Lisboa acolhe o descontentamento dos estudantes

Superior em luta

Mais de um mi­lhar de es­tu­dantes do En­sino Su­pe­rior de todo o País ma­ni­fes­taram-se, quinta-feira, em Lisboa, contra os cortes no Or­ça­mento do Es­tado para o sector, apro­vado an­te­ontem pelo PSD e CDS.

Or­ça­mento do Es­tado foi chum­bado pelos es­tu­dantes

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O pro­testo que con­sistiu numa marcha entre o Marquês de Pombal e a As­sem­bleia da Re­pú­blica, sempre acom­pa­nhada por um forte apa­rato po­li­cial foi or­ga­ni­zado pelas as­so­ci­a­ções de es­tu­dantes do ISCTE Ins­ti­tuto Uni­ver­si­tário de Lisboa, da Fa­cul­dade de Le­tras da Uni­ver­si­dade de Lisboa, da Fa­cul­dade de Ci­ên­cias So­ciais e Hu­manas da Uni­ver­si­dade Nova de Lisboa e do Ins­ti­tuto de Ge­o­grafia e Or­de­na­mento do Ter­ri­tório. A estas jun­taram-se as as­so­ci­a­ções de es­tu­dantes da Es­cola Su­pe­rior de Mú­sica, Artes e Es­pec­tá­culo do Porto e da Es­cola Su­pe­rior de Te­atro e Ci­nema de Lisboa, e os alunos da Uni­ver­si­dade do Minho e Trás-os-Montes, e da Es­cola Su­pe­rior de Artes e De­sign das Caldas da Rainha.

No final foi en­tregue, às co­mis­sões par­la­men­tares, um ma­ni­festo, subs­crito por 15 as­so­ci­a­ções de es­tu­dantes, onde se de­clara que «os custos do En­sino Su­pe­rior são in­com­por­tá­veis para os es­tu­dantes e para as suas fa­mí­lias», es­ti­mando-se um gasto de 5841 euros no ano lec­tivo de 2010/​2011 por cada fa­mília com fi­lhos no En­sino Su­pe­rior.

Esta acção contou com a pre­sença de Rita Rato, de­pu­tada do PCP, que cri­ticou os cortes e as me­didas pre­vistas no Or­ça­mento do Es­tado para 2013, que fazem re­cear «en­cer­ra­mentos de cursos, de ins­ti­tui­ções e des­pe­di­mentos», ti­rando do sis­tema «quem não tem mil euros para pagar as pro­pinas».

De­fender o en­sino

A JCP ma­ni­festou, no mesmo dia, a sua so­li­da­ri­e­dade com a luta dos es­tu­dantes que «dei­xaram bem clara a ne­ces­si­dade de de­fender o En­sino Pú­blico Su­pe­rior, exi­gindo o fim de todas as po­lí­ticas que co­lo­quem em causa a sua uni­ver­sa­li­dade, gra­tui­ti­dade, de­mo­cracia e qua­li­dade». «O Or­ça­mento do Es­tado para 2013 foi chum­bado pelos es­tu­dantes», sa­li­en­taram, em nota de im­prensa, os jo­vens co­mu­nistas, que exigem «o fim das pro­pinas, a re­po­sição do passe es­colar para todos os es­tu­dantes, um fi­nan­ci­a­mento efec­tivo para as ins­ti­tui­ções, assim como mais e me­lhor acção so­cial es­colar».

Por seu lado a Eco­lo­jovem, a ju­ven­tude do Par­tido Eco­lo­gista «Os Verdes», que também ma­ni­festou «o seu total apoio e so­li­da­ri­e­dade para com os es­tu­dantes que rei­vin­dicam reais po­lí­ticas de in­ves­ti­mento no En­sino Su­pe­rior e um sis­tema mais justo e de­mo­crá­tico», con­denou o au­mento do «nu­mero de alunos com em­prés­timos ban­cá­rios para es­tudar, ini­ci­ando a vida pro­fis­si­onal com um grande en­cargo fi­nan­ceiro pe­rante a banca, o que fa­vo­rece apenas os seus in­te­resses co­mer­ciais, à custa do en­di­vi­da­mento das fa­mí­lias mais des­fa­vo­re­cidas».

Também o Sin­di­cato dos Pro­fes­sores do Norte está in­dig­nado com as po­lí­ticas para o En­sino Su­pe­rior que afectam a co­mu­ni­dade aca­dé­mica. «O Es­tado está a ig­norar o papel es­tra­té­gico do En­sino Su­pe­rior no de­sen­vol­vi­mento do País e a de­mitir-se de cum­prir os ob­jec­tivos que Por­tugal as­sumiu no âm­bito da qua­li­fi­cação da po­pu­lação», re­fere o Sin­di­cato.


Es­tu­dantes não vão baixar os braços

O dia 22 ficou ainda mar­cado por di­versas ac­ções de luta dos es­tu­dantes do En­sino Bá­sico e Se­cun­dário. Em Évora, junto à porta das es­colas André de Gou­veia e Ga­briel Pe­reira, teve lugar um «apitão» de pro­testo contra o grave mo­mento que o en­sino atra­vessa. «A luta vai con­ti­nuar e não bai­xa­remos os braços en­quanto os cortes no en­sino e o acesso a este es­ti­verem em causa, porque sa­bemos que temos di­reito a uma es­cola pú­blica, gra­tuita, de qua­li­dade e de­mo­crá­tica para todos, e que só com a luta or­ga­ni­zada iremos con­se­guir», acen­tuam os es­tu­dantes.

Em Se­túbal foram en­tre­gues na Câ­mara Mu­ni­cipal cerca de duas mil as­si­na­turas contra as «con­sequên­cias gra­vosas» con­tidas no Or­ça­mento do Es­tado para 2013. «Que­remos ma­nuais gra­tuitos e me­lhores con­di­ções de vida. O di­nheiro que cortam nos sa­lá­rios das nossas fa­mí­lias leva a que muitos es­tu­dantes hoje passem fome e não te­nham di­nheiro para ma­te­riais», de­nuncia o Pro­jecto D – Di­na­miza a D. João II.

No mesmo dia, em Coimbra, os es­tu­dantes da D. Du­arte re­a­li­zaram uma pin­tura de faixa, de modo a di­vulgar o abaixo-as­si­nado contra o Or­ça­mento do Es­tado (OE) que está a ser re­co­lhido a nível na­ci­onal pelos es­tu­dantes do En­sino Se­cun­dário. «Mais um OE e a mesma his­tória re­pete-se: para os bancos é só mi­lhões, para nós so­bram os bru­tais cortes na edu­cação e o roubo nos sa­lá­rios dos nossos pais, que vão agravar em muito os pro­blemas que já en­fren­tamos», con­denam os es­tu­dantes.



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