«Oposição» acusada de crimes
A alta comissária para os Direitos Humanos das Nações Unidas, a Human Rights Watch (HRW) e o relator da comissão de inquérito da ONU para a Síria admitem que a chamada «oposição síria» está a cometer todo o tipo de barbáridades na campanha para derrubar o governo de Bashar al-Assad.
Torturas, execuções e crianças-soldado estão entre as práticas
Dirigindo-se ao Conselho dos Direitos Humanos, Navi Pillay, insuspeita de simpatias para com o governo sírio, denunciou que «os grupos antigovernamentais estão a utilizar menores como soldados», crime ao qual acresce o «recurso a franco-atiradores que disparam contra civis» e as «torturas, detenções arbitrárias e execuções sumárias», práticas que, insistiu a responsável, se observam igualmente do lado do governo.
Pillay nunca havia admitido oficialmente as barbaridades cometidas pelos terroristas na Síria. As suas declarações – das quais se sublinham igualmente as reiteradas acusações de bombardeamentos pesados contra áreas civis, supostamente perpetrados pelas autoridades de Damasco –, surgem depois de o relator da Comissão da ONU para o território, Paulo Pinheiro, ter alertado para a progressão exponencial das «violações flagrantes dos direitos humanos em número, ritmo e intensidade».
No seu relatório, Pinheiro confirmou igualmente a «crescente e alarmante» presença de combatentes islamitas estrangeiros entre os milicianos e acusou-os de radicalizarem o conflito.
No mesmo sentido, a Human Rights Watch acusou os bandos armados de torturarem e executarem os prisioneiros, dando exemplos de mais de uma dúzia de casos documentados em Idleb, Alleppo ou Latakia.
Pinheiro e Pillay defendem que o Conselho de Segurança adopte uma posição interventiva na Síria, cujo objectivo, dizem, seria pôr termo ao conflito, posição que Rússia e China têm vetado.
Moscovo e Pequim defendem, antes de mais, que as potências imperialistas deixem de auxiliar os sublevados. O facto é que todas as semanas surgem elementos que atestam esse apoio.
Nos últimos dias, o exército do Líbano anunciou a confiscação de mais um carregamento de armas destinado aos mercenários sírios. Por outro lado, às mãos da chamada «oposição» terão chegado 400 toneladas de equipamento pesado, afirmou sexta-feira, 14, o britânico Times. Entre o material bélico estão mísseis terra-ar e lança-foguetes provenientes da Líbia.
O tráfico faz-se através da Turquia, onde, de acordo com um ex-oficial da CIA, Philip Giraldi, ouvido por um diário turco, estarão agentes secretos norte-americanos, franceses, alemães e britânicos em tarefas de suporte aos grupos armados.
Parte da sua missão será a triagem dos candidatos a mercenários, os quais poderão aumentar significativamente de número caso se confirme o acordo secreto firmado recentemente entre os EUA, a Arábia Saudita e um senhor da guerra iemenita para a transferência de milhares de jihadistas para a Síria.