Estatuto do bolseiro

Problemas persistem

Foram chum­bados os pro­jectos de re­so­lução do PCP e do BE que pe­diam a ces­sação de vi­gência do de­creto-lei sobre o es­ta­tuto do bol­seiro de in­ves­ti­gação. Já as al­te­ra­ções pro­postas pelo PS no quadro da apre­ci­ação par­la­mentar por si re­que­rida àquele di­ploma go­ver­na­mental, em de­bate sexta-feira pas­sada, bai­xaram à co­missão.

O de­pu­tado co­mu­nista Mi­guel Tiago ex­plicou as ra­zões pelas quais o PCP sus­tenta a re­vo­gação do di­ploma, adi­an­tando que o mesmo surge «para dar co­ber­tura a um re­gu­la­mento da FCT que foi feito à margem da lei». Do seu ponto de vista, o de­creto-lei, em vez de re­solver, agrava a maior parte das ques­tões e dos pro­blemas que já se sentem hoje entre os bol­seiros.

Que o de­creto-lei «me­lhora o es­ta­tuto do bol­seiro», «tem como «único ob­jec­tivo» a sua «pro­tecção» e que as «me­lho­rias» nele in­tro­du­zidas «vão ao en­contro da re­co­men­dação do Pro­vedor de Jus­tiça», sus­tentou, por seu lado, a se­cre­tária de Es­tado da Ci­ência, Maria Le­onor Par­reira.

Visão esta con­tes­tada por Mi­guel Tiago, para quem, ao invés, o di­ploma «não marcha no ca­minho da re­so­lução dos pro­blemas». É que, as­si­nalou, mantém a des­va­lo­ri­zação destes tra­ba­lha­dores al­ta­mente qua­li­fi­cados e que são ile­gi­ti­ma­mente co­lo­cados nas ins­ti­tui­ções através dessa fi­gura que é a de bol­seiro de in­ves­ti­gação. Uma des­va­lo­ri­zação con­su­mada quer pela via sa­la­rial quer pelo não re­co­nhe­ci­mento dos seus di­reitos fun­da­men­tais.

«Na prá­tica a bolsa de in­ves­ti­gação ci­en­tí­fica vai ser­vindo para a ci­ência como o re­cibo verde serve de forma ilegal para a pre­ca­ri­e­dade no mundo do tra­balho», acusou Mi­guel Tiago.

Fez ainda notar que este é um di­ploma que as­sume par­ti­cular gra­vi­dade ma questão da ac­ti­vi­dade lec­tiva. O Go­verno o que faz, além de manter os prin­ci­pais cons­tran­gi­mentos do seu es­ta­tuto, é im­pedir o bol­seiro de le­gi­ti­ma­mente poder di­na­mizar uma ac­ti­vi­dade lec­tiva, muitas vezes com­ple­mento não só em termos ci­en­tí­ficos como também no plano sa­la­rial.

Por outro lado, na pers­pec­tiva do PCP, não re­solve a pre­ca­ri­e­dade, a questão da Se­gu­rança So­cial e os di­reitos dos bol­seiros, no­me­a­da­mente no plano do di­reito às fé­rias, ao sub­sídio de ma­ter­ni­dade, às pres­ta­ções so­ciais.

As­pectos que só serão ul­tra­pas­sados, na perspc­tiva do PCP, quando houver o re­co­nhe­ci­mento pleno da re­lação la­boral e o es­ta­be­le­ci­mento de um con­trato de tra­balho entre o bol­seiro e a sua ins­ti­tuição.

 



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