Mais de 30 mil manifestaram-se no Porto

CGTP-IN persiste no apelo à luta

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Mais de 30 mil tra­ba­lha­dores em luta, dos dis­tritos do Norte do País, cru­zaram a ci­dade do Porto na tarde do úl­timo sá­bado. No pró­ximo, em Lisboa, vindos dos dis­tritos a Sul de Cas­telo Branco e Leiria, muitos ou­tros são es­pe­rados, para a se­gunda grande ma­ni­fes­tação que a CGTP-IN con­vocou contra a ex­plo­ração e o em­po­bre­ci­mento. «É tempo de con­ti­nuar a agir e lutar», re­alçou Ar­ménio Carlos no co­mício sin­dical, junto à es­tação de São Bento.

Foi também um ano de grandes ne­gó­cios para o ca­pital

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Um vi­brante des­file partiu da Ro­tunda da Bo­a­vista até junto da es­tação de São Bento. O vento e a chuva que se aba­tiam sem pi­e­dade sobre as ruas do Porto na­quela tarde, mais do que uma sim­ples nota de ro­dapé na his­tória da­quele dia de luta, pa­re­ciam selar a força da de­cisão da­queles que, com a sua ac­tiva par­ti­ci­pação nesta jor­nada, re­a­fir­maram que não se re­signam pe­rante os va­ti­cí­nios de que não existe al­ter­na­tiva à po­lí­tica de aus­te­ri­dade e ao rumo de de­clínio na­ci­onal.

Foi no­tório o em­penho de todos os par­ti­ci­pantes em res­pon­derem ao apelo da In­ter­sin­dical, afir­mando e alar­gando a luta pela mu­dança de po­lí­tica, para fazer deste o ob­jec­tivo cen­tral da so­ci­e­dade por­tu­guesa. Nas faixas e nas pa­la­vras de ordem, com ra­zões justas e mo­tivos con­cretos, foi feita a de­núncia das cres­centes in­jus­tiças a que os tra­ba­lha­dores têm sido su­jeitos e ga­nhou mais ânimo a exi­gência de uma nova po­lí­tica para o País.

João Torres, co­or­de­nador da União de Sin­di­catos do Porto e membro da Co­missão Exe­cu­tiva da CGTP-IN, ao abrir o co­mício que teve lugar no amplo largo onde a ma­ni­fes­tação foi de­sa­guar, va­lo­rizou o em­penho de todos aqueles que, nos dis­tritos a Norte de Coimbra, cons­truiram aquela grande ma­ni­fes­tação, fa­zendo aquilo que cabe ao mo­vi­mento sin­dical: «unir os tra­ba­lha­dores, para ajudar a trans­formar».

Ar­ménio Carlos, Se­cre­tário-geral da CGTP-IN, a pro­pó­sito de estar pró­ximo o pri­meiro ani­ver­sário do Go­verno PSD/​CDS, as­si­nalou que as­sis­timos a «um ano de ex­plo­ração e em­po­bre­ci­mento, de au­mento da de­si­gual­dade, da po­breza e de de­fi­nha­mento eco­nó­mico, de au­mento da de­pen­dência ex­terna e da dí­vida, de perda de so­be­rania», que também foi um ano «de grandes ne­gó­cios para o ca­pital».

Con­si­derou «ver­go­nhoso falar de so­li­da­ri­e­dade e da ajuda do FMI, do BCE e da Co­missão Eu­ro­peia», já que estes vão re­ceber mais de 113 mil mi­lhões de euros num em­prés­timo de 78 mil mi­lhões. Con­denou as «fa­ci­li­dades con­ce­didas aos ban­queiros» e a anun­ciada in­jecção de cerca de cinco mil mi­lhões de euros no BCP e no BPI, ao mesmo tempo que são pe­didos mais sa­cri­fí­cios ao povo. Ar­ménio Carlos de­fendeu que é pre­ciso «dizer basta à po­lí­tica de um Go­verno que se verga pe­rante os cre­dores e não de­fende os in­te­resses na­ci­o­nais» – afir­mação pron­ta­mente se­guida de uma grande ovação, que se re­petiu quando o Se­cre­tário-geral da CGTP-IN afirmou a ne­ces­si­dade de uma po­lí­tica al­ter­na­tiva, «para criar mais e me­lhor em­prego e pro­mover uma mais justa re­par­tição da ri­queza», lem­brando al­gumas das pro­postas da cen­tral.

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Por di­reitos, sa­lá­rios e em­prego
e pelo Poder Local

 

A mo­bi­li­zação para estas ac­ções de maior en­ver­ga­dura de­corre a par de ou­tras lutas em em­presas e sec­tores, por todo o País, como se re­fere nas pá­ginas se­guintes.

Ainda no dia 6, quarta-feira, cerca de cinco mil pes­soas par­ti­ci­param na ma­ni­fes­tação na­ci­onal dos tra­ba­lha­dores da ad­mi­nis­tração local, des­fi­lando desde a sede do Con­selho de Mi­nis­tros até à As­sem­bleia da Re­pú­blica.

Tra­ba­lha­dores de mu­ni­cí­pios e fre­gue­sias de todo o País res­pon­deram ao apelo dos sin­di­catos da CGTP-IN no sector – o STAL e o STML – e dis­seram ao Go­verno e ao Par­la­mento que re­jeitam os cortes e con­ge­la­mentos sa­la­riais, a des­va­lo­ri­zação do tra­balho ex­tra­or­di­nário para me­tade, o roubo nos sub­sí­dios de fé­rias e de Natal, a chan­tagem para que as câ­maras in­vi­a­bi­lizem as mu­danças de po­si­ci­o­na­mento re­mu­ne­ra­tório por opção ges­ti­o­nária, a ex­tinção de fre­gue­sias, bem como a «re­forma» do sector em­pre­sa­rial local e as al­te­ra­ções que o Go­verno quer fazer na le­gis­lação la­boral.

Muitos destes es­ti­veram no Porto, no dia 9, e muitos ou­tros es­tarão em Lisboa no pró­ximo sá­bado – como afir­maram na re­so­lução que apro­varam dia 6, na qual in­cluíram um forte apelo à in­ten­si­fi­cação da luta dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções.

Para além da par­ti­ci­pação nas duas grandes ma­ni­fes­ta­ções da CGTP-IN, outro im­por­tante sector mo­bi­liza-se para dia 22: às 14.30 horas, em Lisboa (no Prín­cipe Real), mi­lhares de tra­ba­lha­dores da Função Pú­blica es­tarão em luta contra o roubo dos sa­lá­rios e sub­sí­dios, di­ri­gindo uma es­pe­cial in­ter­pe­lação ao Tri­bunal Cons­ti­tu­ci­onal.

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