Formação de maquinistas traz água no bico

Tramóia para agravar a exploração

Não são claras as ra­zões que levam a FER­NAVE (em­presa de­tida pela CP, Metro de Lisboa e REFER) a pro­mover o pri­meiro curso para for­mação de ma­qui­nistas. Mas ganha peso a hi­pó­tese de esta ser uma me­dida para re­duzir o preço da força de tra­balho (com o au­mento do de­sem­prego na classe), in­ten­si­fi­cando assim a ex­plo­ração.

A ini­ci­a­tiva foi anun­ciada pela pró­pria FER­NAVE que a jus­ti­fica face ao «quadro das al­te­ra­ções que se pers­pec­tivam do mo­delo de go­ver­nação e de gestão do sector fer­ro­viário na­ci­onal».

Ora tais al­te­ra­ções em pers­pec­tiva não são outra coisa que não seja a pri­va­ti­zação e a re­dução do sector fer­ro­viário, como é aliás o Go­verno a apontar no cha­mado Plano Es­tra­té­gico de Trans­portes (PET).

Daí que para o de­pu­tado co­mu­nista Bruno Dias, que sobre este as­sunto já pediu ex­pli­ca­ções ao Exe­cu­tivo, haja por trás da anun­ciada for­mação ou­tros ob­jec­tivos. Um, desde logo, é «passar para os fu­turos tra­ba­lha­dores a res­pon­sa­bi­li­dade e os custos da sua for­mação es­pe­cí­fica en­quanto ma­qui­nistas» (até hoje as­se­gu­rada pelas em­presas), con­forme de resto é dito pela FER­NAVE: «o valor da for­mação será in­te­gral­mente su­por­tado pelos can­di­datos».

O se­gundo ob­jec­tivo, é criar um nú­mero de ma­qui­nistas (com for­mação) muito acima das ne­ces­si­dades, o que ine­vi­ta­vel­mente ga­rante a exis­tência de um con­tin­gente de de­sem­pre­gados, re­du­zindo, por essa via, em muito, o preço desta força de tra­balho.

Em ter­ceiro lugar, na opi­nião do de­pu­tado do PCP, trata-se de fa­ci­litar a ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores pelas ope­ra­doras pri­vadas, a quem o Go­verno quer ofe­recer o sector.

«Em qual­quer dos casos, es­tamos pe­rante uma po­lí­tica des­fa­sada das ne­ces­si­dades do País e do sector, pois des­tina-se à cri­ação de de­sem­pre­gados qua­li­fi­cados e não de em­prego, à re­dução de sa­lá­rios e não à sua va­lo­ri­zação, à trans­fe­rência dos custos de for­mação das em­presas para os tra­ba­lha­dores», cons­tata Bruno Dias.

No texto que di­rigiu ao Mi­nis­tério da Eco­nomia, onde ques­tiona o com­por­ta­mento da FER­NAVE, no­me­a­da­mente a sua ins­tru­men­ta­li­zação en­quanto centro pú­blico de for­mação posto ao ser­viço dos in­te­resses ex­plo­ra­dores do ca­pital, Bruno Dias re­cusa ainda a ideia posta a cir­cular de que os novos ma­qui­nistas po­de­riam ter fu­turo imi­grando, de­sig­na­da­mente, para África.

O que não passa de «um logro», na pers­pec­tiva do de­pu­tado do PCP, já que «as ver­da­deiras ra­zões são fazer crescer a oferta muito acima da pro­cura» e, desta forma, re­duzir o preço da força de tra­balho também neste sector da ac­ti­vi­dade».

 

 

 

 



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