NÓS CÁ ESTAMOS

«É ne­ces­sário que a luta pros­siga e se in­ten­si­fique todos os dias»

Todos os dias o Go­verno PSD/​CDS dá no­tí­cias. Más, todas, e re­caindo sempre sobre os mesmos de sempre: os que tra­ba­lham e vivem do seu tra­balho, os que já tra­ba­lharam e vêem ser-lhes re­cu­sadas as pen­sões e re­formas a que têm di­reito e os que querem en­trar no mundo do tra­balho e só vêem à sua frente muros e obs­tá­culos. Não sur­pre­ende que assim seja dado tratar-se de um go­verno que leva por di­ante uma po­lí­tica que tem como ob­jec­tivo ex­clu­sivo servir os in­te­resses dos grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros.

Agora é o anúncio do pro­lon­ga­mento do tempo dos cortes nos sub­sí­dios; e a proi­bição das re­formas an­te­ci­padas; e o au­mento (mais um) dos com­bus­tí­veis; e o anúncio do au­mento (mais um) da águac

Tudo isto a juntar mais dramas à dra­má­tica si­tu­ação em que vive a imensa mai­oria dos por­tu­gueses e agra­vando ainda mais as suas já muito graves con­di­ções de tra­balho e de vida.

Tudo isto a des­mas­carar as pa­tra­nhas dos go­ver­nantes sobre os sa­cri­fí­cios «pas­sa­geiros» e «ne­ces­sá­rios» em nome do «in­te­resse na­ci­onal» – pa­la­vras cujo ver­da­deiro sen­tido é por de­mais evi­dente: acen­tuar mais e mais a ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores e do povo em be­ne­fício dos in­te­resses do grande ca­pital opressor e ex­plo­rador.

Tudo isto a evi­den­ciar a ne­ces­si­dade im­pe­riosa de uma rup­tura com esta po­lí­tica de de­sastre na­ci­onal, an­ti­pa­trió­tica e de di­reita, e a sua subs­ti­tuição por uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, ao ser­viços dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País.

Tudo isto a deixar clara a ne­ces­si­dade da in­ten­si­fi­cação e alar­ga­mento da luta de massas, ca­minho in­dis­pen­sável para pôr termo a esta si­tu­ação, tra­vando e der­ro­tando a ofen­siva da po­lí­tica de di­reita e ini­ci­ando a re­so­lução dos muitos e graves pro­blemas exis­tentes – para o que a re­jeição do pacto de agressão e a re­ne­go­ci­ação da dí­vida nos moldes pro­postos pelo PCP cons­ti­tuem me­didas in­dis­pen­sá­veis e com ca­rácter de ur­gência.

 

Mostra a re­a­li­dade que as lutas tra­vadas nos úl­timos tempos – desde a his­tó­rica ma­ni­fes­tação na­ci­onal de Fe­ve­reiro, a po­de­rosa greve geral de Março e a com­ba­tiva ma­ni­fes­tação da ju­ven­tude tra­ba­lha­dora às muitas e di­ver­si­fi­cadas lutas das po­pu­la­ções e à gran­diosa ma­ni­fes­tação das fre­gue­sias – têm-se re­ve­lado de uma im­por­tância cru­cial, quer no com­bate à po­lí­tica das troikas, quer no des­mas­ca­ra­mento das pa­tra­nhas dos go­ver­nantes, quer, em con­sequência de tudo isso, na cres­cente re­dução da base de apoio so­cial do Go­verno e da sua po­lí­tica. São muitos os que, per­didas as ilu­sões nessas pa­tra­nhas, ex­pressam o seu des­con­ten­ta­mento ade­rindo à luta e dando-lhe mais força e mais efi­cácia.

E é im­por­tante que assim seja, porque é ne­ces­sário que a luta pros­siga e se in­ten­si­fique todos os dias. É ne­ces­sário que novos seg­mentos das massas tra­ba­lha­doras e po­pu­lares ve­nham dar mais força às pe­quenas, mé­dias e grandes ac­ções de massas, que a si­tu­ação exige. É ne­ces­sário que o com­bate ao pacto de agressão e às suas con­sequên­cias sobre os tra­ba­lha­dores e o povo ganhe a di­mensão de um amplo mo­vi­mento na­ci­onal in­cor­po­rando todos os que são ví­timas desse pacto.

Assim, os tempos que vi­vemos são tempos de luta, luta em de­fesa dos di­reitos dos tra­ba­lha­dores, do di­reito ao em­prego com di­reitos, do di­reito à saúde, à edu­cação, à ha­bi­tação, aos trans­portes, do di­reito aos di­reitos a que todo o ser hu­mano, pelo sim­ples facto de existir, tem di­reito – di­reitos que este Go­verno e esta po­lí­tica lhes roubam todos os dias.

Nesse sen­tido, é ta­refa pri­mor­dial fazer da marcha na­ci­onal em de­fesa do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde, con­vo­cada para o pró­ximo sá­bado, uma grande acção de massas.

Da mesma forma, as co­me­mo­ra­ções po­pu­lares do Dia da Li­ber­dade, apre­sentam-se como um mo­mento ade­quado à re­a­li­zação de fortes ac­ções em de­fesa de Abril e dos seus va­lores, que são alvos pre­fe­ren­ciais da po­lí­tica das troikas.

E de­pois che­gará o Dia do Tra­ba­lhador, do qual há que fazer uma muita forte jor­nada de luta – na tra­dição das co­me­mo­ra­ções dessa data pelos tra­ba­lha­dores por­tu­gueses, desde o lon­gínquo ano de 1890 em que, pela pri­meira vez esse dia foi co­me­mo­rado – e este ano, tendo na me­mória o 50.º ani­ver­sário da­quele que foi o maior e o mais po­de­roso 1.º de Maio er­guido pelo mo­vi­mento ope­rário por­tu­guês no tempo do fas­cismo: o 1.º de Maio de 1962.

 

Registe-se – para que fique re­gis­tadac – a acen­tu­ação da linha de si­len­ci­a­mento da ac­ti­vi­dade e das pro­postas do PCP, por parte dos media do­mi­nantes. Vendo as te­le­vi­sões, ou­vindo as rá­dios, lendo os jor­nais, dir-se-ia que os co­mu­nistas estão inac­ti­vosc e nin­guém diria que o PCP, por si só, de­sen­volve mais ac­ti­vi­dade do que os ou­tros par­tidos todos juntos e é o único par­tido a apre­sentar pro­postas con­cretas para a re­so­lução, de facto, dos pro­blemas que as­solam os tra­ba­lha­dores, o povo e o País.

Já em re­lação aos ou­tros par­tidos, a ideia trans­mi­tida por esses media é a de uma ac­ti­vi­dade in­tensa: o PS ac­ti­vís­simo em ma­no­bras de di­versão com as quais pro­cura es­conder o seu apoio e a sua cum­pli­ci­dade com o pacto de agressão e as me­didas dele de­cor­rentes; o BE cum­prindo o seu des­tino de ser trans­por­tado ao colo, com ca­ri­nhos ma­ter­nais, pela co­mu­ni­cação so­cial pro­pri­e­dade do grande ca­pital. Enfim, cada um é para o que nascec

Nós cá es­tamos, pre­pa­rando o XIX Con­gresso à nossa ma­neira co­mu­nista: pro­cu­rando a ampla par­ti­ci­pação do co­lec­tivo par­ti­dário no de­bate pre­pa­ra­tório – de­sig­na­da­mente nesta pri­meira fase de dis­cussão – e, si­mul­ta­ne­a­mente, con­tri­buindo para o de­sen­vol­vi­mento e in­ten­si­fi­cação da luta de massas, em es­treita li­gação com os tra­ba­lha­dores e as po­pu­la­ções.