Jerónimo de Sousa no Porto

Perigos e potencialidades

In­ter­vindo na aber­tura do en­contro qua­dros do Porto, o Se­cre­tário-geral do Par­tido sa­li­entou a «cru­cial im­por­tância» de que se re­vestem as Teses/Pro­jecto de Re­so­lução Po­lí­tica, tanto pelas aná­lises que pro­põem como pelas ori­en­ta­ções que de­finem para o re­forço do Par­tido e para a afir­mação da sua al­ter­na­tiva po­lí­tica. Dei­xando de lado, por ra­zões de tempo, di­versas ques­tões de aná­lise, o Se­cre­tário-geral do Par­tido cen­trou-se em al­gumas das teses cen­trais pro­postas no do­cu­mento.

Re­la­ti­va­mente à si­tu­ação in­ter­na­ci­onal, o di­ri­gente do Par­tido su­bli­nhou o «con­texto de par­ti­cular com­ple­xi­dade e im­por­tância» em que se re­a­liza o Con­gresso, «quer para a nossa pró­pria luta no ter­reno na­ci­onal quer para a luta eman­ci­pa­dora dos tra­ba­lha­dores e dos povos». Sa­li­en­tando estar-se pe­rante um quadro de «aguda crise global do sis­tema ca­pi­ta­lista», Je­ró­nimo de Sousa re­alçou a di­fe­rença exis­tente entre esta e an­te­ri­ores crises, tanto por se «es­tender a todo o globo» como por se ex­pressar em si­mul­tâneo nos planos fi­nan­ceiro, eco­nó­mico, ener­gé­tico, das ma­té­rias-primas e eco­ló­gico.

Outra das ten­dên­cias re­ve­lada nas Teses e su­bli­nhada por Je­ró­nimo de Sousa é a re­acção das grandes po­tên­cias ao seu de­clínio eco­nó­mico: «ace­le­ração da con­cen­tração do poder eco­nó­mico nos grandes grupos se­di­ados nos prin­ci­pais pólos do ca­pi­ta­lismo (EUA, UE, Japão), com im­pacto ao nível dos es­tados, hoje em pro­cesso de re­con­fi­gu­ração». Assim, nos países mais po­de­rosos dá-se um pro­cesso de «for­ta­le­ci­mento do Es­tado e de acen­tu­ação da sua ver­tente re­pres­siva» en­quanto que na pe­ri­feria o «ob­jec­tivo do im­pe­ri­a­lismo é en­fra­quecer o poder e a so­be­rania dos es­tados». O im­pe­ri­a­lismo está, assim, «em­pe­nhado numa ver­da­deira re­co­lo­ni­zação pla­ne­tária».

Só a luta trans­forma

A brutal ofen­siva que o ca­pi­ta­lismo tem em curso tem en­con­trado, sa­li­entou Je­ró­nimo de Sousa, «uma cres­cente re­sis­tência e luta dos povos». Para o di­ri­gente co­mu­nista, a frente anti-im­pe­ri­a­lista, «na sua ex­tra­or­di­nária di­ver­si­dade de com­po­nentes e num quadro de con­so­li­dação e avanços, mas também de re­cuos, ca­rac­te­rizou-se pela re­sis­tência à ofen­siva ex­plo­ra­dora e agres­siva do im­pe­ri­a­lismo», o que, a par do for­ta­le­ci­mento da luta, «abre as portas à pos­si­bi­li­dade de avanços pro­gres­sistas e re­vo­lu­ci­o­ná­rios».

O Se­cre­tário-geral do PCP re­feriu ainda que «a exis­tência e for­ta­le­ci­mento de par­tidos co­mu­nistas or­ga­ni­zados, li­gados às massas e às res­pec­tivas re­a­li­dades na­ci­o­nais, ad­quire uma ex­tra­or­di­nária im­por­tância e a ne­ces­si­dade cada vez mais pre­mente de uma rup­tura re­vo­lu­ci­o­nária que tenha o so­ci­a­lismo como ob­jec­tivo».

Ter­mi­nando a apre­sen­tação do pri­meiro ca­pí­tulo das Teses, Je­ró­nimo de Sousa re­a­firmou que «num quadro de de­sen­vol­vi­mento da luta, grandes pe­rigos de re­gressão ci­vi­li­za­ci­onal co­e­xistem com grandes po­ten­ci­a­li­dades de trans­for­mação pro­gres­sista e re­vo­lu­ci­o­nária» A luta dos tra­ba­lha­dores e dos povos, acres­centou, «pode al­cançar im­por­tantes con­quistas e pode impor trans­for­ma­ções de­mo­crá­ticas, po­pu­lares, an­ti­mo­no­po­listas e anti-im­pe­ri­a­listas».

Je­ró­nimo de Sousa apre­sentou ainda os ou­tros ca­pí­tulos das Teses, bem como as prin­ci­pais pro­postas de al­te­ração ao Pro­grama do Par­tido.

 



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