fazem apro­vei­ta­mentos ultra-fun­da­men­ta­listas e uni­la­te­rais das con­quistas das ci­ên­cias e das téc­nicas mo­dernas. Di­videm para reinar. E são também exe­cu­tores ou su­per­vi­sores do cum­pri­mento das de­ci­sões or­de­nadas pela ca­deia hi­e­rár­quica. São elites con­fes­si­o­nais es­ta­be­le­cidas nas áreas ci­meiras das elites do poder. Or­ga­nizam-se «em rede».
Pelos dados que se vão co­nhe­cendo e cada vez mais se avo­lumam, as bases desta pre­sença cons­tante do Va­ti­cano nos planos do im­pe­ri­a­lismo são per­ma­nen­te­mente ga­ran­tidas quer pelo Opus Dei (ele pró­prio com ori­gens na Com­pa­nhia de Jesus), quer por or­ga­ni­za­ções je­suítas li­gadas a so­ci­e­dades se­cretas, po­de­rosas e mi­li­o­ná­rias. Por outro lado, os il­lu­mi­nati do sé­culo XXI são her­deiros e re­no­va­dores das am­bi­ções apa­ren­te­mente ul­tra­pas­sadas dos seus an­te­ces­sores do sé­culo XX, o sé­culo em que as­sis­timos à der­rota mi­litar do nazi-fas­cismo. Porque o fas­cismo real é um sis­tema que so­bre­vive mu­dando de nome.
Os novos ilu­mi­nados da Ba­viera ti­nham de­sen­vol­vido e re­a­dap­tado o pro­jecto im­pe­rial de do­mínio do uni­verso de­fen­dido, no sé­culo XVIII, pelos je­suítas «ilu­mi­nados» da contra-re­forma do sé­culo XVI. A sua apa­rente der­rota não ditou o seu de­sa­pa­re­ci­mento. Pas­saram à clan­des­ti­ni­dade, in­fil­traram-se na Ma­ço­naria e amol­daram-se à Re­vo­lução Fran­cesa. No sé­culo XIX, mu­daram de gra­má­tica mas con­ti­nu­aram a ser o que sempre ti­nham sido. Sur­giram de novo à su­per­fície com a nova contra-re­forma de Leão XIII, no sé­culo XIX: «Deves aceitar com do­ci­li­dade in­dis­cu­tível qual­quer ins­trução que nos der a Igreja», pro­cla­mava o Va­ti­cano en­quanto eram cha­ci­nados, com a bênção do Papa, cem mil ope­rá­rios da Co­muna de Paris. En­tre­tanto, os co­lé­gios, se­mi­ná­rios e fa­cul­dades je­suítas «il­lu­mi­nati» for­mavam ma­ci­ça­mente os qua­dros de es­pe­ci­a­listas que iriam di­rigir no fu­turo pró­ximo a nova etapa de um ca­pi­ta­lismo mo­derno – tec­no­crá­tico, be­li­cista, im­pe­ri­a­lista e, con­se­quen­te­mente, fe­roz­mente anti-co­mu­nista e amoral.
É, no en­tanto, ao longo do sé­culo XX que se de­fine mais cla­ra­mente o perfil dos «il­lu­mi­nati», da sua for­mação, da sua or­ga­ni­zação es­pe­cí­fica e do «papel his­tó­rico» que o Va­ti­cano e os im­pé­rios ca­pi­ta­listas ne­o­li­be­rais es­peram vê-los as­sumir.
Vai ficar aqui muito por dizer acerca dos il­lu­mi­nati. Mas um de­talhe ainda deve ficar es­cla­re­cido. É o que, per­cor­rendo a rota do pas­sado, es­ta­be­lece as metas imu­tá­veis que os «il­lus­trati» de todos os tempos se pro­põem atingir. E ainda: que fa­ta­li­dade é essa que liga o Va­ti­cano, através dos sé­culos, ao des­po­tismo, ao fun­da­men­ta­lismo po­lí­tico e re­li­gioso e à noção de classe pri­vi­le­giada?
É uma es­trada de ver­gonha, é certo. Mas é, também, um ca­minho ata­pe­tado a oiro, para al­guns; para a mai­oria es­ma­ga­dora do povo, é mi­séria e so­fri­mento in­des­cri­tível. Seria o fim das pá­trias e o so­ço­brar dos va­lores ci­vi­li­za­ci­o­nais. A con­sa­gração do pe­sa­delo da ex­plo­ração do homem pelo homem. A des­truição de uma larga faixa da hu­ma­ni­dade pela guerra, pela fome e pela ti­rania.
Esta si­tu­ação de tra­gédia e queda a pique não se pode pro­longar. Exige a vi­tória clara dos tra­ba­lha­dores.


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