Os gestores do caos mundial ...

Jorge Messias

«O  Con­gresso de De­pu­tados de Es­panha re­jeitou a cri­ação de uma co­missão de inqué­rito à crise fi­nan­ceira e ao caso do Ban­quia. A pro­posta foi re­cu­sada pelos votos dos de­pu­tados da mai­oria par­la­mentar de di­reita» (Agência Lusa, 13.6.012).

«Muitos leigos ob­ti­veram a púr­pura car­di­na­lícia... Por­tanto, porque não pensar em mu­lheres-car­deais, no fu­turo? Pensem só em mu­lheres como Mar­ga­reth Tat­cher e Ângela Merkel!» (Padre Je­suíta Eberhard von Gem­minger, Rádio Va­ti­cano, 22.7.2007).

«A Ci­vi­li­zação de­clina quando a Razão é vi­rada de ca­beça para baixo ou quando o egoísmo e a de­pra­vação, o feio e o cor­rupto são pro­mo­vidos como normas das ex­pres­sões so­ciais e cul­tu­rais … quando o Mal, sob di­versas más­caras, toma o lugar do Bem …» (Padre Peirs Compton, sa­cer­dote ca­tó­lico, em «A Cruz Par­tida», 1981).

«Os factos de­mons­tram que os países po­bres da União Eu­ro­peia não falam a mesma língua dos países ricos e su­gerem que as con­tra­di­ções de­cor­rentes do de­sen­vol­vi­mento de­si­gual do ca­pi­ta­lismo, bem como da re­cor­rência de as­si­me­trias an­tigas, tendem a de­sem­bocar no fim da moeda única … Só a luta de classes (e só ela) pode abrir uma saída para a crise, em­bora esta so­lução não pa­reça viável a curto prazo» (Portal bra­si­leiro «O Galo Ver­melho», Um­berto Mar­tins, co­men­tador e jor­na­lista).

Claro está que o Va­ti­cano não está iso­lado no co­ração de um ca­pi­ta­lismo tré­mulo mas ainda triun­fante. Ci­támos al­guns dos seus «links» e muitos ou­tros se po­de­riam men­ci­onar nas en­gre­na­gens de uma má­quina al­ta­mente com­plexa que pro­cura vergar o mundo aos in­te­resses do di­nheiro e dos que o pos­suem. Lem­bremos, de pas­sagem, as so­ci­e­dades se­cretas, as bolsas cam­biais, as em­presas de risco, as super-es­tru­turas mi­li­tares como a NATO e o Pen­tá­gono, as altas es­feras da ONU e da banca mun­dial, etc. É entre estes que o Va­ti­cano se en­concha pro­cu­rando, a todo o custo, manter o ano­ni­mato. Por isso a Cúria Ro­mana olha com pre­o­cu­pação as fontes que de­nun­ciam, pouco a pouco, aquilo que em sua casa se passa. E a «blin­dagem sa­grada» con­tinua por ora im­pe­ne­trável quanto aos ar­quivos se­cretos, à Com­pa­nhia de Jesus e ao pro­jecto de uma Nova Ordem Mun­dial, às re­la­ções do Pa­pado com os po­deres da «No­breza Negra», aos «pa­raísos fis­cais» que va­lo­rizam in­ces­san­te­mente o pro­duto dos grandes crimes laicos e re­li­gi­osos, à com­pleta ver­dade sobre a de­vas­sidão ecle­siás­tica, etc.

Até fi­nais do sé­culo XX, tudo ca­mi­nhou sobre rodas. O Va­ti­cano movia-se à von­tade onde e quando queria, fossem ga­bi­netes go­ver­na­men­tais ou cen­tros  ne­vrál­gicos dos apa­re­lhos mi­li­tares e bas­ti­dores de so­ci­e­dades se­cretas como a John Birch, a Ma­ço­naria, a CIA ou a Al-Qaeda. Os seus agentes ves­tiam as vestes que me­lhor con­vi­essem às cir­cuns­tân­cias. Todos os co­nhe­ciam e todos fin­giam não os co­nhecer.

Os grandes pro­blemas sur­giram a certa al­tura. Se o grande pro­jecto de uma Nova Ordem vinha de há muito nas suas li­nhas ge­rais, passou-se à con­cre­ti­zação do es­quema que mu­dasse a ci­vi­li­zação de base de­mo­crá­tica noutro mo­delo de base plu­to­crá­tica. A ace­le­ração da his­tória e a re­vo­lução tec­no­ló­gica ti­nham ge­rado duas si­tu­a­ções que vi­riam a con­duzir, a médio prazo, à rup­tura do sis­tema ca­pi­ta­lista, caso o grande ca­pital lhes não dei­tasse a mão: a cri­ação do Es­tado So­cial e a rá­pida mu­dança das con­di­ções de vida e dos modos de pro­dução. Es­tavam em risco va­lores in­to­cá­veis do ca­pi­ta­lismo, como a in­justa re­tri­buição do tra­balho, o fosso entre po­bres e ricos, a es­pe­cu­lação dos ca­pi­tais fi­nan­ceiros, etc. De­mons­trara-se ser ne­ces­sário agir e cortar a di­reito. As classes baixas de­viam ser es­ma­gadas, as classes mé­dias for­te­mente re­du­zidas e, a nível su­pe­rior, devem levar-se à fa­lência ou à fusão em­presas me­nores, dando aos grandes mo­no­pó­lios o tempo ne­ces­sário para «for­marem redes» ou seja, para se en­ten­derem entre si e ocu­parem as fun­ções de Es­tado velho, per­fei­ta­mente ana­cró­nicas e inú­teis.

Uma crise fi­nan­ceira fic­tícia seria o motor da gi­gan­tesca in­triga. À sua sombra sur­giria uma en­ti­dade mun­dial, global, com um só go­verno, uma só moeda, um só exér­cito e uma só re­li­gião. Os ban­queiros ti­nham des­truído o mundo do tra­balho. E eles pró­prios, no «pico» da sua glória, iriam gerir o Caos!

Sim­ples­mente, a Nova Era é só um Velho Pe­sa­delo.

À crise fic­tícia dos grandes se­nhores so­brepôs-se uma crise real que eles são in­ca­pazes de re­solver.

O Va­ti­cano está pro­fun­da­mente en­vol­vido nesta malha de Ma­fias que se en­tre­cruzam …



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