PCP alerta para estratégia de guerra na Síria

Urge lutar pela paz

Face aos re­centes acon­te­ci­mentos na Síria e à de­cisão do go­verno por­tu­guês de con­si­derar per­sona non grata a em­bai­xa­dora da Síria acre­di­tada em Por­tugal, o PCP emitiu uma nota que abaixo pu­bli­camos na ín­tegra.

Cam­pa­nhas si­mi­lares de­sen­ca­de­aram san­grentas guerras de agressão e ocu­pação

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«O PCP con­dena o mas­sacre ter­ro­rista na lo­ca­li­dade de Al-Houla, na Síria, que vi­timou mais de uma cen­tena de civis ino­centes, na sua mai­oria mu­lheres e cri­anças. Este brutal aten­tado, pra­ti­cado por via de as­sas­si­natos à queima-roupa ou de­go­la­ções, que surge na sequência de uma onda de vi­o­lência mar­cada por vá­rios ou­tros mas­sa­cres e aten­tados bom­bistas, vem de­mons­trar o ca­rácter ter­ro­rista da acção de bandos ar­mados al­guns dos quais con­fes­sa­da­mente ar­mados e pagos por países es­tran­geiros uma com­po­nente in­des­men­tível da cam­panha de de­ses­ta­bi­li­zação in­terna da Síria que dura há mais de um ano.

«Chama a atenção para o facto de que este mas­sacre não pode deixar de ser ana­li­sado à luz da es­tra­tégia de mi­li­ta­ri­zação, sub­versão, agressão, in­ge­rência e guerra do auto-ape­li­dado “grupo de amigos da Síria” in­te­grado pelas prin­ci­pais po­tên­cias im­pe­ri­a­listas e di­ta­duras fun­da­men­ta­listas do Golfo Pér­sico. Uma es­tra­tégia, afir­mada sem pejo e am­pla­mente no­ti­ciada na co­mu­ni­cação so­cial mun­dial, que passa pelo fi­nan­ci­a­mento, ar­ma­mento e treino de grupos ar­mados que vá­rias fontes iden­ti­ficam com li­ga­ções a redes ter­ro­ristas, e que con­ti­nuam a operar na Síria.

«Alerta para as dra­má­ticas con­sequên­cias que qual­quer ten­ta­tiva de en­ve­redar por uma “so­lução mi­litar” para a questão síria teria para o povo sírio, para toda a re­gião do Médio Ori­ente e mesmo no plano in­ter­na­ci­onal. Re­jeita li­mi­nar­mente as de­cla­ra­ções de res­pon­sá­veis po­lí­ticos e mi­li­tares norte-ame­ri­canos e da União Eu­ro­peia que apontam para a pos­si­bi­li­dade de uma agressão mi­litar ex­terna contra a Síria, com ou sem a co­ber­tura de uma re­so­lução do CS da ONU. Tais po­si­ções co­locam-se ob­jec­ti­va­mente no campo dos que de­sen­volvem a sua acção contra os es­forços en­tre­tanto re­a­li­zados para manter no campo po­lí­tico e di­plo­má­tico a re­so­lução da questão Síria e acima de tudo contra os le­gí­timos di­reitos de­mo­crá­ticos e na­ci­o­nais do povo sírio, no­me­a­da­mente o di­reito à paz, à so­be­rania, in­de­pen­dência e in­te­gri­dade ter­ri­to­rial do seu país.

«Re­corda que foi com base em cam­pa­nhas si­mi­lares à que se de­sen­volve hoje re­la­ti­va­mente à Síria (e que en­tre­tanto a his­tória se en­car­regou de de­mons­trar que se tratou de fal­si­fi­ca­ções e cons­pi­ra­ções em torno de su­postos mas­sa­cres ou ar­se­nais de armas de des­truição mas­siva) que, do Ko­sovo ao Afe­ga­nistão, do Iraque à Líbia, se de­sen­ca­deou san­grentas guerras de agressão e ocu­pação que re­sul­taram na morte de muitos mi­lhares de vidas, em­pur­raram mi­lhões de pes­soas para a con­dição de re­fu­gi­ados, des­truíram países in­teiros, ali­men­taram o ter­ro­rismo e cri­aram novos focos de tensão desde o Ma­grebe até à Ásia Cen­tral. Guerras de agressão, per­pe­tradas hi­po­cri­ta­mente em nome da “de­mo­cracia” e dos “di­reitos hu­manos” cujos reais mo­tivos foram os in­te­resses eco­nó­micos e ge­o­es­tra­té­gicos das prin­ci­pais po­tên­cias im­pe­ri­a­listas da NATO e os lu­cros do com­plexo in­dus­trial mi­litar e das mul­ti­na­ci­o­nais a si as­so­ci­adas.

«Con­dena igual­mente os mas­sa­cres de cen­tenas de civis per­pe­trados pelas forças mi­li­tares dos EUA e da NATO nas úl­timas se­manas no Afe­ga­nistão, Pa­quistão, Iémen, entre ou­tros, no­me­a­da­mente com o re­curso a aviões não-tri­pu­lados. Mas­sa­cres que cons­ti­tuindo agres­sões con­de­nadas pelos go­vernos dos países vi­sados, não me­re­ceram, nem por parte das grandes ca­deias in­ter­na­ci­o­nais de co­mu­ni­cação so­cial, nem por parte dos ali­ados dos EUA na NATO, uma única pa­lavra de con­de­nação.

«Alerta para o facto de que os acon­te­ci­mentos na Síria, no Médio Ori­ente e Ásia Cen­tral ele­mentos de uma mesma es­tra­tégia im­pe­ri­a­lista de cres­cente agres­si­vi­dade, be­li­cismo e re­co­lo­ni­zação são in­se­pa­rá­veis por um lado dos ob­jec­tivos do im­pe­ri­a­lismo de con­trolo dos enormes re­cursos na­tu­rais e ener­gé­ticos destas re­giões e por outro do agra­va­mento da crise do ca­pi­ta­lismo.

«De­plora a ina­cei­tável e ver­go­nhosa pos­tura do Go­verno por­tu­guês – e em es­pe­cial do MNE Paulo Portas – de ali­nha­mento com a es­tra­tégia de guerra, agressão e in­ge­rência ex­terna das prin­ci­pais po­tên­cias da NATO. Pos­tura de que a de­cisão de con­si­derar a em­bai­xa­dora da Síria acre­di­tada em Por­tugal per­sona non grata é uma la­men­tável prova. Uma pos­tura tão mais grave quanto Por­tugal como membro do Con­selho de Se­gu­rança da ONU de­veria pautar a sua ac­tu­ação pela busca de so­lu­ções po­lí­ticas e di­plo­má­ticas para os con­flitos. Uma pos­tura bem exem­pli­fi­ca­tiva da po­lí­tica ex­terna se­guida pelo ac­tual MNE pro­fun­da­mente con­trária à Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa e aos prin­cí­pios da Carta das Na­ções Unidas.

«Apela aos tra­ba­lha­dores e ao povo por­tu­guês, e aos mo­vi­mentos uni­tá­rios pela paz e pela de­fesa dos di­reitos na­ci­o­nais dos povos, que se mo­bi­lizem e ex­pressem a sua voz em de­fesa da re­so­lução pa­cí­fica dos con­flitos, contra a guerra, pela paz e a co­o­pe­ração entre os povos».



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