Aumenta número de crianças que chegam à escola em jejum

Realidade dramática

A si­tu­ação de muitas fa­mí­lias atin­gidas pelo de­sem­prego, a po­breza e o agra­va­mento das con­di­ções de vida está a as­sumir di­men­sões dra­má­ticas. Essa é uma re­a­li­dade de onde emerge a face negra da fome, afec­tando de forma muito par­ti­cular as cri­anças e idosos.

Alastra no País a po­breza e a fome

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Para este quadro chamou a atenção do Par­la­mento a de­pu­tada co­mu­nista Rita Rato em re­cente de­bate em torno de ini­ci­a­tivas le­gis­la­tivas do PEV e BE (pro­jectos de lei) e do PS e PSD/​CDS-PP (pro­jectos de re­so­lução) sobre a ne­ces­si­dade de ga­rantir pe­quenos al­moços nas es­colas.

Em causa está a si­tu­ação de um nú­mero cres­cente de cri­anças que, em re­sul­tado da agu­di­zação da po­breza pro­vo­cada por po­lí­ticas de aus­te­ri­dade que cor­taram sa­lá­rios e apoios so­ciais, chegam à es­cola em jejum, cri­anças cuja única re­feição diária é a que têm na es­cola.

Ex­postos a esta si­tu­ação estão cer­ta­mente os fi­lhos dos 400 mil tra­ba­lha­dores que au­ferem o sa­lário mí­nimo na­ci­onal e que, com esse ren­di­mento, vivem abaixo do li­miar da po­breza, como lem­brou Rita Rato, as­si­na­lando que um casal nessa si­tu­ação já não tem di­reito a aceder à acção so­cial es­colar para os seus fi­lhos, ou seja não tem apoios para as re­fei­ções, o trans­porte e os ma­nuais es­co­lares.

Foi desta dura re­a­li­dade que falou Rita Rato, tra­zendo ao de­bate as con­sequên­cias de uma po­lí­tica que todos os dias agrava o de­sem­prego e a pre­ca­ri­e­dade, pro­voca o en­cer­ra­mento de em­presas, leva à exis­tência de mi­lhares e mi­lhares de pes­soas com sa­lá­rios em atraso, corta nas pres­ta­ções so­ciais (atin­gindo so­bre­tudo as mu­lheres e cri­anças), faz com que mi­lhares de fa­mí­lias não con­sigam es­ticar o di­nheiro até ao fim do mês.

Daí que a ban­cada co­mu­nista tenha acom­pa­nhado os pro­jectos em de­bate no sen­tido de res­pon­sa­bi­lizar o Go­verno por uma res­posta ime­diata ao pro­blema. Não dei­xando de ob­servar, to­davia, que o ca­minho para a er­ra­di­cação da po­breza não se fará en­quanto não se com­bater o de­sem­prego e os sa­lá­rios de mi­séria e não haja, cum­prindo a Cons­ti­tuição, uma mais justa dis­tri­buição da ri­queza.

Apesar do con­senso em torno da cri­ação de um pro­grama de for­ne­ci­mento de pe­quenos-al­moços nas es­colas às cri­anças com ca­rên­cias ali­men­tares, PSD e CDS re­jei­taram o seu apoio às res­tantes ini­ci­a­tivas em de­bate, de­fen­dendo que dele apenas de­verão be­ne­fi­ciar as cri­anças que com­pro­va­da­mente ne­ces­sitem desse apoio e te­nham ca­rên­cias ali­men­tares.



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