Nenhum Governo tem o direito de alienar uma das mais importantes empresas e infraestruturas do País, afirma-se numa nota divulgada pelo Gabinete de Imprensa do PCP, no dia em que o Conselho de Ministros tomou a decisão de vender 95 por cento do Grupo ANA à multinacional francesa Vinci.
Tal decisão «só faz crescer a necessidade e urgência de libertar Portugal deste Governo, desta política e do pacto de agressão que PS, PSD e CDS assumiram com a União Europeia, o BCE e o FMI». No dia 27 de Dezembro, o Partido destacou, como questão central, que «a luta contra esta criminosa privatização vai prosseguir, contando com a activa participação dos trabalhadores da ANA, da Portway e da ANAM, cujas empresas seriam privatizadas com a decisão hoje anunciada, mas contando igualmente com a luta dos trabalhadores de todo o sector aéreo nacional, cuja viabilidade fica ameaçada, e contando ainda com a luta de um vasto e consequente conjunto de patriotas portugueses, que não reconhecem a nenhum Governo legitimidade para privatizar e destruir uma das mais importantes empresas do País e de entregar à lógica do lucro privado uma das mais estratégicas infraestruturas nacionais».
Dias antes, tinha ficado «exposta, perante o País, a estratégia deste Governo de destruição daquilo que resta do sector empresarial do Estado, estratégia que quase empurrou a TAP para o lixo». Agora, «exigia-se que, em nome da defesa do sector aéreo, da modernização do País e da defesa do aparelho produtivo nacional, em nome dos milhares de trabalhadores nele envolvidos e da independência e soberania nacionais, se arrepiasse caminho, interrompendo o processo de privatizações».
O Partido recorda que «a privatização da ANA – e o seu contrato de concessão – cujo processo se iniciou há largos anos, contou com a colaboração de sucessivos governos e afronta os interesses dos trabalhadores da ANA, do povo português e do País». Desde já, afirma-se que, «a ir por diante este processo, a vida irá impor, a um futuro Governo patriótico e de esquerda, a necessidade de reverter esta empresa ao sector público e ao País».
Deve-se «impedir a concretização da privatização da ANA», entende o PCP, apelando ao reforço da luta com esse objectivo. O Partido reafirma que «o País precisa de outra política e de outro Governo» e precisa de «outra política também no sector aéreo, assente no seu carácter público, no respeito pelos direitos e valorização dos seus trabalhadores, na sua ligação ao desenvolvimento do aparelho produtivo e da economia nacional, no seu papel de instrumento de afirmação e defesa da soberania e do futuro do País».
«Essa outra política torna cada vez mais urgente a necessidade de uma ruptura na vida política nacional», «é esse o compromisso do PCP» e «é por aí que cada vez mais portugueses desenvolverão o seu justo direito à indignação, ao protesto e à luta».
Mais cinco observações
Para o PCP, importa ainda deixar claras algumas questões relativas a este processo.
1. A privatização da ANA, no quadro do pacto de agressão, significa que, a troco de um empréstimo, o País não só ficou carregado de dívida como entregou aos usurários fontes de rendimento extra.