DERROTAR A POLÍTICA DAS TROIKAS

«Este Verão de 2012 é um tempo de luta – e de luta acesa»

No plano do com­bate à po­lí­tica de di­reita, a se­mana que passou ficou im­pres­si­va­mente mar­cada pelas im­por­tantes lutas le­vadas a cabo pelos pro­fes­sores e pelos mé­dicos. A con­firmar que, porque a gra­vi­dade da si­tu­ação a isso obriga, este Verão de 2012 é um tempo de luta – e de luta acesa.

No pri­meiro caso, a ma­ni­fes­tação or­ga­ni­zada pela FEN­PROF cons­ti­tuiu uma forte acção de pro­testo contra as in­ten­ções do Go­verno PSD/​CDS de, no quadro da sua ofen­siva contra o sis­tema edu­ca­tivo, des­pedir 20 mil pro­fes­sores no final deste mês de Julho, na­quele que seria o maior des­pe­di­mento co­lec­tivo ocor­rido de­pois do 25 de Abril. Tratou-se, por isso, de uma luta não apenas em de­fesa dos justos in­te­resses dos pro­fes­sores, mas também de uma firme res­posta a mais um brutal ataque da po­lí­tica de di­reita ao sis­tema edu­ca­tivo e à qua­li­dade do en­sino.

No caso dos mé­dicos, eles foram pro­ta­go­nistas de uma das mais sig­ni­fi­ca­tivas e re­le­vantes lutas de sempre no sector, com uma his­tó­rica adesão àquela que foi a maior greve de mé­dicos das úl­timas dé­cadas, e uma par­ti­ci­pação mas­siva na con­cen­tração re­a­li­zada junto ao Mi­nis­tério da Saúde, no pri­meiro dia da greve. Tratou-se, também neste caso, de uma luta de exi­gência de res­peito por di­reitos, os dos mé­dicos e os dos utentes, já que, como o Go­verno bem sabe, sem a car­reira mé­dica, sem o vín­culo pú­blico, não é pos­sível ga­rantir a con­ti­nui­dade do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde con­sa­grado na Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa.

Dado sig­ni­fi­ca­tivo foi o da enorme com­pre­ensão e apoio a estas lutas ma­ni­fes­tados pela imensa mai­oria dos utentes, fruto cer­ta­mente da cons­ci­ência por estes ad­qui­rida de que as ra­zões dos gra­vís­simos pro­blemas que, de forma cres­cente, as­solam os tra­ba­lha­dores e o povo, re­sidem na po­lí­tica com a qual os três par­tidos da po­lí­tica de di­reita – PS, PSD e CDS – têm vindo a de­vastar o País nos úl­timos trinta e seis anos – essa po­lí­tica an­ti­pa­trió­tica e de di­reita que urge subs­ti­tuir por uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda.

 

E porque este é um Verão de luta, aí está, também, em an­da­mento, a quin­zena de in­for­mação, es­cla­re­ci­mento e mo­bi­li­zação que, con­vo­cada pela CGTP-IN, tem vindo a fazer de múl­ti­plos lo­cais de tra­balho es­paços de dis­cussão e acção contra a re­visão da le­gis­lação la­boral de­cre­tada pelo Go­verno Passos/​Portas e pro­mul­gada pelo Pre­si­dente da Re­pú­blica, em frontal des­prezo e des­res­peito pela Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa – luta na qual está pre­sente a ideia de que às pre­o­cu­pa­ções de todos os anos com os pe­rigos de en­cer­ra­mento de em­presas no pe­ríodo de fé­rias, junta-se este ano um outro pe­rigo: o da ten­ta­tiva de, com as an­ti­cons­ti­tu­ci­o­nais al­te­ra­ções ao có­digo do tra­balho, re­tirar di­reitos, agravar a ex­plo­ração e des­pedir ar­bi­tra­ri­a­mente.

Igual­mente digno de re­fe­rência é o Pic-nic or­ga­ni­zado pela In­ter­jovem- CGTP-IN e pela ABIC (As­so­ci­ação dos Bol­seiros de In­ves­ti­gação Ci­en­tí­fica) – uma ini­ci­a­tiva que, no sá­bado pas­sado, juntou em Lisboa jo­vens de todo o País, afir­mando de forma inequí­voca que «o de­sem­prego e a pre­ca­ri­e­dade não são para aceitar, são para com­bater».

Esta firme de­ter­mi­nação de lutar, é tanto mais im­por­tante, opor­tuna e ne­ces­sária quanto, como a re­a­li­dade mostra todos os dias, tudo se agrava todos os dias para a imensa mai­oria dos por­tu­gueses: a eco­nomia con­tinua em queda – e tudo in­dica que assim con­ti­nuará; o de­sem­prego atinge mais de 1 mi­lhão e du­zentos mil tra­ba­lha­dores – e tudo in­dica que con­ti­nuará a au­mentar; os sa­lá­rios não chegam para comer – e tudo in­dica que cada vez che­garão menos na me­dida em que o custo de vida não vai parar de subir; etc., etc. Tudo isto ge­rando uma si­tu­ação de tra­gédia so­cial, em que mais de 3 mi­lhões de por­tu­gueses vivem na ex­trema mi­séria e ou­tros mi­lhões para lá ca­mi­nham.

Daí a ne­ces­si­dade im­pe­riosa de a luta con­ti­nuar, cada vez mais par­ti­ci­pada e mais forte, ob­jec­tivo pos­sível de con­cre­tizar como o com­prova o facto de crescer o nú­mero de por­tu­gueses a aper­ceber-se das causas da dra­má­tica si­tu­ação em que vivem e de que só com a luta é pos­sível der­rotar a po­lí­tica das troikas.

 Neste ce­nário de luta, o PCP con­tinua a levar por di­ante um vasto con­junto de ini­ci­a­tivas – festas, con­ví­vios, de­bates, al­moços e jan­tares de con­fra­ter­ni­zação – todas de­cor­rendo com boa par­ti­ci­pação e no bom am­bi­ente que ca­rac­te­riza a in­ter­venção do co­lec­tivo par­ti­dário.

Trata-se de ini­ci­a­tivas que, en­quanto parte in­te­grante da luta dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções – à qual os mi­li­tantes co­mu­nistas, com a sua in­ter­venção ac­tiva, dão um con­tri­buto de­ci­sivo – cons­ti­tuem, também elas, um im­por­tante factor para o pros­se­gui­mento e in­ten­si­fi­cação dessa luta.

O mesmo há que dizer da Festa do Avante!, cujo pro­cesso de cons­trução avança através das jor­nadas de tra­balho vo­lun­tário na Ata­laia e da acção de­sen­vol­vida pelas or­ga­ni­za­ções par­ti­dá­rias, le­vando por di­ante as muitas ta­refas que a cons­trução da Festa exige e que nunca é de­mais as­si­nalar: di­vul­gação; or­ga­ni­zação das ex­cur­sões; pre­pa­ração dos pro­dutos a vender nos vá­rios stands; or­ga­ni­zação dos turnos de ser­viço para os três dias de du­ração da Festa – e a venda das EP, de im­por­tância cru­cial sempre, visto tratar-se da fonte de re­ceita es­sen­cial da Festa. E para além de tudo isto, as or­ga­ni­za­ções par­ti­dá­rias pros­se­guem a cam­panha de re­forço do Par­tido - de­sig­na­da­mente re­cru­tando mais e mais mi­li­tantes, em grande parte jo­vens. Questão maior, esta, co­nhe­cido que é o papel de­ci­sivo de­sem­pe­nhado pelo PCP na si­tu­ação po­lí­tica ac­tual.