CGTP-IN comenta dados do INE

Insistir só vai agravar

O desemprego continua a subir, enquanto a economia se afunda, mas a insistência do Governo e da troika na mesma política só poderá gerar mais desemprego e recessão.

A «austeridade» tem efeitos desastrosos

O aviso foi deixado pela CGTP-IN, a propósito das mais recentes estatísticas, publicadas na semana passada pelo INE. Na nota que divulgou à imprensa, dia 14, a central fez questão de lembrar que «as medidas que têm vindo a ser adoptadas são responsáveis por elevadas perdas no emprego e pela subida galopante do desemprego desde 2008».

Confirmando a crescente deterioração do mercado de trabalho e o aprofundamento da recessão, os dados vieram mostrar que a economia se contraiu, pelo sexto trimestre consecutivo e com uma variação homóloga (3,3%) superior à dos trimestres anteriores. A Intersindical cita o INE, a assinalar que «a redução mais acentuada do PIB foi determinada pelo comportamento da procura interna, que registou um contributo mais negativo que o verificado no primeiro trimestre de 2012, com particular destaque para o Investimento».

A central reafirma que «a política de direita, dita de austeridade, tem efeitos económicos e sociais desastrosos», uma vez que «os cortes nos salários, nas pensões de reforma e nos apoios sociais reflectem-se na redução do consumo das famílias, o que leva à variação negativa do investimento».

Destruição dramática

Na actual situação, «a destruição de postos de trabalho constitui o aspecto mais dramático», destacando a CGTP-IN que «o emprego teve uma das maiores diminuições de sempre». Esta queda é calculada pelo INE em 4,2 por cento, o que significa 205 mil pessoas, no período de um ano. A quebra ultrapassou os dez por cento na «indústria, construção e energia», mas a Inter ressalva que «não se trata apenas da crise na construção» e aponta números do Eurostat, também de dia 14: a produção industrial nacional caiu 4,4 por cento em Junho, face ao mesmo mês de 2011, enquanto a diminuição, na área do euro, foi de 2,1 por cento.

Os mais afectados pela destruição de empregos foram os trabalhadores com vínculos precários (cerca de 114 mil), mas os empregos com contratos permanentes diminuíram mais de 80 mil. A precariedade mantém-se elevada (21 por cento dos trabalhadores por conta de outrem).

O desemprego real ultrapassa os 22 por cento, atingindo mais de um milhão e 305 mil pessoas. A taxa oficial chegou a 15 por cento, registando cerca de 827 mil desempregados (mais 152 mil do que há um ano), 54 por cento dos quais procuram emprego há mais de 12 meses; mais de 200 mil estão sem trabalho há mais de dois anos.

A Intersindical sublinha a crescente importância da «Marcha contra o desemprego – pelo futuro de Portugal», que vai promover de 5 a 13 de Outubro, para «denúncia da política do Governo PSD/CDS e dos seus efeitos» e para «afirmação de alternativas».




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