CONSTRUIR A FESTA, LUTAR

«Roubar é a pro­fissão deste Go­verno. Roubar é o lema desta po­lí­tica»

A duas se­manas da re­a­li­zação da Festa do Avante!, impõe-se su­bli­nhar uma vez mais que a cons­trução dessa grande ini­ci­a­tiva cons­titui, no mo­mento ac­tual, a grande ta­refa do Par­tido, a ta­refa pri­o­ri­tária do nosso grande co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista. Trata-se, como é sa­bido, de uma ta­refa gi­gan­tesca, só pos­sível de con­cre­tizar através de uma in­ter­venção mi­li­tante in­tensa, dando res­posta às mil e uma exi­gên­cias que se nos co­locam. Na ver­dade, só um imenso es­forço co­lec­tivo nos per­mite cons­truir a bela ci­dade da Ata­laia, er­guendo as cen­tenas de pa­vi­lhões (cen­trais, das or­ga­ni­za­ções re­gi­o­nais e dos sec­tores); as­se­gu­rando as infra-es­tru­turas in­dis­pen­sá­veis; or­ga­ni­zando os múl­ti­plos ser­viços que hão-de as­se­gurar o bom fun­ci­o­na­mento da Festa nos três dias da sua du­ração. Só com igual es­forço é pos­sível levar por di­ante todo o pro­cesso de or­ga­ni­zação das ex­po­si­ções (as do Es­paço Cen­tral, as re­gi­o­nais e as te­má­ticas); dos de­bates; dos es­pec­tá­culos mu­si­cais; do Avan­te­atro; do Ci­ne­A­vante; e do Es­paço In­ter­na­ci­onal, e da Festa do Livro; e do Es­paço Ci­ência, e…. não es­que­cendo aqueles que serão, no plano po­lí­tico, os dois mo­mentos mai­ores da Festa: os co­mí­cios de aber­tura e de en­cer­ra­mento, ambos com a par­ti­ci­pação do Se­cre­tário-geral do Par­tido.

E é ainda graças a esse imenso es­forço co­lec­tivo que as or­ga­ni­za­ções re­gi­o­nais, para além de pre­pa­rarem a sua pre­sença na Festa (de­sig­na­da­mente com o ar­te­sa­nato e a gas­tro­nomia), pro­cedem à ta­refa cru­cial da di­vul­gação e pro­moção da ini­ci­a­tiva e da venda da EP – esta uma questão da maior re­le­vância, sa­bendo-se que as en­tradas per­ma­nentes são a mais im­por­tante fonte de fi­nan­ci­a­mento da Festa – e or­ga­ni­zando as ex­cur­sões que, de todo o País, trarão à Quinta da Ata­laia os ha­bi­tuais fre­quen­ta­dores da Festa mais os que pela pri­meira vez a vi­si­tarão e que, como é há­bito, pas­sarão a ser vi­si­tantes de todos os anos.

A Festa é, então, o re­sul­tado desse imenso es­forço co­lec­tivo, dessa mi­li­tância cons­ci­ente pro­ta­go­ni­zada por mi­lhares de ho­mens, mu­lheres e jo­vens unidos pelo ob­jec­tivo comum de tor­narem o seu par­tido cada vez mais forte e in­ter­ven­tivo, rumo à cons­trução de uma so­ci­e­dade li­berta de todas as formas de ex­plo­ração e opressão.

É tudo isso que faz da Festa do Avante! um es­paço sin­gular de fra­ter­ni­dade, de so­li­da­ri­e­dade, de ca­ma­ra­dagem, de ami­zade.

É tudo isso que faz dela, também, uma jor­nada de luta contra a po­lí­tica das troikas.

Com efeito, a Festa do Avante!, pela forma como é cons­truída e pelo seu con­teúdo po­lí­tico e cul­tural, é parte in­te­grante da luta das massas tra­ba­lha­doras e po­pu­lares, cons­ti­tuindo uma jor­nada de com­bate e, si­mul­ta­ne­a­mente, o re­car­regar de ba­te­rias ne­ces­sário para dar mais força às lutas do fu­turo ime­diato, que é in­dis­pen­sável que sejam cada vez mais par­ti­ci­padas e mais fortes.

A in­ten­si­fi­cação do afun­da­mento do País e da imensa vaga de aten­tados aos di­reitos e in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do povo, cons­ti­tuem os traços ca­rac­te­rís­ticos es­sen­ciais da ac­tual si­tu­ação po­lí­tica, eco­nó­mica e so­cial.

A vaga de roubos pros­segue, con­fir­mando ser essa a prá­tica em que o Go­verno se mostra mais eficaz. Roubar os tra­ba­lha­dores e o povo é a pro­fissão deste Go­verno. Roubar é lema desta po­lí­tica. E, com a apro­xi­mação da al­tura da apre­sen­tação do Or­ça­mento do Es­tado, surgem novas e pe­ri­gosas ame­aças de novos cortes e de novos ata­ques, no­me­a­da­mente a ameaça do roubo dos sub­sí­dios de fé­rias ou de Natal a todos os tra­ba­lha­dores. Isto para além dos muitos aten­tados já de­ci­didos, de que é exemplo a lei do ar­ren­da­mento, mais ade­qua­da­mente cha­mada lei dos des­pejos e que, a ser apli­cada, au­men­tará con­si­de­ra­vel­mente o já ele­vado nú­mero de sem-abrigo ge­rados pela po­lí­tica de di­reita.

Por seu lado, o grande pa­tro­nato não se poupa a es­forços para, com o apro­vei­ta­mento das al­te­ra­ções à le­gis­lação la­boral, fazer aquilo que me­lhor sabe fazer: au­mentar a ex­plo­ração. E nas fo­lhas sa­la­riais de muitos tra­ba­lha­dores, no final do mês de Agosto, muito pro­va­vel­mente es­tará pa­tente o roubo nas horas ex­tra­or­di­ná­rias. Mostra a ex­pe­ri­ência, no en­tanto, que também neste caso não es­tamos pe­rante uma ine­vi­ta­bi­li­dade e que a re­sis­tência dos tra­ba­lha­dores, nos sec­tores, em­presas e lo­cais de tra­balho, pode obrigar o pa­tro­nato a he­sitar ou a ceder. É essa re­sis­tência que é fun­da­mental levar por di­ante, como o têm es­tado a fazer mi­lhares de tra­ba­lha­dores em muitas em­presas. Disso são exem­plos, dignos de re­gisto, as lutas dos tra­ba­lha­dores do sector dos Trans­portes, da Pe­trogal/Sines, da Fun­frap e da Ba­ca­lhau Pas­coal (Aveiro) e da Re­noldy (San­tarém), entre ou­tras.

Como o PCP já de­mons­trou, da po­lí­tica de di­reita im­pul­si­o­nada pela troika ocu­pante nada mais há que es­perar senão o agra­va­mento do de­sastre na­ci­onal e das con­di­ções de tra­balho e de vida dos tra­ba­lha­dores e do povo. Esta po­lí­tica e os seus exe­cu­tores já deram so­bejas provas de que dali só pode vir mais do mesmo: mais roubos, mais di­fi­cul­dades, mais in­jus­tiças, mais afun­da­mento do País. É evi­dente que a raiz de todos os dramas ac­tuais vi­vidos pelos tra­ba­lha­dores e o povo está nesse ins­tru­mento si­nistro que é o pacto de agressão – que urge re­jeitar e der­rotar de­fi­ni­ti­va­mente.

Tudo isso co­loca na ordem do dia, como questão ful­cral, a questão da po­lí­tica al­ter­na­tiva e da al­ter­na­tiva po­lí­tica. Quanto à pri­meira, ela está aí, bem viva, nas pro­postas que o PCP, in­can­sa­vel­mente, tem vindo a apre­sentar. Quanto à se­gunda, é pre­ciso, im­pe­rioso e ur­gente cons­truí-la, con­quistá-la. Através da luta, pois claro.