COMBATIVIDADE, DETERMINAÇÃO E CONFIANÇA

«Fazer do 14 de No­vembro um dia de forte luta dos tra­ba­lha­dores e do povo: eis a ta­refa»

O tempo que vi­vemos é fértil em acon­te­ci­mentos mar­cantes – ne­ga­tivos, sempre que na sua origem estão de­ci­sões do Go­verno; po­si­tivos, quando da luta das massas tra­ba­lha­doras se trata.

Exemplo disso no pri­meiro caso é, para não ir mais longe no tempo, o Or­ça­mento do Es­tado apre­sen­tado na pas­sada se­gunda-feira – um OE de de­sastre na­ci­onal, ge­rador de mais ex­plo­ração e mais po­breza para a imensa mai­oria dos por­tu­gueses, de pros­se­gui­mento da des­truição da ac­ti­vi­dade eco­nó­mica e de saque aos re­cursos na­ci­o­nais; um roubo brutal, mais um, aos tra­ba­lha­dores e ao povo por­tu­guês em be­ne­fício, como sempre, do grande ca­pital na­ci­onal e es­tran­geiro; por tudo isso, um OE a con­firmar a ne­ces­si­dade ur­gente de pôr termo a esta po­lí­tica e ao go­verno que a exe­cuta e de impor uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda.

A cres­cente in­ten­si­fi­cação e o alar­ga­mento da luta contra a po­lí­tica de di­reita, o pacto das troikas e o go­verno de ser­viço a essa po­lí­tica e a esse pacto, cons­titui o dado mais re­le­vante da si­tu­ação ac­tual – uma si­tu­ação que nos mostra, igual­mente, o cres­cente iso­la­mento do Go­verno PSD/​CDS, acos­sado pela luta das massas tra­ba­lha­doras e po­pu­lares e pela erosão da sua base so­cial de apoio.

É neste quadro que deve ser ava­liado o as­si­na­lável êxito da Marcha Contra o De­sem­prego que evi­den­ciou, de forma inequí­voca, a com­ba­ti­vi­dade, a de­ter­mi­nação e a con­fi­ança das massas tra­ba­lha­doras e con­firmou a sua dis­po­ni­bi­li­dade de luta.

Além dos muitos mi­lhares de tra­ba­lha­dores que nela par­ti­ci­param, de Norte a Sul do País, a Marcha re­cebeu um sig­ni­fi­ca­tivo apoio nas inú­meras lo­ca­li­dades por onde passou, com as po­pu­la­ções a sau­darem os par­ti­ci­pantes e a ma­ni­fes­tarem a sua so­li­da­ri­e­dade. Cul­mi­nando com as ma­ni­fes­ta­ções em Lisboa e a con­cen­tração junto à As­sem­bleia da Re­pú­blica, a Marcha deixou claro que a luta vai con­ti­nuar mais par­ti­ci­pada e mais forte.

De enorme sig­ni­fi­cado foram, também, as ac­ções em de­fesa da Cul­tura re­a­li­zadas no sá­bado.

A greve geral con­vo­cada para 14 de No­vembro, na con­ti­nui­dade da in­ten­si­fi­cação da acção das massas nos úl­timos tempos, apre­senta-se como um mo­mento alto da luta dos tra­ba­lha­dores, a exigir, por isso, todos os cui­dados na sua pre­pa­ração. Re­pe­tindo o que nunca é de­mais re­petir, a greve geral co­loca enormes exi­gên­cias aos seus cons­tru­tores: exi­gên­cias no es­cla­re­ci­mento e na mo­bi­li­zação dos tra­ba­lha­dores, mos­trando-lhes a im­por­tância de­ci­siva da sua par­ti­ci­pação e de­mons­trando-lhes que a luta é, não apenas ne­ces­sária mas que vale a pena – e que ela é o ca­minho para dar a volta à si­tu­ação, pois só ela po­derá pôr termo à po­lí­tica das troikas e con­quistar uma po­lí­tica ao ser­viço dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País.

 Também não é de­mais re­petir que para o co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista, o con­tri­buto para o êxito da greve geral é, na si­tu­ação ac­tual, a ta­refa pri­o­ri­tária – a par, ob­vi­a­mente, da pre­pa­ração desse outro mo­mento alto, neste caso para o PCP, que é o XIX Con­gresso.

Fazer do 14 de No­vembro um dia de luta dos tra­ba­lha­dores e do povo em de­fesa da sua dig­ni­dade, das suas con­di­ções de vida e do fu­turo do País: eis a ta­refa.

Até lá, en­tre­tanto, muito há que lutar – e todas as lutas tra­vadas até ao dia da greve geral cons­ti­tuem passos im­por­tantes no sen­tido do seu êxito. As lutas rei­vin­di­ca­tivas nos sec­tores, nas em­presas e nos lo­cais de tra­balho, cons­ti­tuem ala­vancas es­sen­ciais para as­se­gurar o de­sen­vol­vi­mento da luta geral contra a ex­plo­ração e a po­lí­tica de di­reita. Outro pico da luta será a con­cen­tração mar­cada para a As­sem­bleia da Re­pú­blica, no dia 31 de Ou­tubro, na al­tura da vo­tação do Or­ça­mento do Es­tado. E não lhe fi­cará atrás a já anun­ciada «re­cepção» a Ângela Merkel por oca­sião da sua vinda a Por­tugal – de­pois de ter ido à Grécia e no mesmo jeito de re­pre­sen­tante da po­tência co­lo­nial a vi­sitar os co­lo­ni­zados.

O XIX Con­gresso é, então, no mo­mento ac­tual, a outra ta­refa grande ta­refa pri­o­ri­tária dos mi­li­tantes co­mu­nistas. E que ta­refa!

Num par­tido como o PCP, a pre­pa­ração de um con­gresso é sempre um mo­mento que põe à prova a ca­pa­ci­dade de in­ter­venção dos seus mi­li­tantes. Por um lado, porque essa pre­pa­ração não pode levar o Par­tido a alhear-se da si­tu­ação do País e da ne­ces­si­dade de lhe dar a res­posta ade­quada – bem pelo con­trário, o Par­tido tem que estar no seu lugar de todos os dias: a pri­meira fila da luta de massas – e na si­tu­ação que vi­vemos, com um go­verno e uma po­lí­tica de­vas­ta­dora à solta, essa par­ti­ci­pação co­loca mai­ores res­pon­sa­bi­li­dades ao par­tido da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores. Por outro lado, porque as con­clu­sões do Con­gresso do PCP, em con­traste com o que se passa nos res­tantes par­tidos, serão o re­sul­tado da re­flexão in­di­vi­dual e co­lec­tiva de muitos mi­lhares de mi­li­tantes, num pro­cesso que, como é o caso ac­tual, foi ini­ciado no início do ano e está ac­tu­al­mente em curso através do amplo de­bate tra­vado em todas as or­ga­ni­za­ções par­ti­dá­rias em torno dos pro­jectos de Al­te­ração ao Pro­grama e da Re­so­lução Po­lí­tica. Esse pro­jectos, eles pró­prio ela­bo­rados a partir da in­ter­venção do co­lec­tivo par­ti­dário, serão agora en­ri­que­cidos com as opi­niões e as pro­postas re­sul­tantes do de­bate em curso – ga­ran­tindo-se, assim, que as con­clu­sões do Con­gresso a re­a­lizar em 30 de No­vembro e 1 e 2 de De­zembro, não de­cor­rerão apenas da opi­nião dos de­le­gados: in­cor­po­rarão, também, a opi­nião e a von­tade do nosso grande co­lec­tivo par­ti­dário. Para que as ori­en­ta­ções e me­didas apro­vadas co­lec­ti­va­mente sejam, de­pois, apli­cadas co­lec­ti­va­mente.

É assim – de forma sin­gular no quadro par­ti­dário na­ci­onal – que en­ten­demos e apli­camos a de­mo­cracia par­ti­dária.