Venezuela

A tiro ou seja como for....

Pedro Campos

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Apro­xima-se o 7 de Ou­tubro e as in­ten­ções da di­reita fas­cista estão cada vez mais claras por mais que o seu can­di­dato vista pele de cor­deiro e tenha um dis­curso man­sinho e cheio de pro­messas. Ca­priles Ra­donski jura a pés juntos con­ti­nuar com as «mis­sões» ac­tuais (às quais sempre se opôs), pro­mete ou­tras ao gosto do fre­guês e ainda mi­ra­bo­lantes au­mentos do or­de­nado mí­nimo. En­tre­tanto, es­conde o ver­da­deiro ca­rácter fun­do­mo­ne­ta­rista do seu pro­grama de go­verno e a vi­o­lência inata a todo o grupo fas­cista. Mas, claro, aquilo é gato es­con­dido com o rabo de fora...

Em prin­cípio de Se­tembro, David De Lima, ex-go­ver­nador re­gi­onal e ex-apoi­ante de Hugo Chávez, de­nun­ciou o «ca­rácter oculto» do pro­grama da opo­sição afir­mando que o mesmo eli­mi­naria os sub­sí­dios e pri­va­ti­zaria a em­presa pe­tro­lí­fera. Ad­vertiu igual­mente que o povo não dei­xaria roubar os be­ne­fí­cios de que des­fruta e que «Ca­priles é uma ameaça (...) porque essas ideias (ne­o­li­be­rais) põem em pe­rigo a paz da Ve­ne­zuela». Sobre De Lima caiu logo uma chuva de in­sultos. Dias de­pois, foi a vez de Wil­liam Ojeda, também ex-cha­vista e ac­tu­al­mente de­pu­tado pela re­acção. Re­feriu-se igual­mente a um «pa­cote oculto» que não podia aceitar e afirmou que não pac­tuava nem com «de­lí­rios eco­no­mi­cistas» nem com «ob­ses­sões ne­o­li­be­rais». Nova sa­rai­vada de in­sultos e o seu par­tido (Um Novo Tempo) sus­pendeu-o da mi­li­tância. Mas há mais. Or­lando Chi­rinos, se­cre­tário-geral do Co­mando Pi­edra, apoi­ante do can­di­dato da di­reita, di­vulgou, através da te­le­visão, que re­ti­rava o seu apoio a Ca­priles. Nova en­xur­rada de in­sultos e Ri­cardo Ko­es­ling (já vol­ta­remos a este su­jeito...) ex­pulsou-o do par­tido. Vão três, mas falta outro. Trata-se de Her­mánn Es­carrá, es­pe­ci­a­lista em di­reito cons­ti­tu­ci­onal e fi­gura de ine­gável pres­tígio me­diá­tico. Numa de­cla­ração pú­blica, de­nun­ciou que o do­cu­mento da MUD «as­si­nado a 23 de Ja­neiro (...) pelos pré-can­di­datos pre­si­den­ciais (os da opo­sição), é de­ses­tru­tu­rante da Re­pú­blica, agride de modo su­ma­mente sério a Cons­ti­tuição (...) e cria uma si­tu­ação na ordem so­cial es­pe­ci­al­mente de­li­cada». Na sequência destas re­ve­la­ções, a di­reita fas­cista «de­fendeu-se» ar­gu­men­tando que a «agenda oculta» não existia. Em jeito de res­posta a este ar­gu­mento, Es­carrá es­cla­receu: «Al­guém teve de ela­borar esse do­cu­mento que tem uma es­tru­tura ló­gica do ca­pi­ta­lismo mais sel­vagem», e que «des­preza a dou­trina so­cial da Igreja». Es­carrá acres­centou que um tal pro­grama le­vará o país ao caos em poucos meses...

Cor­rupção à solta...

No meio destes ter­re­motos po­lí­ticos, apa­receu outro de igual mag­ni­tude. Um de­pu­tado cha­vista di­vulgou na te­le­visão um vídeo de um dos prin­ci­pais po­lí­ticos da opo­sição no mo­mento em que re­cebia um su­borno mi­li­o­nário, ale­ga­da­mente de um em­pre­sário, para a cam­panha pre­si­den­cial, e no diá­logo ouve-se cla­ra­mente a in­tenção de um en­contro com Ca­priles. Trata-se de Juan Carlos Cal­dera, de­pu­tado e jovem es­pe­rança da di­reita fas­cista, can­di­dato a um dos mu­ni­cí­pios da ca­pital para as pró­ximas elei­ções e prin­cipal re­pre­sen­tante da di­reita ante o CNE (desde 2004). Poucos mi­nutos de­pois da apre­sen­tação do vídeo, Ca­priles apa­receu na te­le­visão e tratou de se des­ligar do as­sunto ex­pul­sando-o do seu par­tido.... sem juízo de ne­nhum tipo!

Neste mo­mento a pá­gina web deste de­pu­tado está «de­sac­ti­vada para tra­ba­lhos de ma­nu­tenção»!

... e vi­o­lência à vista!

«Ca­priles Ra­donski será o pró­ximo pre­si­dente da Ve­ne­zuela e vamos correr com os cha­vistas a tiro, a pa­tadas, a votos... seja como for...» Esta é a ver­da­deira face do fas­cismo e ela é con­fir­mada pelo já re­fe­rido Ri­cardo Ko­es­ling. Ad­vo­gado, como Ca­priles, des­co­nhece igual­mente que as em­bai­xadas são ter­ri­tó­rios in­vi­o­lá­veis, pelo que ti­veram ambos papel do­mi­nante na ten­ta­tiva de as­salto à re­pre­sen­tação di­plo­má­tica cu­bana du­rante os dias do golpe de Es­tado de Abril 2002. A de­cla­ração foi feita numa es­tação de rádio da di­reita (são dessa cor a mai­oria delas) e foi tão es­can­da­losa que a en­tre­vis­ta­dora tratou de lhe su­a­vizar as pa­la­vras, coisa que não con­se­guiu pelo que optou por uma pausa para anún­cios co­mer­ciais... Ko­es­ling é um re­ne­gado an­ti­cas­trista es­trei­ta­mente li­gado ao ter­ro­rista Luis Po­sada Car­riles...

Caso iso­lado? Nem pensar! Na mesma se­mana, Edu­ardo Semtei, co­or­de­nador do co­mando elei­toral de Ca­priles, afirmou numa en­tre­vista que o que vem «es plomo cer­rado», ou seja «fogo cer­rado»...

Isto é que é falar claro! Já sa­bemos o que se pas­saria se a di­reita ga­nhasse as pró­ximas elei­ções.



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