ASSIM SE VÊ A FORÇA DO PC

«Foram mais de trinta mil os que, ao apelo do PCP, des­fi­laram em Lisboa»

Há vinte anos, na sequência do de­sa­pa­re­ci­mento da União So­vié­tica, o ca­pi­ta­lismo do­mi­nante, através dos seus media e dos seus ideó­logos, de­cretou, triun­fante, o «fim do co­mu­nismo» e a vi­tória ab­so­luta e de­fi­ni­tiva do ca­pi­ta­lismo. Era, con­tavam eles, «o fim da His­tória».

Pela mesma al­tura, os media cá do burgo, em­ba­lados pela eu­foria geral, pro­fe­ti­zaram a «morte do PCP», em al­guns casos che­gando a anunciá-la para daí a se­manas ou meses – e num caso con­creto dando-a, mesmo, como facto con­su­mado: «O PCP morreu ontem», es­creveu, então, um afa­mado po­li­tó­logo da nossa praça, en­tre­tanto de­sa­pa­re­cidoc

É certo que, de então para cá, os donos dos media na­ci­o­nais – através desses mesmos media e por in­ter­médio dos seus ho­mens de mão em su­ces­sivos go­vernos – fi­zeram tudo o que po­diam para que a pro­fecia se con­cre­ti­zasse. E valeu tudo: desde as an­ti­de­mo­crá­ticas e an­ti­cons­ti­tu­ci­o­nais leis dos par­tidos e do seu fi­nan­ci­a­mento até à acção dos media do­mi­nantes com as su­ces­sivas vagas de men­tiras, ca­lú­nias, fal­si­fi­ca­ções, ma­ni­pu­la­ções, si­len­ci­a­mentos sobre a vida, a ac­ti­vi­dade e as pro­postas do PCP – e sempre, por dever de ofício e no jeito do servo que quer mos­trar ser­viço ao se­nhor, re­pe­tindo e re­pe­tindo a pro­fecia ne­cro­ló­gica.

De tal modo que, olhando para os meios e mé­todos uti­li­zados pela ofen­siva an­ti­co­mu­nista e para a in­ten­si­dade que ela atingiu, o PCP já não de­veria existir há muito tempoc

Mas existe. E, neste caso acima de todos, jus­ti­fi­cando em pleno a co­nhe­cida pa­lavra de ordem: «Assim se vê a força do PC». E cá está, como era pre­vi­sível, aliás, tra­tando-se de um par­tido com toda uma vida de luta, em todas as cir­cuns­tân­cias, cum­prindo o papel que his­to­ri­ca­mente lhe está des­ti­nado, ocu­pando o lugar que lhe com­pete na de­fesa dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País.

Prova inequí­voca disso – mais uma entre muitas ou­tras nestas duas dé­cadas – é a ma­ni­fes­tação do sá­bado pas­sado, em Lisboa, na sequência de uma outra re­a­li­zada no Porto, há duas se­manas, ambas cons­ti­tuindo ex­pres­sivas ma­ni­fes­ta­ções da ca­pa­ci­dade de in­ter­venção, da força e da or­ga­ni­zação do PCP e da dis­po­ni­bi­li­dade de luta do co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista.

 

Foram mais de trinta mil os ho­mens, mu­lheres e jo­vens – mi­li­tantes e não mi­li­tantes co­mu­nistas – que, ao apelo do PCP, des­fi­laram em Lisboa.

E não es­tavam ali por efeito de uma qual­quer in­dig­nação pas­sa­geira ou exi­bição fol­cló­rica, da­quelas que fazem as de­lí­cias dos media do­mi­nantes e dos seus donos.

Es­tavam ali sa­bendo porquê e para quê. Es­tavam ali para, num am­bi­ente com­ba­tivo e de ale­gria, dizer o que dis­seram, gritar o que gri­taram, cantar o que can­taram: para, alto e bom som, di­zerem «não!» à po­lí­tica an­ti­pa­trió­tica e de di­reita e ao seu fa­mi­ge­rado pacto de agressão; para dizer que não aceitam ver o País a ser con­du­zido para a ruína e o de­sastre e a in­de­pen­dência e a so­be­rania na­ci­o­nais en­tre­gues nas garras dos prin­ci­pais ini­migos de Por­tugal; para dizer que re­jeitam a con­cen­tração da ri­queza nos co­fres do grande ca­pital à custa de in­jus­tiças so­ciais que fla­gelam a imensa mai­oria dos por­tu­gueses com pro­blemas, di­fi­cul­dades, po­breza, mi­séria, fome.

Es­tavam ali para dizer que há uma al­ter­na­tiva a esta po­lí­tica de de­la­pi­dação do País e do povo e que, como afirmou o Se­cre­tário-geral do PCP, essa al­ter­na­tiva passa, de­sig­na­da­mente, pela re­jeição do pacto de agressão e pela ime­diata re­ne­go­ci­ação da dí­vida pú­blica, nos seus mon­tantes, juros e prazos; passa pela na­ci­o­na­li­zação da Banca, re­cu­pe­rando para as mãos do Es­tado um ins­tru­mento es­sen­cial para a di­na­mi­zação eco­nó­mica e o apoio à pe­quenas e mé­dias em­presas; passa pelo apoio à pro­dução na­ci­onal e pela de­fesa efec­tiva do apa­relho pro­du­tivo; passa pela re­po­sição dos di­reitos e ren­di­mentos es­bu­lhados e pela va­lo­ri­zação dos sa­lá­rios e das pen­sões de re­forma (em que se ins­creve o au­mento ime­diato do sa­lário mí­nimo na­ci­onal e das pen­sões de re­forma), in­dis­pen­sável à di­na­mi­zação do mer­cado in­terno e à ele­vação da pro­cura in­terna; passa pela sus­pensão ime­diata do pro­cesso de pri­va­ti­za­ções e pela adopção de me­didas para a re­cu­pe­ração do con­trolo pú­blico em em­presas e sec­tores es­tra­té­gicos como o da energia; passa pela de­fesa e res­peito pela Cons­ti­tuição da Re­pú­blica.

Es­tavam ali para dizer que é com a luta que a po­lí­tica an­ti­pa­trió­tica e de di­reita será der­ro­tada e uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda será con­quis­tada – e que, por isso e para isso, a luta con­tinua.

E foi porque es­tavam ali para tudo isso; e porque eram uma mul­tidão em luta; e porque era o PCP – vivo e bem vivo! – que ali es­tava, que ne­nhum jornal deu pri­meira pá­gina à ma­ni­fes­tação, e mesmo os (poucos) que nela fa­laram em pá­ginas in­te­ri­ores, fi­zeram-no em meia dúzia de li­nhas, tendo o órgão da Sonae alu­dido a «al­gumas cen­tenas de pes­soas que se jun­taram na Praça dos Res­tau­ra­dores».

 

Insis­tamos: é de luta o tempo que vi­vemos. Assim tem sido e assim con­ti­nuará a ser: em todo o País, nas em­presas e lo­cais de tra­balho, nos lo­cais de re­si­dência, nos campos e nas ruas, a luta das massas tra­ba­lha­doras e po­pu­lares avança com força e par­ti­ci­pação cres­centes, en­gros­sando a cor­rente de in­dig­nação e de pro­testo contra o rumo de ex­plo­ração e de­sastre da po­lí­tica do pacto de agressão. E porque é na luta que está o ca­minho para a su­pe­ração da si­tu­ação criada pela po­lí­tica de di­reita, ne­ces­sário é que ela seja cada vez mais forte.

Daí a im­por­tância das jor­nadas de luta con­vo­cadas pela CGTP-IN para os dias 9 e 16 de Junho pró­ximo, no Porto e em Lisboa – para a or­ga­ni­zação das quais o co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista dará, como sempre, o seu con­tri­buto de­ter­mi­nante.