Em defesa do SNS, pela construção do novo Hospital

Marcha de Protesto em Gaia

Cen­tenas de pes­soas par­ti­ci­param na sexta-feira, 28 de Julho, na Marcha de Pro­testo pro­mo­vida pelo PCP, em Gaia, em de­fesa do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde.

«Quantos es­co­lhem hoje entre a co­mida e o me­di­ca­mento ou a ida ao hos­pital?»

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A marcha, em que par­ti­cipou Jorge Pires, membro da Co­missão Po­lí­tica do PCP, partiu da Ro­tunda de Sto. Ovídeo, per­cor­rendo as ruas da ci­dade até à Câ­mara Mu­ni­cipal de Gaia, onde os ma­ni­fes­tantes exi­giram a cons­trução (su­ces­si­va­mente adiada) do novo Hos­pital de Gaia e a ma­nu­tenção das di­fe­rentes va­lên­cias nas ur­gên­cias do Centro Hos­pi­talar Gaia/​Es­pinho: pneu­mo­logia, uro­logia, ci­rurgia vas­cular, ci­rurgia plás­tica, of­tal­mo­logia, otor­rino, entre ou­tras.

A esta acção de luta jun­taram-se muitos ma­ni­fes­tantes de Es­pinho, que de­pois de verem en­cer­radas as ur­gên­cias do seu Hos­pital e serem re­en­ca­mi­nhados para Gaia, são agora obri­gados a di­rigir-se ao Hos­pital de S. João ou Sto. An­tónio, no Porto.

Em nota di­vul­gada no pró­prio dia, a Co­missão Con­ce­lhia de Vila Nova de Gaia do PCP acusa o Go­verno – que en­tre­tanto anun­ciou que não iria des­qua­li­ficar as ur­gên­cias do Centro Hos­pi­talar Gaia/​Es­pinho – de «ocultar que o Centro Hos­pi­talar de Gaia/​Es­pinho é for­mal­mente um ser­viço de ur­gência po­li­va­lente, mas na prá­tica, fruto dos ser­viços e va­lên­cias que dispõe, fun­ciona como ser­viço de ur­gência mé­dico-ci­rúr­gica, como re­co­nhece o pró­prio re­la­tório da Co­missão de Re­a­va­li­ação da Rede Na­ci­onal de Emer­gência/​Ur­gência». Ou seja, su­blinha o PCP, o que o Mi­nis­tério veio agora dizer é que os ser­viços de ur­gência do hos­pital «se mantêm como po­li­va­lentes (no papel), mas com ser­viços e va­lên­cias de uma uni­dade mé­dico-ci­rúr­gica (na prá­tica)».

No do­cu­mento lembra-se ainda a exis­tência em Gaia de uni­dades de saúde pri­mária em risco de en­cerrar ou de di­mi­nuir o ho­rário de fun­ci­o­na­mento. «Acon­teceu às Uni­dades de Saúde Fa­mi­liar que não efec­tu­aram 50% das con­sultas pro­to­co­ladas com o mi­nis­tério. Por exemplo, no Centro de Saúde de Ar­co­zelo, que en­cerra agora às 18.00h e que em­purra para o Centro de Saúde de Es­pinho (a fun­ci­onar até às 22.00h) utentes das fre­gue­sias de Ar­co­zelo, Gul­pi­lhares e S. Félix da Ma­rinha».

Face a esta si­tu­ação, in­forma a Co­missão con­ce­lhia, o «Grupo Par­la­mentar do PCP apre­sen­tará na As­sem­bleia da Re­pú­blica pro­jectos de re­co­men­dação sobre a cons­trução do novo Centro Hos­pi­talar de Gaia/​Es­pinho, bem como sobre a re­a­ber­tura dos ser­viços e va­lên­cias nas ur­gên­cias para que estas sejam na prá­tica e for­mal­mente ser­viços de ur­gência po­li­va­lentes».

 

Ser­viços pri­vados crescem como co­gu­melos

 

Ao in­tervir na ini­ci­a­tiva, Jorge Pires lem­brou as re­du­ções de va­lên­cias re­gis­tadas nos úl­timos anos nas ur­gên­cias do Centro Hos­pi­talar, por acção de PS, PSD e CDS: «neu­ro­logia e neu­ro­ci­rurgia não tem mé­dico em per­ma­nência na ur­gência e fun­ciona com a cha­mada do mé­dico que está de ser­viço no aten­di­mento geral; uro­logia só fun­ciona a partir das 14.00h, sendo que fora do ho­rário de fun­ci­o­na­mento os do­entes são en­ca­mi­nhados para outro hos­pital. O mesmo se passa com as ur­gên­cias de otor­rino, of­tal­mo­logia e pneu­mo­logia, que en­cerram às 20.00h, e a ci­rurgia vas­cular que en­cerra à meia noite e trinta. Os TAC's são efec­tu­ados em Gaia, mas não existe mé­dico para ela­borar re­la­tório. Se­guem então para Lisboa e es­pera-se pelo re­la­tório que pode de­morar vá­rias horas. A Psi­qui­a­tria já foi abo­lida há cerca de dois, três anos».

En­quanto isso, fruto das po­lí­ticas dos úl­timos anos para o Ser­viço Na­ci­onal de Saúde, «crescem como co­gu­melos hos­pi­tais e uni­dades de saúde pri­vadas, se­guros de saúde, la­bo­ra­tó­rios clí­nicos pri­vados», de­nun­ciou Jorge Pires, ao mesmo tempo que se au­menta os custos su­por­tados pelos utentes na saúde pú­blica, quer por via das taxas mo­de­ra­doras, quer por via do au­mento de preços dos me­di­ca­mentos e di­mi­nuição de com­par­ti­ci­pa­ções, se en­cerra ser­viços e uni­dades, e se di­minui o pe­ríodo de pres­ta­ções de ser­viços.

«Quantos es­co­lhem hoje entre pagar a renda ou a pres­tação ao banco, entre a co­mida e o me­di­ca­mento ou a ida ao hos­pital?» – ques­ti­onou.

O di­ri­gente co­mu­nista cri­ticou ainda a po­lí­tica se­guida pela Câ­mara Mu­ni­cipal, acu­sando o exe­cu­tivo de ser «co-res­pon­sável, por omissão e inacção, pelo que se passa com o Centro Hos­pi­talar de Gaia/​Es­pinho e com os res­tantes ser­viços pú­blicos em Gaia».

 



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