O sentimento de êxito era já quase palpável no amanhecer do Porto. Quando os primeiros raios de sol incidiam sobre os piquetes de greve, espalhados do centro à periferia do distrito, já se percebia que esta greve geral seria memorável. Em boa medida, tal impressão decorria da adesão impressionante dos trabalhadores dos transportes públicos.
Na STCP registava-se um resultado impressionante: a paralisação total da rede da madrugada – um sucesso que se repetiu no turno da manhã –, proporcionando uma visão invulgar para quem habita naquela cidade. Nem um único autocarro da STCP circulava pelas ruas.
Na CP também se cumpriram as melhores expectativas, dada a paralisação total das linhas suburbanas do Porto: nenhum comboio com partida do distrito saiu da estação.
Quer na CP, quer na STCP, ficaram malogradas as manobras de limitação da greve, utilizando os famigerados «serviços mínimos», graças à fortíssima participação nos piquetes. No caso da STCP, estes tiveram de, em mais do que uma situação, lidar com a acção «musculada» da Polícia.
Na Metro do Porto registaram-se logo fortes condicionamentos à circulação, ficando a rede sem ligação aos concelhos de Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Gondomar e Maia e ao centro de Matosinhos.
No Aeroporto de Sá Carneiro verificava-se o cancelamento de dezenas de voos. Os técnicos de manutenção de aeronaves e os trabalhadores da Portway aderiram a cem por cento.
Com o passar do tempo foram chegando mais resultados da greve – que, até à hora de fecho da edição continuavam a chegar – e que confirmavam a impressão inicial. Por exemplo: cantinas escolares e de hospitais, com adesões de 100 por cento; escolas encerradas; serviços dos CTT com adesões médias na ordem dos 80 por cento; serviços municipais encerrados, incluindo o Gabinete do Munícipe da CM do Porto; forte adesão à greve nos hospitais, vários deles funcionando apenas com serviços mínimos, e nos centros de saúde; no sector metalúrgico, destacando-se as adesões de 80 por cento na Sakthi, de 70 por cento na Groz Beckert e de 95 por cento na Camo; 80 por cento de adesão na Brisa e na Ascendi, 60 por cento na auto-estrada Norte Litoral; uma adesão de 50 por cento, na recolha do lixo na CM de Gondomar; onze juntas de freguesias encerradas; encerradas igualmente as piscinas municipais de Penafiel; na RTP fez greve a equipa de reportagem do turno da noite; em dezenas de empresas da construção civil registou-se elevada adesão.
No distrito do Porto esta foi, sem dúvida, uma grande greve geral. A manifestação, durante a tarde, que reuniu milhares de pessoas na Praça da Liberdade, deu-lhe a devida expressão e afirmou a determinação de manter a mobilização e a luta.