Porto, 1972

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A acção de dia 24 no Porto trouxe à me­mória uma outra ma­ni­fes­tação, re­a­li­zada há quase 40 anos na mesma ci­dade e com al­gumas rei­vin­di­ca­ções si­mi­lares, igual­mente pro­mo­vida pelo PCP. Es­tava-se a 15 de Abril de 1972 quando 40 mil pes­soas se ma­ni­fes­taram em pro­testo contra a ca­restia de vida e re­cla­mando au­mentos sa­la­riais que lhe fi­zessem face.

No texto prin­cipal do Avante! de Maio desse ano fala-se de uma «gran­diosa ma­ni­fes­tação», que de­sa­fiou e venceu a re­pressão e a in­ti­mi­dação fas­cistas. Conta-se nesse ar­tigo que, antes da ma­ni­fes­tação, «os ra­feiros da PIDE e da PSP pro­cu­raram afa­no­sa­mente deitar a mão aos seus or­ga­ni­za­dores, na vés­pera re­a­li­zaram uma série de pri­sões pre­ven­tivas e no dia da ma­ni­fes­tação po­de­rosas forças re­pres­sivas foram postas na rua com o ob­jec­tivo de a im­pedir. Desvio do trân­sito, im­pe­di­mento de parar nas ruas da baixa, ame­aças de prisão e em­pur­rões vi­o­lentos às pes­soas que cir­cu­lavam, tudo em vão». «Co­ra­jo­sa­mente» – pros­segue o Avante! – «a mul­tidão ia en­gros­sando cada vez mais, todos sen­tiam que era pre­ciso fazer qual­quer coisa, pro­testar contra a vida cara e as suas causas». Foi ainda ar­vo­rada a ban­deira na­ci­onal, «lan­çadas ao ar mi­lhares de tar­jetas e le­van­tados car­tazes com as pa­la­vras de ordem para a man­fes­tação».

No ar­tigo lê-se ainda que contra este pro­testo pa­cí­fico, o go­verno fas­cista de Mar­celo Ca­e­tano lançou as «forças da PIDE, PSP, GNR e Le­gião, far­dados e à pai­sana, com cães po­lí­cias, cas­se­tetes e ma­tracas de aço, além de armas de fogo». Apesar da co­ra­josa e com­ba­tiva res­posta dos ma­ni­fes­tantes, muitos fi­caram fe­ridos e vá­rios foram presos e le­vados para a prisão da PIDE do Porto.

Ana­li­sando o êxito da jor­nada, o Avante! va­lo­ri­zava o papel de­sem­pe­nhado pelo imenso tra­balho de agi­tação re­a­li­zado ao longo de mais de dois meses: «A Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do Norte do PCP não se li­mitou a agitar o pro­blema na vida cara, in­dicou também as suas causas – a guerra co­lo­nial, a in­ca­pa­ci­dade da pro­dução na­ci­onal sa­tis­fazer a pro­cura, o en­ri­que­ci­mento ace­le­rado dos mo­no­po­listas sem pá­tria, etc.» O nú­mero de exem­plares dis­tri­buídos, o seu con­teúdo «es­cla­re­cedor e mo­bi­li­zador» e a «forma efi­ci­en­tís­sima, por vezes es­pec­ta­cular como foi dis­tri­buída», fi­zeram da agi­tação e pro­pa­ganda em torno da ma­ni­fes­tação um factor de «en­tu­si­asmo e con­fi­ança nas massas po­pu­lares da re­gião do Porto». 



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