Espaço Central é de visita obrigatória

O coração da Festa do Avante!

O Es­paço Cen­tral é o local nobre da Festa do Avante!, o seu co­ração: ali se evocam fi­guras e acon­te­ci­mentos mar­cantes da his­tória e da cul­tura por­tu­guesas; ali estão as grandes ex­po­si­ções po­lí­ticas e cul­tu­rais; ali está, no fundo, o Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês, a sua his­tória, as suas aná­lises, o seu pro­jecto, a sua luta.

No Es­paço Cen­tral terão lugar 14 de­bates sobre os mais va­ri­ados as­suntos

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O Es­paço Cen­tral marca todo o re­cinto da Festa do Avante!, desde logo pela sua im­po­nência e pelo es­mero da sua cons­trução. Mas é o seu con­teúdo que faz dele um es­paço me­mo­rável. Este ano, os mo­tivos de in­te­resse são mais do que muitos, a co­meçar pela ex­po­sição de fo­to­grafia O Tra­balho e os Tra­ba­lha­dores, reu­nindo ima­gens de 35 fo­tó­grafos e fo­to­jor­na­listas. Mas não é o único.

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Numa grande ex­po­sição po­lí­tica, in­ti­tu­lada Re­jeitar o pacto de agressão – Com o PCP, uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, dá-se des­taque à si­tu­ação do País de­cor­rente da ofen­siva que, a pre­texto da «crise», as troikas na­ci­onal e es­tran­geira estão a levar a cabo contra os tra­ba­lha­dores e o povo, ao ser­viço dos in­te­resses do grande ca­pital. Esta na­tu­reza de classe do pacto de agressão e das suas me­didas fi­cará par­ti­cu­lar­mente clara na ex­po­sição po­lí­tica.

Ainda nessa ex­po­sição será des­ta­cada a luta de massas como factor de­ter­mi­nante e de­ci­sivo para a der­rota da po­lí­tica de di­reita e para a con­cre­ti­zação de uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, no ca­minho da de­mo­cracia avan­çada e do so­ci­a­lismo. A ex­pli­ci­tação da po­lí­tica al­ter­na­tiva que o PCP propõe é outro dos vec­tores da ex­po­sição po­lí­tica do Es­paço Cen­tral, a par das prin­ci­pais pro­postas que a com­põem, no­me­a­da­mente a re­ne­go­ci­ação da dí­vida pú­blica nos seus prazos, juros e mon­tantes; a al­te­ração ra­dical da po­lí­tica fiscal, rom­pendo com o es­can­da­loso fa­vo­re­ci­mento da banca e dos grupos eco­nó­micos; a aposta na pro­dução na­ci­onal, a va­lo­ri­zação do mer­cado in­terno por via do au­mento dos sa­lá­rios e pen­sões e o apoio às micro, pe­quenas e mé­dias em­presas; a di­na­mi­zação ur­gente do in­ves­ti­mento pú­blico e a mo­der­ni­zação das forças pro­du­tivas.

Clara surge ainda a ideia de que apoiar e re­forçar o Par­tido é o passo mais con­se­quente e de­ci­sivo para dar sen­tido e força à luta em de­fesa dos di­reitos dos tra­ba­lha­dores e do povo, para dar com­bate à po­lí­tica de di­reita e re­jeitar o pacto de agressão, para afirmar uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda que abra ca­minho a uma vida me­lhor num Por­tugal com fu­turo. Será ainda des­ta­cada a im­por­tância da re­a­li­zação, no final do ano, do XIX Con­gresso do PCP.

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É também no Es­paço Cen­tral que está si­tuado o Ci­ne­a­vante!, cuja pro­gra­mação des­ta­cámos já numa edição an­te­rior, e três es­paços pri­vi­le­gi­ados para de­bater os mais va­ri­ados temas: o Fórum, o Au­di­tório e o À Con­versa Com... A es­pla­nada do Café da Ami­zade, a Loja da Festa e o prelo onde se fazia, antes do 25 de Abril, o Avante! e ou­tras pu­bli­ca­ções clan­des­tinas são al­gumas ra­zões adi­ci­o­nais a jus­ti­ficar uma vi­sita ao co­ração da Festa.

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Evo­ca­ções ne­ces­sá­rias

 

Em vá­rios pai­néis ex­po­si­tivos, co­lo­cados em di­versos lo­cais do Es­paço Cen­tral, evoca-se per­so­na­li­dades e acon­te­ci­mentos que fazem parte da his­tória do Par­tido e do País: Bento Gon­çalves, José Carlos Ary dos Santos, Adriano Cor­reia de Oli­veira, a Rádio Por­tugal Livre ou as fortes lutas de massas que mar­caram todo o ano de 1962.

 

Bento Gon­çalves

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No painel de­di­cado a Bento Gon­çalves, Se­cre­tário-geral do PCP desde 1929 e até à sua morte, em 1942, serão evo­cados os se­tenta anos sobre o seu as­sas­si­nato no Campo de Con­cen­tração do Tar­rafal, um ano de­pois de estar cum­prida a pena a que fora con­de­nado. Re­al­çadas serão também al­gumas das ca­rac­te­rís­ticas mar­cantes da sua per­so­na­li­dade, pa­tentes ao longo da sua curta vida, de apenas 40 anos: a ânsia de saber, o brio pro­fis­si­onal, o em­pe­nha­mento re­vo­lu­ci­o­nário, a mo­déstia.

Ope­rário no Ar­senal da Ma­rinha, Bento Gon­çalves des­tacou-se pelo apoio que deu à Con­fe­rência do PCP, de Abril de 1929, a partir da qual se cri­aram as con­di­ções ne­ces­sária à ac­tu­ação do Par­tido na clan­des­ti­ni­dade. De­sig­nado se­cre­tário-geral, pôs os seus co­nhe­ci­mentos e ener­gias no tra­balho de or­ga­ni­zação, na li­gação às massas, na ba­talha ide­o­ló­gica com­ba­tendo o sec­ta­rismo e ten­dên­cias anar­quistas e put­chistas, as­su­mindo a ta­refa da cons­trução dum ver­da­deiro par­tido mar­xista-le­ni­nista.

Preso em 1935, pouco de­pois de re­gressar do VII Con­gresso da In­ter­na­ci­onal Co­mu­nista, em Mos­covo, seria de­por­tado para Angra do He­roísmo e, pouco de­pois, para o Campo de Con­cen­tração do Tar­rafal, de onde não sairia com vida.

 

José Carlos Ary dos Santos

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Exemplo do in­te­lec­tual que tomou par­tido, que fez a sua opção po­lí­tica e de classe e soube en­con­trar e con­quistar o seu posto de mi­li­tante, José Carlos Ary dos Santos será evo­cado a pro­pó­sito do 75.º ani­ver­sário do seu nas­ci­mento. Os seus po­emas, par­ti­cu­lar­mente os que es­creveu entre 1974 e 1984, são como que a his­tória da Re­vo­lução de Abril, de que ele é, in­con­tes­ta­vel­mente, o Poeta.

Ao longo da sua ac­ti­vi­dade poé­tica, que se con­funde com a sua pro­funda sen­si­bi­li­dade po­lí­tica, Ary dos Santos in­te­grou o grande mo­vi­mento re­vo­lu­ci­o­nário de massas que trans­formou, em de­ter­mi­nado mo­mento, a face do nosso País, e per­cebeu a im­por­tância de­ci­siva da uni­dade e da co­esão par­ti­dá­rias – sempre, mas de forma par­ti­cular nos mo­mentos mais di­fí­ceis, nos mo­mentos em que cerrar fi­leiras é con­dição da con­dição de co­mu­nista.

Par­ti­ci­pante ac­tivo na luta po­lí­tica, através de uma in­ter­venção mi­li­tante in­tensa e con­tínua, uti­lizou as armas de que dis­punha o seu ta­lento: a sua imensa ca­pa­ci­dade de, através da po­esia e com uma no­tável sen­si­bi­li­dade po­lí­tica, dizer em cada mo­mento, com rigor ci­rúr­gico, as pa­la­vras ne­ces­sá­rias.

 

Adriano Cor­reia de Oli­veira

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Adriano Cor­reia de Oli­veira nasceu há 70 anos e deixou-nos há 30 – datas re­dondas, ambas, que não po­de­riam passar des­per­ce­bidas na Festa do Avante!. Du­rante a sua curta vida, fez o que sabia fazer me­lhor do que os me­lhores can­tores: cantar. Mas fez mais do que isso: criou e in­ter­pretou um vasto con­junto de can­ções que hoje cons­ti­tuem pa­tri­mónio da his­tória da re­sis­tência ao fas­cismo, da luta pela li­ber­dade e a de­mo­cracia, do pro­cesso re­vo­lu­ci­o­nário que se se­guiu ao 25 de Abril.

Mi­li­tante do PCP desde os 18 anos – al­tura em que lança o seu pri­meiro tra­balho dis­co­grá­fico –, Adriano foi o in­te­lec­tual lú­cido que soube fazer e as­sumir, com con­vicção e co­ragem, a sua opção de classe – es­co­lhendo o lado justo, ao qual per­ma­ne­ceria fiel du­rante toda a sua vida. Com a sua voz – firme, car­re­gada de ter­nura, bela, ad­mi­rável – com as suas can­ções e com a sua co­ragem, de­sa­fiou a re­pressão fas­cista, can­tando e com­ba­tendo a di­ta­dura.

En­tregue de corpo e alma à luta, faz do canto um ins­tru­mento de in­ter­venção re­vo­lu­ci­o­nária: canta nos co­mí­cios «elei­to­rais» da opo­sição an­ti­fas­cista; canta, so­li­dário com as lutas dos tra­ba­lha­dores e dos es­tu­dantes, em co­lec­ti­vi­dades po­pu­lares ou em salas de es­pec­tá­culo; canta em todo o lado onde a sua pre­sença, a sua voz, as suas can­ções, a sua co­ragem são ne­ces­sá­rias. A sua casa de Avintes foi tantas e tantas vezes dis­po­ni­bi­li­zada para reu­niões e re­fúgio de ca­ma­radas per­se­guidos pela PIDE.

 

Rádio Por­tugal Livre

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A Rádio Por­tugal Livre também será evo­cada no ano em que se cum­prem 50 sobre o início das trans­mis­sões. Emis­sora do PCP se­diada em Bu­ca­reste, ca­pital da Ro­ménia, a Rádio Por­tugal Livre rompeu a cen­sura e, ao longo dos 12 anos de emis­sões inin­ter­ruptas, no­ti­ciou o que o fas­cismo pre­tendia manter es­con­dido, mo­bi­lizou para aquelas que foram das mai­ores lutas de sempre contra o fas­cismo, ex­plicou a ori­en­tação do Par­tido para a Re­vo­lução De­mo­crá­tica e Na­ci­onal – que teria, em grande me­dida, con­sa­gração prá­tica com a Re­vo­lução de Abril.

 

1962: ano de vi­ragem na luta contra o fas­cismo

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Numa outra ex­po­sição pa­tente no Es­paço Cen­tral re­corda-se os 50 anos das im­por­tantes lutas contra o fas­cismo le­vadas a cabo ao longo do ano de 1962, um ano de vi­ragem na luta an­ti­fas­cista. Em Março, dá-se a cha­mada «crise aca­dé­mica», com de­zenas de mi­lhares de es­tu­dantes a de­cre­tarem o «luto» e a des­do­brarem-se em greves, reu­niões, con­cen­tra­ções e pro­testos, que se pro­lon­garam até final do ano lec­tivo. Nem a feroz vaga re­pres­siva de­sen­ca­deada im­pediu que as massas es­tu­dantis as­su­missem lugar des­ta­cado na re­sis­tência ao fas­cismo.

No 1.º de Maio dá-se aquela que foi, até então, a maior jor­nada de luta contra o fas­cismo. Só em Lisboa, mais de 100 mil pes­soas ma­ni­fes­taram-se nesse dia, en­fren­tando as forças re­pres­sivas pela noite dentro. Esta passou a ser, desde então, a mais im­por­tante data na re­sis­tência à di­ta­dura, em subs­ti­tuição do 5 de Ou­tubro, e con­so­lidou de­fi­ni­ti­va­mente a classe ope­rária como van­guarda da luta an­ti­fas­cista, ao mesmo tempo que der­ru­bava as ilu­sões le­ga­listas e gol­pistas ali­men­tadas pela bur­guesia li­beral.

Também em Maio, e res­pon­dendo igual­mente ao apelo do Par­tido, mi­lhares de as­sa­la­ri­ados ru­rais dos campos do Alen­tejo e do Ri­ba­tejo con­quis­taram as oito horas de tra­balho, aca­bando com a es­cra­vi­zante jor­nada de «sol a sol». Exer­cendo o que con­si­de­ravam ser um di­reito, fi­zeram do­brar o pa­tro­nato ao cabo de se­manas de in­tenso e tenaz con­fronto, apesar da re­acção vi­o­lenta dos agrá­rios e das forças re­pres­sivas da di­ta­dura.

No do­mingo às 15 horas, no es­paço À Con­versa Com... tem lugar um de­bate sobre estas im­por­tantes lutas, nas quais o Par­tido teve um papel de­ci­sivo, e que foram fun­da­men­tais para o der­rube da di­ta­dura, 12 anos de­pois.

 



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