LUTAR SEMPRE

«A greve geral con­firmou a exis­tência de con­di­ções para dar à luta a con­ti­nui­dade que a si­tu­ação exige»

Pros­segue, com cada vez maior sel­va­jaria, a ofen­siva ter­ro­rista do go­verno de Is­rael contra a po­pu­lação pa­les­tina da Faixa de Gaza. Trata-se de um crime brutal, de um mas­sacre he­di­ondo que já matou ou feriu mi­lhares de ho­mens, mu­lheres e cri­anças ino­centes. E, não obs­tante o «cessar fogo ime­diato» exi­gido pela ONU, não só não se vis­lumbra da parte de Is­rael qual­quer sinal de aca­ta­mento dessa exi­gência como se pre­fi­gura no ho­ri­zonte a ameaça de uma in­vasão ter­restre – ameaça tanto mais pe­ri­gosa quanto, como era ex­pec­tável, conta com o apoio do go­verno dos EUA.

Com efeito, ques­ti­o­nado sobre a ma­téria, o pre­si­dente Ba­rack Obama, ga­rantiu que não vai pedir a Is­rael para sus­pender uma even­tual in­vasão ter­restre porque, diz ele, o go­verno is­ra­e­lita tem o di­reito de tomar as de­ci­sões que en­tender re­la­ti­va­mente à sua se­gu­rança

Outra ati­tude não seria de es­perar de um de­mo­crata made in USA – ainda por cima Prémio Nobel da Paz… – cuja car­reira pre­si­den­cial se tem tra­du­zido numa série in­ter­mi­nável de crimes contra a hu­ma­ni­dade, sempre vi­sando al­cançar o ob­jec­tivo su­premo de do­mínio do pla­neta pelo im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano. Outra coisa não seria de es­perar do pre­si­dente de um país que é o maior centro de ter­ro­rismo do pla­neta.

A gra­vi­dade da si­tu­ação co­loca aos de­mo­cratas por­tu­guesas, aos ho­mens, mu­lheres e jo­vens pro­gres­sistas, a ta­refa in­con­tor­nável do de­sen­vol­vi­mento de am­plas ac­ções de so­li­da­ri­e­dade com o he­róico povo pa­les­tino – ac­ções como as que já foram anun­ci­adas, no­me­a­da­mente a con­cen­tração con­vo­cada pelo CPPC para hoje, frente à em­bai­xada de Is­rael, e a sessão a re­a­lizar na pró­xima quinta-feira, dia 29, na Casa do Alen­tejo, pro­mo­vida pelo MPPM.

A uma se­mana do XIX Con­gresso – e após o cum­pri­mento das três fases pre­pa­ra­tó­rias ini­ci­adas no prin­cípio do ano – são muitas as ra­zões para o co­lec­tivo par­ti­dário co­mu­nista se sentir sa­tis­feito com a forma como levou a cabo esta ta­refa que lhe es­tava con­fiada. A in­tensa e ampla par­ti­ci­pação dos mi­li­tantes nos de­bates em torno dos do­cu­mentos es­sen­ciais do Con­gresso, tra­du­zida no envio de um nú­mero con­si­de­rável de pro­postas vi­sando me­lhorar e en­ri­quecer os re­fe­ridos do­cu­mentos, es­pelha bem o sen­tido de res­pon­sa­bi­li­dade dos mi­li­tantes co­mu­nistas, a cons­ci­ência as­su­mida da im­por­tância de­ci­siva da sua in­ter­venção no sen­tido de fazer do XIX Con­gresso um mo­mento alto da vida do Par­tido, um tempo de ba­lanço e de pers­pec­tivas de tra­balho fu­turo, um tempo de de­fi­nição co­lec­tiva de ori­en­ta­ções e li­nhas de acção e de res­posta às grandes ques­tões da si­tu­ação na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal, sempre tendo pre­sente o pri­meiro e o maior de todos os ob­jec­tivos: o re­forço do Par­tido. Um ob­jec­tivo que sendo pre­o­cu­pação de todas as or­ga­ni­za­ções e mi­li­tantes em todos os mo­mentos e si­tu­a­ções, emerge, na­tu­ral­mente, de forma des­ta­cada, em tempo de pre­pa­ração e re­a­li­zação da reu­nião do órgão su­premo do Par­tido.

Na ver­dade, re­forçar o Par­tido nos planos or­gâ­nico, in­ter­ven­tivo, ide­o­ló­gico, fi­nan­ceiro cons­titui um ob­jec­tivo pri­mor­dial e é no Con­gresso que se si­tuam o es­paço e o tempo ade­quados para o al­cançar – de­fi­nindo co­lec­ti­va­mente as me­didas que, co­lec­ti­va­mente apli­cadas, virão a tra­duzir-se no re­forço ne­ces­sário.

Dentro de uma se­mana lá es­ta­remos, em Al­mada, no XIX Con­gresso do qual sai­remos mais fortes e me­lhor pre­pa­rados para dar a con­ti­nui­dade exi­gida à in­tensa in­ter­venção do Par­tido e cri­ando as con­di­ções ne­ces­sá­rias para en­ri­que­cermos o in­dis­pen­sável con­tri­buto dos co­mu­nistas vi­sando o de­sen­vol­vi­mento, in­ten­si­fi­cação e alar­ga­mento da luta das massas tra­ba­lha­doras e po­pu­lares.

E bem pre­ciso é que a luta pros­siga e cresça, pois é nela que está a chave capaz de abrir o ca­minho a uma po­lí­tica al­ter­na­tiva e a uma al­ter­na­tiva po­lí­tica que po­nham termo ao pacto e à po­lí­tica das troikas e ao Go­verno que a aplica.

A greve geral do pas­sado dia 14 con­firmou, de forma inequí­voca, a exis­tência de con­di­ções para dar à luta a con­ti­nui­dade que a si­tu­ação exige. Para além de cons­ti­tuir uma po­de­rosa de­mons­tração da força or­ga­ni­zada dos tra­ba­lha­dores e uma das mai­ores jor­nadas de luta re­a­li­zadas no nosso País, ela teve ainda uma im­pres­si­o­nante ex­pressão de rua nas di­versas ma­ni­fes­ta­ções e con­cen­tra­ções re­a­li­zadas por todo o País.

Este êxito é tanto mais as­si­na­lável quanto, como é sa­bido, a greve geral foi er­guida su­pe­rando inú­meros obs­tá­culos, num quadro so­cial ca­rac­te­ri­zado por um de­sem­prego e uma pre­ca­ri­e­dade que atingem mi­lhões de tra­ba­lha­dores, so­frendo na pele ter­rí­veis con­di­ções de vida – e ainda pelas ha­bi­tuais ame­aças e chan­ta­gens exer­cidas sobre os tra­ba­lha­dores, em frontal des­res­peito pela Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa.

To­davia, e como de cos­tume, a greve geral foi tra­tada pelos ór­gãos da co­mu­ni­cação so­cial do­mi­nante como se não ti­vesse acon­te­cido – ou, pior do que isso, quase como se se tra­tasse de uma acção con­de­nável....

Desta vez, a pre­texto dos de­sa­catos le­vados a cabo em Lisboa, após a ma­ni­fes­tação da CGTP-IN, por um pe­queno grupo de pro­vo­ca­dores – cons­ci­entes ou in­cons­ci­entes, mas ob­jec­ti­va­mente pro­vo­ca­dores – os media do grande ca­pital e os seus co­men­ta­dores & ana­listas não se pou­param a es­forços no sen­tido de, des­vi­ando as aten­ções da greve geral e do seu no­tável êxito, trans­for­marem esses de­sa­catos na grande no­tícia do dia.

Em vá­rios dos es­critos ver­tidos por esses mer­ce­ná­rios da es­crita as­somam si­nais de ame­aças à luta or­ga­ni­zada dos tra­ba­lha­dores e às or­ga­ni­za­ções de massas – e não só...

Ame­aças que exigem ex­trema atenção, mas que mos­tram bem o medo que a luta or­ga­ni­zada pro­voca ao grande ca­pital. O que só con­firma que a luta é o ca­minho.