Hollande vence presidenciais em França

Promessas vãs

Fran­çois Hol­lande venceu, no do­mingo, 6, a se­gunda volta das pre­si­den­ciais em França com 51,62 por cento dos votos, contra os 48,38 por cento con­se­guidos pelo ac­tual pre­si­dente Ni­colas Sar­kozy.

Fran­ceses li­vram-se de Sar­kozy e es­peram mu­danças

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A der­rota de Sar­kozy, que já se tinha ve­ri­fi­cado na pri­meira volta, era há muito pre­vista pelas son­da­gens, mas a curta margem que o se­parou de Hol­lande mostra que a di­reita con­ser­va­dora, longe de estar des­tro­çada, se pre­para para dis­putar com afinco as le­gis­la­tivas mar­cadas para Junho, su­frágio que porá à prova a cre­di­bi­li­dade do novo pre­si­dente e a efi­cácia da união da «es­querda».

Até lá, Hol­lande tem de apre­sentar al­guns re­sul­tados, de­sig­na­da­mente no que res­peita a uma pro­messa cen­tral da sua cam­panha: a re­ne­go­ci­ação do tra­tado or­ça­mental, que amarra os es­tados à cha­mada regra de ouro do equi­lí­brio das contas pú­blicas.

A este res­peito, a Ale­manha mostra-se in­tran­si­gente. Com a ar­ro­gância que se tornou ha­bi­tual nos go­ver­nantes ger­mâ­nicos, o mi­nistro alemão dos Ne­gó­cios Es­tran­geiros, Guido Wes­terwelle, de­clarou no do­mingo à noite, na re­cepção da em­bai­xada de França em Berlim, que o seu go­verno está in­te­res­sado num «pacto de cres­ci­mento na Eu­ropa», tal como Hol­lande tem in­sis­tido.

No en­tanto, logo ma­ni­festou a es­pe­rança de que Hol­lande se dis­tancie das suas pro­messas elei­to­rais de aban­donar o rumo da aus­te­ri­dade e fi­nan­ciar me­didas de cres­ci­mento. Quando a nova di­recção gau­lesa tiver de tomar de­ci­sões neste do­mínio, «pre­va­le­cerão as res­pon­sa­bi­li­dades pelo pró­prio país, pelo pró­prio povo e por toda a Eu­ropa», acres­centou Wes­terwelle, lem­brando que o Tra­tado Or­ça­mental Eu­ropeu está de­ci­dido.

Não passa, pois, de uma sim­ples apa­rência o «em­pe­nha­mento» alemão na pro­moção do cres­ci­mento. E a ac­tual si­tu­ação eco­nó­mica da França também não é pro­pri­a­mente pro­pícia a grandes aven­turas.

A de­sin­dus­tri­a­li­zação cres­cente, a es­tag­nação eco­nó­mica, que ameaça trans­formar-se numa pro­funda re­cessão, e o con­se­quente au­mento do de­sem­prego não au­guram con­di­ções fa­vo­rá­veis à re­a­li­zação dos «so­nhos» de Hol­lande: «Re­cu­pe­ração é a pri­o­ri­dade ao em­prego, é o in­ves­ti­mento na edu­cação e for­mação, a re­con­quista da nossa so­be­rania in­dus­trial e agrí­cola, o apoio à in­ves­ti­gação e à ino­vação». Con­tra­di­to­ri­a­mente, a tudo isto acres­centa o com­pro­misso de res­ta­be­lecer «o equi­lí­brio das nossas fi­nanças pú­blicas em cinco anos». É caso para dizer que dá uma no cravo, outra na fer­ra­dura.



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