- Nº 2044 (2013/01/31)
Multinacionais abandonam a Bélgica

Terra queimada

Europa

Depois do encerramento da Opel na Antuérpia e do fim da Ford em Genk previsto para o próximo ano, o gigante do aço ArcelorMittal anunciou, dia 24, a intenção de encerrar parte da siderurgia de Liège. 

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A decisão implica a desactivação de um alto-forno e de seis linhas de produção. Em causa estão 1300 postos de trabalho que se somam aos mais de 790 perdidos em 2011 na sequência de outra reestruturação na mesma unidade.

O anúncio apanhou de surpresa os sindicatos, tanto mais que no final de Novembro, depois de semanas de protestos, haviam chegado a acordo com a direcção, que se comprometeu a investir 138 milhões de euros na siderurgia de Liège, então declarada «estratégica» para o grupo.

Face à mudança de intenções, os sindicatos convocaram uma greve em todas as unidades belgas e afirmam-se dispostos a lutar contra o encerramento de parte da produção e o despedimento de cerca de metade dos 2700 trabalhadores que laboram na unidade de Liège, situada no Sul da Bélgica.

Do governo, os sindicatos exigem medidas firmes para evitar a destruição do sector siderúrgico no país, e não hesitam em defender a sua nacionalização.

O primeiro-ministro belga, Elio Di Rupo, que participava no Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça, declarou o seu apoio aos operários da ArcelorMittal, comprometendo-se a transmitir ao grupo «a incompreensão das autoridades belgas», mas nada disse sobre a possibilidade de nacionalização.

Por seu lado, a multinacional controlada pelo magnata de origem indiana, Lakshmi Mittal, desculpa-se com a redução da procura de aço na Europa, que caiu entre oito e nove por cento em 2012, e cerca de 29 por cento em comparação com o período anterior à crise.

Em comunicado, o grupo afirma que a unidade de Liège teve um prejuízo de 200 milhões de euros entre Janeiro e Setembro do ano passado, não prevendo qualquer evolução positiva do mercado.

Recorde-se que em Outubro de 2011 tinham sido encerrados dois altos-fornos em Liège. Nos últimos anos, o grupo despediu cerca de 70 mil operários nas suas unidades na Europa.

«Não há alternativa. Com a ArcelorMittal estamos mortos». «É preciso que as autoridade expropriem a Mittal», declarou Egedio di Pansilo, dirigente do sindicato FGTB.