O governo «morto-vivo»

Carlos Gonçalves

Vivemos um avanço vi­go­roso da luta de classes e de massas, em que a his­tória está a ace­lerar e se de­cide o pre­sente e o fu­turo dos tra­ba­lha­dores, do povo e do país. Esta po­lí­tica de di­reita, de trinta e seis anos de de­clínio, en­trou, com o pacto de agressão, de roubo e de­sastre na­ci­onal, numa fase em que são cada vez mais «os de baixo» que «não querem» viver como até aqui, e são também cada vez mais «os de cima» que dão sinal de que «não podem» con­ti­nuar por este ca­minho.

A este res­peito, anda por aí a tese de que «o Go­verno está morto». Nela se em­pe­nham cri­a­turas muito di­versas, de áreas e sec­tores (longe dos tra­ba­lha­dores) que cons­tatam a des­graça e apontam a ne­ces­si­dade de «mu­danças». Al­guns estão de ser­viço à en­ce­nação do CDS-PP de que a «co­li­gação acabou» e só há Go­verno até ao OE. Há os pa­jens do ca­va­quismo que querem o poder «tec­no­crá­tico» do PR. Há os opor­tu­nistas do BE (e ou­tros) que visam parar a luta or­ga­ni­zada, fazer «pontes» para bran­quear o PS e, «em nome da es­querda», ne­go­ciar com Se­guro. E há Mário So­ares e Se­guro que querem que o PS não se en­volva (mais) no Go­verno e que uma pos­sível «so­lução pre­si­den­cial» lhes fa­ci­lite o «po­leiro» no fu­turo. No fundo, todos querem «mudar al­guma coisa para que tudo fique na mesma», mais fe­de­ra­lismo, euro e pacto de agressão.

Agora res­surgiu a tese de que afinal «o Go­verno está vivo» (em­bora a pre­cisar de re­mendos). Ga­rantem-no Passos Co­elho, Relvas e também (de longe) Re­belo de Sousa e certos ba­rões do PSD. Querem «unir as tropas», dar força ao Relvas e que­jandos e pros­se­guir, sem «he­si­ta­ções ou de­sis­tên­cias», o sa­grado ca­minho das troikas para fe­li­ci­dade dos «mer­cados» e cas­tigo exem­plar deste povo «pi­egas», que «vive há dé­cadas acima das suas pos­si­bi­li­dades».

Mas a ver­dade é que o Go­verno é um «morto-vivo». Per­tence ao pas­sado, está ba­tido e iso­lado pela luta de massas e urge a sua saída e a der­rota desta po­lí­tica. Só ainda go­verna porque manda «a von­tade que o ata ao leme» – os in­te­resses do ca­pital fi­nan­ceiro, das troikas, do saque e do de­sastre do País.

A luta de massas aca­bará por de­cidir. Num da­queles dias que «con­cen­tram vinte anos», es­crever-se-á o epi­táfio – Está «ra­di­cal­mente» morto e en­ter­rado «bem fundo» este Go­verno e a po­lí­tica de di­reita.



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