Fortunas são o dobro da dívida soberana

En­quanto os es­tados se en­di­vi­daram para lá dos li­mites sus­ten­tá­veis, as grandes for­tunas con­ti­nu­aram a au­mentar ou pelo menos per­ma­ne­ceram imunes aos bu­racos sem fundo da banca e do sis­tema fi­nan­ceiro.

A vaga de sal­va­mentos pú­blicos está a ser paga pelos tra­ba­lha­dores e a po­pu­lação em geral, a quem são re­ti­rados sa­lá­rios e di­reitos so­ciais, ao mesmo tempo que sobre eles recai o in­su­por­tável peso cres­cente dos im­postos.

A evi­dência é tal que o pres­ti­gioso Ins­ti­tuto Alemão de Es­tudos Eco­nó­micos (DIW) de Berlim veio, na se­mana pas­sada, propor que os mais afor­tu­nados con­tri­buam para re­solver a crise da zona euro, me­di­ante a obri­gação de com­prarem dí­vida pú­blica ou pa­garem um im­posto es­pe­cial sobre o seu pa­tri­mónio.

Na ver­dade, se­gundo o es­tudo pu­bli­cado no fim-de-se­mana pelo diário alemão, Süd­deutsche Zei­tung, com apenas 40 por cento da for­tuna dos ricos seria pos­sível pagar a to­ta­li­dade da dí­vida acu­mu­lada pelos es­tados da zona euro.

Os es­pe­ci­a­listas do DIW sa­li­entam que «é pre­ci­sa­mente nos países em crise que este tipo de ins­tru­mentos re­pre­senta uma opção ra­zoável, de modo a que as for­tunas pri­vadas, em parte muito con­cen­tradas, dêem a sua con­tri­buição para o re­fi­nan­ci­a­mento do Es­tado».

E dada a ele­mentar jus­tiça da ideia, o pró­prio mi­nistro alemão das Fi­nanças, Wolf­gang Schäuble, não foi capaz de a re­cusar, pre­fe­rindo qua­li­ficá-la de «um mo­delo in­te­res­sante». Mas logo veio o di­rector do Ins­ti­tuto de Es­tudos Eco­nó­micos de Ham­burgo (HWWI), Thomas Straubhaar, dis­sipar ilu­sões, no­tando que tais me­didas são de di­fícil apli­cação, como que a lem­brar que são os ricos que con­trolam o sis­tema e não o con­trário.



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