Fecho nos Covões favorece privados

Desde se­gunda-feira, as ur­gên­cias do Hos­pital Geral, co­nhe­cido por Hos­pital dos Co­vões, do Centro Hos­pi­talar e Uni­ver­si­tário de Coimbra, pas­saram a en­cerrar no pe­ríodo noc­turno, entre as 20 e as 9 horas. Con­cre­tizou-se assim a de­cisão anun­ciada no dia 14 pelos pre­si­dentes do CHUC e da Ad­mi­nis­tração Re­gi­onal de Saúde do Centro, que ale­garam re­dução de custos e ga­nhos de pro­du­ti­vi­dade, de­fen­dendo mesmo que não se jus­ti­fica haver duas ur­gên­cias (Co­vões e Hos­pital Uni­ver­si­tário), em pe­ríodo noc­turno, se­pa­radas por apenas cinco qui­ló­me­tros.

A de­cisão foi vi­va­mente con­tes­tada, de­sig­na­da­mente pelas or­dens dos Mé­dicos e dos En­fer­meiros, pelos sin­di­catos dos En­fer­meiros Por­tu­gueses e dos Mé­dicos da Zona Centro, pela União dos Sin­di­catos de Coimbra, e pelo Mo­vi­mento dos Utentes dos Ser­viços Pú­blicos, que no sá­bado à tarde re­a­lizou uma vi­gília, onde foi lan­çada a re­colha de as­si­na­turas para uma pe­tição, com o ob­jec­tivo de levar o as­sunto ao ple­nário da As­sem­bleia da Re­pú­blica.

«A aber­tura de uni­dades de saúde pri­vadas, como a Ide­alMed, em Co­se­lhas [a muito menos de cinco qui­ló­me­tros!], com todos os ser­viços e va­lên­cias anun­ci­adas e tão ge­ne­rosa e con­ve­ni­en­te­mente pu­bli­ci­tada, também ajuda a jus­ti­ficar a apres­sada de­cisão de en­cer­ra­mento das ur­gên­cias do Hos­pital dos Co­vões» – acusou a Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Coimbra do PCP. Numa nota emi­tida dia 17, o Par­tido as­si­nala que a fusão de oito hos­pi­tais no CHUC foi de­ci­dida pelo Go­verno do PS e está a ser exe­cu­tada pelo Go­verno do PSD/​CDS-PP, por mo­tivos que nada têm a ver com a me­lhoria do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde. «Gor­duras, re­dun­dân­cias e des­per­dí­cios são as par­ce­rias pú­blico-pri­vadas na Saúde (que só em quatro hos­pi­tais ab­sorvem 2200 mi­lhões de euros do Or­ça­mento do Es­tado), a con­venção de ser­viços que podem ser ofe­re­cidos pelos ser­viços pú­blicos, a con­tra­tação pri­vada de meios au­xi­li­ares de di­ag­nós­tico, quando há ca­pa­ci­dade ins­ta­lada no pú­blico», con­trapõe a ORC do PCP, de­fen­dendo que os cerca de 400 mil utentes ser­vidos pelo Hos­pital Geral jus­ti­ficam a ma­nu­tenção das ur­gên­cias em pleno.

Anun­ciada como a maior uni­dade de saúde pri­vada da zona centro, a Ide­alMed teve inau­gu­ração so­lene no dia 16 e possui, entre ou­tras va­lên­cias, uma ur­gência «com preços, afirmam, com­pe­ti­tivos», o que levou a di­recção re­gi­onal do SEP/​CGTP-IN a per­guntar se tal ocor­rerá à custa do SNS. O sin­di­cato afirma que «o ca­minho foi feito há já algum tempo, com o brutal au­mento das taxas mo­de­ra­doras, le­vando a uma trans­fe­rência de do­entes das ur­gên­cias dos hos­pi­tais do SNS para os pri­vados». Se­gundo o SEP, no pri­meiro tri­mestre deste ano os hos­pi­tais pú­blicos re­a­li­zaram menos 6,7 por cento de aten­di­mentos, en­quanto os pri­vados ti­veram nas ur­gên­cias um acrés­cimo de 15 por cento.

 

Co­légio São José

 

O Sin­di­cato dos Pro­fes­sores da Re­gião Centro en­de­reçou à Di­recção Re­gi­onal da Edu­cação um pe­dido de es­cla­re­ci­mento sobre o tra­ta­mento pri­vi­le­giado que Go­verno e Câ­mara Mu­ni­cipal de Coimbra de­ci­diram dar ao Co­légio de São José, ins­ti­tuição pri­vada. «Ape­tece per­guntar se não ha­verá in­te­resses ve­lados, cujas sus­peitas do pas­sado não estão es­cla­re­cidas, na ma­nu­tenção destes pri­vi­lé­gios, ao mesmo tempo que as es­colas pú­blicas vivem si­tu­a­ções gra­vís­simas de aperto fi­nan­ceiro», co­mentou o SPRC.

Os es­cla­re­ci­mentos foram pe­didos pelo sin­di­cato em dois co­mu­ni­cados, no início deste mês, de­pois de ter sido no­ti­ciado que se mantém, na ín­tegra, o con­trato de as­so­ci­ação e a renda das ins­ta­la­ções, en­quanto a Câ­mara fa­ci­li­taria o pa­ga­mento da água e de ou­tras contas que dela de­pendem.



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