Milhares na chegada da Marcha
Contra o Desemprego

A manifestação do adeus

Na ma­ni­fes­tação de en­cer­ra­mento da Marcha Contra o De­sem­prego, mi­lhares de pes­soas jun­taram-se às co­lunas saídas do Minho e do Al­garve. Muitas ace­navam com lenços brancos, a su­bli­nhar a exi­gência mais re­pe­tida no dia 13 pelos ma­ni­fes­tantes, desde a Ala­meda D. Afonso Hen­ri­ques e o Cais do Sodré até à Praça da Fi­gueira e à As­sem­bleia da Re­pú­blica: mudar, quanto antes, de Go­verno e de po­lí­tica.

A luta con­tinua e vai voltar à rua

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«Esta não foi a acção da la­múria, do apelo ao as­sis­ten­ci­a­lismo e à ca­ri­dade, que al­guns pen­savam», «foi uma acção de de­núncia e com­bate, contra uma po­lí­tica que pre­tende negar o pre­sente e que quer hi­po­tecar o fu­turo de quem vive e tra­balha em Por­tugal» e «também foi uma po­de­rosa de­mons­tração da von­tade de mu­dança de po­lí­tica, que dê res­posta, no­me­a­da­mente, ao fla­gelo do de­sem­prego, que afecta mais de um mi­lhão e 400 mil tra­ba­lha­dores». A clas­si­fi­cação, vi­va­mente aplau­dida pelos mi­lhares de tra­ba­lha­dores que en­chiam o largo fron­teiro ao Par­la­mento, foi feita por Ar­ménio Carlos.

Logo no início da in­ter­venção de en­cer­ra­mento da Marcha Contra o De­sem­prego, o Se­cre­tário-geral da CGTP-IN fez questão de no­mear, um a um, os 55 «per­ma­nentes» que par­tiram no dia 5 e fi­zeram todo o ca­minho até Lisboa, como nú­cleo de uma acção que mo­bi­lizou mi­lhares de de­sem­pre­gados, tra­ba­lha­dores com sa­lá­rios em atraso, tra­ba­lha­dores que aguardam há anos o pa­ga­mento de cré­ditos, tra­ba­lha­dores com vín­culos pre­cá­rios (em es­pe­cial, jo­vens) e tra­ba­lha­dores, em geral, bem como pen­si­o­nistas e re­for­mados.

A etapa final ar­rancou cerca das 15.30 horas. Da es­tação flu­vial do Cais do Sodré, vinda de Al­mada, partiu a «co­luna Sul», pela Ri­beira das Naus, Ter­reiro do Paço e Rua da Prata. A «co­luna Norte» desceu em passo ace­le­rado a Ave­nida Al­mi­rante Reis, com breves pa­ra­gens, para men­sa­gens de sau­dação e apoio, junto às sedes do Mo­vi­mento De­mo­crá­tico de Mu­lheres (uma de­le­gação do MDM in­te­grou de­pois a ma­ni­fes­tação) e da Con­fe­de­ração Por­tu­guesa das Co­lec­ti­vi­dades (onde um di­ri­gente da CGTP-IN re­alçou o apoio re­ce­bido pelos mar­chantes por parte das as­so­ci­a­ções po­pu­lares em vá­rias lo­ca­li­dades).

Um emo­ci­o­nado abraço dos dois con­du­tores dos carros de som que en­ca­be­çavam cada co­luna marcou o mo­mento em que ambas se en­con­traram, cerca das 16.45, na Praça da Fi­gueira, onde eram es­pe­radas por Ar­ménio Carlos e ou­tros di­ri­gentes da cen­tral.

Da con­fluência se­guiu, in­can­sável e de­ter­mi­nado, um rio de ho­mens, mu­lheres e jo­vens, com car­tazes e faixas iden­ti­fi­cando sec­tores e or­ga­ni­za­ções ou ape­lando à greve geral, mas também com placas ar­te­sa­nais, a ex­pressar o que ia na alma de cada um. As pa­la­vras de ordem eram gri­tadas com força, afir­mando que «o povo unido ja­mais será ven­cido» e que «a luta con­tinua, nas em­presas e na rua». Mas era a cantar «está na hora de o Go­verno se ir em­bora» que se agi­tava os lenços brancos. Ao passar perto de Je­ró­nimo de Sousa e da de­le­gação do PCP, ouviu-se também «a marcha avança, com toda a con­fi­ança».

Com forte emoção, os par­ti­ci­pantes per­ma­nentes, à ca­beça da ma­ni­fes­tação, che­garam pouco de­pois das 18 horas junto do palco móvel, no largo vi­giado pelos leões da es­ca­daria de S. Bento, ocu­pada nessa al­tura por de­zenas de po­lí­cias. Pela apa­re­lhagem so­nora, uma di­ri­gente in­for­mava que os úl­timos ma­ni­fes­tantes ainda su­biam a Rua do Carmo.

Antes de Ar­ménio Carlos, in­ter­vi­eram De­o­linda Za­ca­rias, do Mo­vi­mento dos Tra­ba­lha­dores De­sem­pre­gados, em nome dos mar­chantes (de­pois en­tre­garia ao Se­cre­tário-geral da In­ter­sin­dical o seu co­lete re­flector, au­to­gra­fado por todos os que es­ti­veram na es­trada estes oito dias) e Fi­lipa Costa, da In­ter­jovem.




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