Suicídio ou homicídio?

Tinha 77 anos, es­tava re­for­mado e sui­cidou-se em pú­blico com um tiro na ca­beça, na prin­cipal praça de Atenas, frente ao Par­la­mento, perto da saída do metro, que re­gur­gi­tava gente aos ma­gotes na manhã de dia 4. Di­mi­tris Ch­ris­toulas de­cidiu pôr fim à vida para ter um fim digno e não morrer de fome.

Como notou o diário grego, To Ethnos, «não se trata de um sui­cídio, mas de um ho­mi­cídio». Assim o pen­saram também mi­lhares de pes­soas que dei­xaram velas e men­sa­gens junto à ár­vore onde o idoso se matou. Nessas men­sa­gens, re­fere a Efe, liam-se frases como «não é um sui­cídio, é um as­sas­sínio» ou «go­verno as­sas­sino» e «me­mo­rando as­sas­sino».

Na carta que deixou, Di­mi­tris Ch­ris­toulas acusa o go­verno de o ter pri­vado de meios de so­bre­vi­vência, que se re­su­miam a uma pensão for­te­mente re­du­zida por su­ces­sivos cortes.

«Dado que a minha idade avan­çada não me per­mite re­agir de outra forma (mas se um com­pa­nheiro grego pe­gasse numa Ka­la­ch­nikov, teria o meu apoio), não vejo outra so­lução senão este fim digno da minha vida, de modo a não ter de vas­cu­lhar os cai­xotes do lixo para poder sub­sistir. Acre­dito que os jo­vens sem fu­turo um dia pe­garão em armas e aba­terão os trai­dores deste país na Praça Sin­ta­gama, como os ita­li­anos fi­zeram a Mus­so­lini em 1945», (na Praça Lo­reto em Milão).

Estas foram as pa­la­vras dei­xadas pelo an­cião, que com­para o ac­tual exe­cu­tivo de Lucas Pa­pa­demos, ao go­verno de Tso­la­ko­glou, pri­meiro-mi­nistro co­la­bo­ra­ci­o­nista no poder du­rante a ocu­pação nazi.



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