Pelos direitos contratados
Greves, plenários, concentrações, resistência a serviços mínimos abusivos e até a cargas policiais demonstram o descontentamento dos trabalhadores de grandes transportadoras privadas e também a sua unidade e determinação na luta.
A próxima paragem é na greve geral
Em todas as empresas ocorrem tentativas de imposição de cortes no valor do trabalho suplementar e em dias feriados, porque as administrações pretendem aproveitar a alteração do Código do Trabalho para deixarem de cumprir a contratação colectiva (contratos colectivos e acordos de empresa), livremente negociada.
Na luta dos trabalhadores da Rodoviária do Tejo e da Ribatejana (entre outras na órbita da Barraqueiro Transportes), destacaram-se as greves de 24 horas, nos dias 26 e 29 de Outubro. De 30 de Outubro a 2 de Novembro, a paralisação abrangeu o período entre as três e as 10 horas. Por parte das administrações e também dos ministérios da Economia e Emprego e da Educação e Ciência, houve pressões para desmobilizar a luta, inclusive através da declaração de serviços mínimos, a pretexto de garantir o transporte de alunos, mas que abrangeriam 60 por cento dos motoristas, segundo declarações da empresa, citadas num comunicado conjunto da Fectrans/CGTP-IN e do Sitra/UGT. A maioria dos trabalhadores recusou essas pressões e a adesão foi quase total, como se referia num comunicado da Fectrans, dia 29. A federação salientou que, com esta resposta, foi também defendido o próprio direito à greve, o que vai ser importante na continuação da luta.
Perante uma elevada adesão à greve, que a Fectrans situou acima dos 85 por cento – havendo mais trabalhadores a paralisar e menos autocarros a circular do que na greve de 3 de Outubro – a administração da Scotturb chamou a GNR, na madrugada de 31 de Outubro. A força policial foi usada contra o piquete de greve, chegando a ocorrer actos de agressão, testemunhados à agência Lusa por dois dirigentes sindicais do STRUP e da Fectrans.
Os trabalhadores exigem a negociação do acordo de empresa e de um caderno reivindicativo e rejeitam a redução do valor do trabalho suplementar. Querem ainda o arquivamento de processos disciplinares, designadamente o que visa despedir um trabalhador que fez greve no dia 3 de Outubro.
Junto dos trabalhadores esteve o vereador do PCP na CM de Sintra (concelho que, tal como Cascais e Oeiras, é servido pela Scotturb). A CDU emitiu uma nota a repudiar a carga policial e a informar que vai acompanhar a situação e levar o problema aos órgãos autárquicos.
A Fectrans denunciou este caso, como mais um em que a força policial é usada para defender quem está a infringir a lei. Uma situação semelhante tinha ocorrido, no noite de 24 de Outubro, na Vimeca. Dirigentes do STRUP foram impedidos pelo chefe de movimento de seguir para a sala onde iria realizar-se um plenário. Nesta manobra, a empresa teve o pronto apoio de um polícia da «escola segura», que atendeu a ordens da administração para que os dirigentes sindicais saíssem das instalações, e a PSP chegou a deslocar para o local dez agentes.
Num comunicado distribuído esta segunda-feira aos trabalhadores da Vimeca e da Scotturb (empresas que têm Fernando César Leal Ramos como gerente comum), a Fectrans apela a uma forte participação na greve geral, dia 14, como uma luta «dois em um», para responder à ofensiva dos patrões e à ofensiva do Governo.
Ferroviários firmes
O SNTSF saudou a grande adesão à greve, no feriado de 1 de Novembro, na EMEF, na CP Carga, na Refer e na CP, e anunciou que apresentou pré-avisos de greve ao trabalho suplementar para todo este mês. «Continuamos firmes na luta contra o roubo que está a ser feito a todos os ferroviários e lutamos em defesa dos direitos e da contratação colectiva», declara o sindicato, da Fectrans/CGTP-IN, num comunicado em que apela ao reforço da determinação, da unidade e da luta, no dia da greve geral.