À medida que se aproxima o dia da greve geral, as organizações do Partido intensificam o esclarecimento e a mobilização dos trabalhadores nas empresas e locais de trabalho.
Através de comunicados das suas células de empresa ou de sectores profissionais, o PCP faz a sua parte na construção da greve geral, chamando a atenção dos trabalhadores para as razões que justificam a realização desta que será certamente uma grande jornada de luta.
Num comunicado da célula da NAV, o Partido apresenta precisamente estas acrescidas razões: contra a privatização da ANA e da TAP; contra a imposição do Céu Único; contra o roubo nos salários; contra o assalto fiscal. Na Europa, sustenta o Partido, as «grandes multinacionais do sector aéreo continuam a manobrar, com o apoio dos deputados e governantes do PS, PSD e CDS, que se encontram ajoelhados a seus pés». O seu objectivo é, garante a célula, impor o chamado Céu Único, que corresponderia a liquidar a soberania do País sobre o seu espaço aéreo e à «destruição, total ou parcial, da NAV».
Exagero? Não. Em discussão no Parlamento Europeu está, revela o PCP, um relatório que se propõe acelerar a implementação do Céu Único, e que não esconde sequer os seus objectivos de fundo: redução dos custos para as transportadoras, liquidação das soberanias nacionais, redução do preço da força de trabalho no controlo e privatização das empresas de controlo». Numa frase particularmente reveladora desse relatório propõe-se que os controladores sejam «uma força de trabalho menos estática e estejam em melhores condições de vender os seus talentos de forma mais abrangente». A célula alerta ainda para o facto de, num momento em que o Governo se prepara para concretizar a privatização da TAP e da ANA, o passo seguinte ser a liquidação da NAV.
Privatização com contornos «macabros»
Já a célula do PCP na ANA chama a atenção para os «novos e macabros contornos» que assume o processo de privatização da empresa, entre os quais se destacam os «malabarismos orçamentais com que o Governo se prepara para disfarçar na dívida da ANA uma parte do défice público de 2012». Não sendo, no essencial, nada de novo (pois os governos anteriores também o fizeram), o Partido realça o processo «simples» e muito «esperto»: «o Governo vende à ANA a concessão que já detém; a ANA pede um empréstimo para pagar essa concessão; o Governo pega nessa verba emprestada à ANA para reduzir o défice.» O défice e a dívida são, assim, transferidos para a empresa...
Mas esta «operação cosmética apressada» tem outro lado negro, sustenta o PCP: «é que agora está-se a escrever à pressa, a assinar às escuras e a impor sem ninguém discutir seriamente o contrato de concessão que amanhã querem vender a pataco aos grupos económicos». Basta pensar, acrescenta-se, «nos milhões de lucros anuais da ANA, nos larguíssimos milhões de euros de investimento público que a ANA hoje realiza anualmente ao serviço do Estado português e nas possibilidades de imposição abusiva de taxas e tarifas que daria a posição monopolista na ANA para se perceber que são de muitos milhares de milhões de euros o buraco que o actual Governo está a cavar às futuras gerações». Para o PCP, está-se perante um crime perpetrado contra o País.
Vimeca e Barraqueiro
Em dois comunicados, dirigidos aos trabalhadores da Vimeca e das várias empresas do grupo Barraqueiro, o Sector dos Transportes de Lisboa do PCP realça as razões específicas que justificam a adesão massiva destes trabalhadores à greve geral de 14 de Novembro.
Valorizando a «assinalável resistência» oposta pelos trabalhadores do sector ao brutal aumento da exploração que os patrões tentaram levar por diante na sequência da entrada em vigor das alterações ao Código do Trabalho (nas quais se destacam as travadas em empresas como a Rodoviária de Lisboa, Rodoviária do Alentejo, Rodoviária do Tejo e da Scotturb), o Partido lembra que a lei permite uma série de retrocessos «mas não os impõe». Os patrões do sector, acrescenta-se, falam da crise «como razão para baixar os salários, mas continuam a comprar empresas e distribuir dividendos com o que arrancam ao nosso suor». Assim, aderindo à greve geral, os trabalhadores enviarão uma «poderosa mensagem ao patrão: basta de exploração, basta de imposições e roubos, viva a negociação colectiva».