Libertar a Europa da prostituição

Mais de 200 or­ga­ni­za­ções de de­fesa dos di­reitos das mu­lheres, oriundas de 29 países, reu­niram-se no Par­la­mento Eu­ropeu, em Bru­xelas, no pas­sado dia 4, numa Con­fe­rência Eu­ro­peia or­ga­ni­zada pelo Lobbie Eu­ropeu de Mu­lheres. O ob­jec­tivo foi ava­liar as con­sequên­cias de dez anos de im­ple­men­tação de po­lí­ticas sobre pros­ti­tuição, par­tindo de duas ex­pe­ri­ên­cias di­a­me­tral­mente opostas: a ho­lan­desa e a sueca.

Por­tugal es­teve re­pre­sen­tado pelo Mo­vi­mento De­mo­crá­tico de Mu­lheres e pela Pla­ta­forma Por­tu­guesa para os Di­reitos das Mu­lheres. A eu­ro­de­pu­tada do PCP, Inês Zuber, in­ter­veio como ora­dora no de­bate.

Na Suécia, a pros­ti­tuição é, desde 1999, ofi­ci­al­mente re­co­nhe­cida como uma forma de ex­plo­ração e como um im­por­tante pro­blema so­cial a ser com­ba­tido. Assim, a le­gis­lação trata a pros­ti­tuição como uma vi­o­lência contra as mu­lheres e cri­anças. Os cli­entes e os pro­xe­netas são cri­mi­na­li­zados. As pes­soas pros­ti­tuídas, na sua mai­oria do sexo fe­mi­nino, são tra­tadas como ví­timas às quais é ofe­re­cida ajuda, e o pú­blico é edu­cado a fim de al­terar pre­con­ceitos an­ces­trais.

Já na Ho­landa, onde a pros­ti­tuição foi le­ga­li­zada em 2000, tem-se as­sis­tido a um au­mento dra­má­tico do fe­nó­meno; de todas as fa­cetas da in­dús­tria do sexo, bem como da par­ti­ci­pação do crime or­ga­ni­zado, da pros­ti­tuição in­fantil, da ex­plosão do nú­mero de mu­lheres e ra­pa­rigas es­tran­geiras tra­fi­cadas para a re­gião, de in­dí­cios alar­mantes de vi­o­lência contra as mu­lheres.

De acordo com os re­la­tó­rios apre­sen­tados, na so­ci­e­dade ho­lan­desa ob­serva-se o total des­con­trolo da si­tu­ação, sa­li­en­tando a ne­ces­si­dade da mu­dança de pers­pec­tivas, en­quanto que na Suécia se as­siste a um pro­cesso in­verso, com re­dução sig­ni­fi­ca­tiva da pros­ti­tuição.

É neste quadro que se lança o «Apelo de Bru­xelas», do­cu­mento que su­blinha que a pros­ti­tuição é uma forma de vi­o­lência, um obs­tá­culo à igual­dade, uma vi­o­lação da dig­ni­dade e dos di­reitos hu­manos.

Nele estão con­tidas seis re­co­men­da­ções aos es­tados membro da UE, vi­sando al­cançar uma Eu­ropa livre da pros­ti­tuição: a su­pressão das me­didas re­pres­sivas contra as pes­soas pros­ti­tuídas; a cri­mi­na­li­zação de todas as formas de pro­cura; o de­sen­vol­vi­mento de al­ter­na­tivas reais e pro­gramas de saída da pros­ti­tuição; a proi­bição de compra de um acto se­xual; a im­ple­men­tação de po­lí­ticas de pre­venção e edu­cação para pro­mover a igual­dade e a se­xu­a­li­dade po­si­tiva; e o de­sen­vol­vi­mento de po­lí­ticas de pre­venção nos países de origem das pes­soas pros­ti­tuídas.



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